quarta-feira, 22 de julho de 2015

ALMAS FAMINTAS*


"A mulher previamente ingênua precisa encarar o que ocorreu.
O assassinato cometido pelo Barba-azul # de todas as suas esposas "curiosas" é o assassinato da criatividade feminina, aquela que tem o potencial para desenvolver todos os tipos de aspectos novos e interessantes. O predador é especialmente agressivo ao armar emboscadas para a natureza selvagem da mulher. No mínimo, ele procura escarnecer da ligação da mulher com seus insights, suas inspirações, sua persistência e tudo o mais: e, no máximo, ele tenta romper essa ligação. (...)
Uma alma faminta pode ficar tão cheia de dor que a pessoa não consegue suportar mais. Como as mulheres têm uma necessidade profunda da alma se expressar em seus próprios estilos de alma, elas precisam se desenvolver e florescer de um modo que faça sentido para elas, sem serem molestadas pêlos outros. Nesse sentido, a chave com o sangue poderia também representar as linhagens femininas que vieram antes de cada mulher. Quem dentre nós não conhece pelo menos uma mulher amada que perdeu seus instintos para fazer boas opções na vida e foi, assim, forçada a viver uma vida alienada ou pior? Talvez você mesma seja essa mulher."
CLARISSA PINKOLA ESTES, MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS
Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem, ROCCO Rio de Janeiro, 1999
* Titulo de minha autoria
# nota minha: a figura do Barba- azul pode ser qualquer coisa ou situação que nos sufoque, que nos castre. Seja um Estado economicamente falido; uma situação politica que rouba a identidade às pessoas não promovendo a cultura e arte; sejam relações de trabalho baseadas no salve-se quem puder; sejam relações amorosas que de amorosas nada tem pois movem-se a uma lógica de senhores e serviçais. E o Barba-azul que existe dentro de nós é o principal responsável pelas situações anteriores. Ah poizé!
foto: "AS DESAVENTURAS DE MÁ RI BÔ", Ana Piu
Centro Cultural das Caldas da Rainha, Portugal. Na mostra de palhaços do Teatro Pim. 2014


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