Ele, Pierre Byland, nasceu na cidade de Aarau, na parte alemã da Suíça, em 1938, perto do estopim da segunda guerra Mundial. " A Suíça é um país pequeno e horrível, provinciano. Queria fugir de lá. A presença de Hitler ainda estava muito próxima da minha juventude. Comecei a me sentir claustrofóbico. Tinha esse sentimento horrível de estar perto dele." Foi aos 20 anos que emigrou para Paris para estudar teatro com Jacques Lecoq, mestre de mímica e do teatro francês. (...)Logo após o curso de Lecoq, Byland se juntou a Philippe Gaulier no que era para ele um reinicio no teatro: 'Nós quebrávamos 200 pratos em cena, toda a noite. Nos apresentamos 300 vezes e quebramos, ao todo, 60 mil pratos. Fizemos isso como uma piada, mas depois entendi que, para mim, era uma expressão política de que eu não concordava com a Suíça, com o modo de agirem. Queria quebrar algo, queria dizer que aquilo tudo era uma merda. Também compreendi, depois, que o clown é uma transgressão, uma forma elaborada de dizer que estou fora desta sociedade terrível."
Sua mãe foi assistir ao espetáculo e disse:' Isso é impossível! Você não pode quebrar... Quantos? 200? Impossível! Imagine! Na Suíça até mesmo um prato quebrado é um absurdo!... Não quebre!" Então ele perguntou: "Quantos pratos você acha que devo quebrar?" E ela respondeu: 'Eu não sei... cinco, seis, mas não 200. É melhor você quebrar apenas dois, no máximo." Byland acha a Suíça um país muito limpom higiênico ordeiro demais para tolerar até mesmo um prato quebrado,"
"Por trás do nariz vermelho" por Guilherme Novelli, entrevista com Pierre Byland para a revista da cultura. edição 69, Julho de 2015. uma publicação da livraria cultura (distribuição gratuita na livraria cultura)
* o título é de minha autoria
Sem comentários:
Enviar um comentário