SIM, O BRASIL É ESPECIAL!
Desde criança, embalada pelas músicas doces, irreverentes e utópicas da música popular brasileira, sonho conhecer o Brasil.
Em 1996 realizei esse sonho. Antes de viajar andei dias a contar as horas e os minutos que faltavam. Um cardume de borboletas no estômago! Aterrei no Rio de Janeiro para visitar a Anabela Teixeira que na época participava da novela Xica da Silva, depois viajamos para Cuiabá, no Matogrosso, para conhecer o Amauri Tangará e o seu trabalho artístico.
Atalhando faço uma lista das razões pelas quais o Brasil para mim é especial, embora não subscreva em tempo algum a abominável desigualdade e os fortes resquícios de imperialismos, colonialismo e escravatura:
A sua natureza tropical é luxuriante e revitalizadora, onde acolhe memórias ancestrais dum povo indígena dizimado, mas resistente e sábio, sem exotismos e deslumbramentos romantizados duma portuguesa.
O seu clima gostoso que aquece o coração, mesmo em momentos de alguma solidão. O imenso prazer de ter a porta e a janela aberta quando chove e poder dançar descalça debaixo da chuva sem ficar com uma tremenda pneumonia. Não precisar de muita roupa, pois seca num instante!
Ter uma terra fértil em que podemos ser auto sustentáveis.
Saber intimamente que a diversidade humano neste território dá alento, pois podemos sempre encontrar a nossa turma, a nossa praia. E sonharmos sonhos realizáveis juntos! Esse é o meu projeto vida! Encontrar seres humanos que não se esquecem de Ser nem da sua Humanidade.
Para mim o Brasil é muito especial, pois à parte dum sistema em que o luxo e o lixo convivem muitas vezes sem escrúpulos; chego a pensar que esse convívio é muito mais honesto que um Paris, por exemplo, em que o centro é todo bonitinho mas a periferia é uma loucura dessa mesma desigualdade e segregação fruto dum imperialismo e colonialismo recente. Paris esse, que no ano de 1996 iria estudar e viver, depois de ter conhecido o Brasil. No Brasil sinto-me em casa, em Paris... causa-me stress, ansiedade, embora a cultura e a arte tenham uma importância muito especial que eu aprecio.
Nada é linear e cada um tem a sua lista de prioridades do que é ou deixa de ser especial para si. Essa é a minha. Uma mulher, uma atriz de teatro de sala e rua, uma palhaça, uma portuguesa que faz questão de se apresentar assim não por feminismo, nem por nacionalismo ou seja lá o que for! O contrário! Por não ter vergonha de se ser quem se é em permanente construção e desconstrução de esterótipos.
Ana Piu
Brasil, 30.11.2015
Brasil, 30.11.2015
Anabela Teixeira e Ana Piu perto da cachoeira Véu de Noiva no centro geodésico da América do Sul |
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