sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

OUI OUI! VOU ALI JÁ VENHO! É QUE NÃO PERTENÇO A NENHUM REBANHO. C'EST DOMMAGE! TEMOS PENA, EM TUGA.

"Os mais otimistas contavam as faculdades de assimilação das populações estrangeiras , como ocorreu no passado com as colônias italianas e portuguesas. Mas o exemplo infelizmente não é mais válido. A origem da nova imigração constitui um obstáculo difícil de superar." Só que os portugueses nem sempre foram bem vistos pela imprensa. Por muito tempo suas práticas religiosas ostensivas e impregnadas de superstição lhes foram reprovadas, a ponto de eles terem sido descritos, no entreguerras, como uma "raça exótica", mais dÍficil de integrar que os italianos- os quais foram, antes, julgados menos integrados que os belgas...
Bréville, Benoit "Xenofobia ou pobrefobia?" Le Monde Diplomatique, Fevereiro de 2015
Conhecendo a crendice de muitos portugueses até consigo entender os franceses. Conhecendo os franceses consigo ainda mais entender agora o quão são xenófobos, escondidos atrás de véu (toma e vai buscar) de igualdade, fraternidade e liberdade.
Podemos ser tudo. Acreditar em tudo o que quisermos. Que direito tenho eu de convencer os meus vizinhos evangélicos de algo? Agora também não me venham tentar convencer de nada!
Que direito tenho eu de dizer a alguém que deus não existe? Se a pessoa é feliz assim e faz os outros felizes, respeitando a orientações espirituais dos demais?! Que direito tenho de tentar convencer os outros de seja o que for? Convencer é uma forma de colonialismo, citando o querido Saramago.
Que direito tenho eu de segregar, descriminar, de rotular de atrasado só porque não é igual a mim?
Quando cheguei em França achava que todas as pessoas eram muito cultas e civilizadas. Tinha 23 anos. Ok?! grin emoticon Fui percebendo que ficavam muito irritadas quando o que elas tinham de conhecimento não era óbvio para quem vinha de fora. Além de me perguntarem se eu costumava ir à missa. Por acaso não, não é a minha praia. Mas se fosse?! Algum "proglema?! Oh la vache! C'est chien ça!! Em alguns momentos também senti que era vista como mignon de hábitos bizarres. Enfin.... Pensei então que afinal não eram assim tão elevados e trés sensibles como se apregoam, que o seu conhecimento não significava sabedoria. Pois quando sabemos de algo, quando "detemos" e aprofundamos conhecimento temos o maior gosto em partilhar para ainda mais aprofundar e sabemos que só uma parte sabemos. Cá no meu entender, bien sur.
Como tal, resumindo e concluindo fala-se tanto em tolerância mas há uns que querem ser mais iguais que outros.
Ana Piu
Br, 17.02.2015
pintura: Alvarez

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