segunda-feira, 27 de julho de 2015

O SAGRADO E O SENSUAL

O sagrado e o sensual/sexual vivem muito próximos um do outro na psique, pois eles despertam nossa atenção por meio de uma sensação de assombro, não por alguma racionalização, mas pela vivência de alguma experiência física do corpo, algo que instantaneamente ou para sempre nos muda, nos sacode, nos leva ao ápice, abranda nossas rugas,-nos dá um passo de dança, um assobio, uma verdadeira explosão de vida. No sagrado, no obsceno, no sexual, há sempre uma risada selvagem à espera, um curto período de riso silencioso, a gargalhada de velha obscena, o chiado que é um riso, a risada que é selvagem e animalesca ou o trinado que é como uma volata. O riso é um lado oculto da sexualidade feminina: ele é físico, essencial, arrebatado, revitalizante e, portanto, excitante. É um tipo de sexualidade que não tem objetivo, como a excitação genital. É uma sexualidade da alegria, só pelo momento, um verdadeiro amor sensual que voa solto e que vive, morre e volta a viver da sua própria energia. Ele é sagrado por ser tão medicinal. É sensual por despertar o corpo e as emoções. Ele é sexual por ser excitante e gerar ondas de prazer. Ele não é unidimensional, pois o riso é algo que compartilhamos com nosso próprio self bem como com muitos outros. É a sexualidade mais selvagem da mulher.

PINKOLA ESTES, CLARISSA. MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. ROCCO Rio de Janeiro 1999. 


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