quarta-feira, 11 de novembro de 2015

UMA ENTRE VÁRIAS RESPOSTAS


Quem chega vindo do parque de estacionamento encontrará alguns edifícios envoltos em espaços arborizados e ajardinados. Jardineiros e faxineiras de uniforme  bege mantém o espaço físico aprazível. Em algumas ocasiões grupos de jovens sentam-se numas escadas para debaterem assuntos vários pertinentes à sociedade, em que citam Bourdieu, Weber, assim como Marx e até mesmo Trotski!  Alguns falam das cotas raciais, em geral aqueles que são diretamente afetados ou estão próximos de quem é. Outros discutem a defesa dos animais e uma dieta em que estes não estão contemplados. Nunca tomei conhecimento de algum debate sobre meninos de rua e crianças mal tratadas. Então, o que depreendo é que toda essa preocupação com os animais numa cidade  onde há mais pet shops que livrarias e cinemas fora dos shoppings, assim como centros de convívio que não fiquem restritos ao meio académico é um descargo de consciência. 

Quem chega do lado oposto ao parque de estacionamento encontra um gramado considerável e a cantina do Instituto de filosofia e ciências humanas não está oficialmente aberta. A reitoria fechou-a "coincidentemente" por altura da Copa do Mundo.

Há uns tempos alguém disse que a par com os alunos da medicina estavam os alunos dessa instituição com famílias de renda mais alta. No último caso, as pessoas iam para Humanas pois o mercado de trabalho é mais restrito então o respaldo familiar é maior. Procuro no google se existe algo oficial provando o mesmo. Não encontro nada, mas parece ser convincente e justificável face à pergunta da Eliane. Já não falando que muitas vezes da teoria à prática o passo é enorme. E dá muito mais trabalho que passear o cachorrinho pela avenida. Sim, porque estes em muitos casos são muito mais importantes que qualquer vida humana. Não lhes retirando, obviamente, importância não dão opinião. Logo, são queridos e fofinhos.

Ana Piu
Barão Geraldo, Campinas, Brasil 11.11.2015


" Episódios semelhantes à “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir ocorriam esporadicamente em rincões afastados, e logo eram ridicularizados. Hoje, acontecem na Câmara de Vereadores de uma das maiores e mais ricas cidades do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, uma cidade que abriga várias universidades, entre elas a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das mais respeitadas do país. E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias? Será? Não era de se esperar mais iniciativas de busca do diálogo, de criação de oportunidades para explicar quem é Simone de Beauvoir e refletir sobre sua obra, ou mesmo a ocupação da Câmara, para produzir reação e movimento que permitisse o conhecimento e combatesse a ignorância? '

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista.



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