Eu sempre prefiro dizer que sou portuguesa, embora poderia dizer a verdade. E o que é a verdade? Na verdade interessa-me perceber qual a (in)significancia de se ser português no mundo. Perceber conceitos, preconceitos dum olhar de fora. Poderia dizer que na verdade eu nasci em Torremolinos, lugar ao sul de Espanha onde os hippies do norte da Europa encontravam-se para em comunidade viverem. Filha de uma exilada politica chilena acolhida na Suécia conheceu o meu pai vindo da Polónia pelos mesmos motivos. Os dois fugidos de regimes aparentemente diferentes zarpavam pelo seu autoritarismo semelhante. Conheceram-se no Maio de 68 numa França que prometia mudança. Quando viram que esses sonhos não passavam de sonhos recolheram-se em Torremolinos, vindo a estabelecerem-se definitivamente em Portugal em Maio de 1974, numa Primavera linda e esperançosa onde eu viria a crescer com dupla nacionalidade, mas sempre preferindo apresentar-me como portuguesa só para perceber a importância e a importância nenhuma de se ser desta ou daquela nacionalidade.
Enquanto isso escuto aquela música dos meus amigos do Último Tipo: ""Alice já não mora aqui (...) e o seu país de Oz agora é o Brasil// não tem mais o cavalo de pau/ o espantalho passarinho carregou/ e o homem das latas velhas/ virou ferrugem vento veio e levou// Alice então adormeceu/ e o principe não veio beijar/ e aquele pesadelo teve fim/ quando a vizinha veio gritar/ - Ei Dona Alice, vem ver o que os seus filhos estão fazendo no meu quintal!/ Contudo não perdeu a esperança (...)" lararalala
Quanto a Anita, esta tem esperança porque a Primavera sempre virá. Por aqui todos os dias são Verão. Uns dias mais quentes que outros, mas sempre Verão para os hábitos de Anita.
Ana Piu
Brasil, 22.02.2015
Brasil, 22.02.2015
foto: Anita em Évora/ Alentejo/ Portugal/ Sul da Europa/ Hemisfério Norte em Julho de 2014 com uns "ólicus", umas lunetes vá!, que percebi há pouco tempo que são made in West Germany, a blusa é Indústria Brasileira
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