quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

CARTA ABERTA um abraço a Maria Zamora

O coração é um músculo que dilata e encolhe conforme o ar que circula dentro dele. Abrimos as narinas, abrimos os dedos das mãos E a boca abre ligeiramente até um suave sorriso se desenhar no peito e aí vamos nós. Abrir espaço no coração para que  a brisa amacie sentimentos, emoções, sonhos, realizações. Leves nos tornamos quando escutamos o gado a correr pelos campos como se fossem ondas do mar. Apreciar os contrastes de luz do céu escuro prestes a chover com o sol resplandescente  a bater nas folhas das Acácias.

Maria, Maria encontrei e reservei um espaço sem tamanho no meu coração para te aconchegares. Estou feliz por isso e quero partilhar isso contigo e fazer disso, quem sabe, uma obra de arte. Que a nossa vida seja uma obra de arte, criação, criatividade, alegria de sermos e estarmos. Dançarmos juntos. Voarmos solitários e bandos. Não temermos a solidão e não temermos dizer:"Estou aqui! Preciso dum abraço!"

Voltei Maria para te dar um abraço de mansinho, com respiração em movimento perpétuo.
Lembras-te daquele meu sonho de criar ou fazer parte dum núcleo de pesquisa de linguagem, de palhaço? Pois é, aos poucos vamos realizando os nossos sonhos que estimulam voar e voar voar mais alto sem esquecer de voltar a terra. Estou feliz de mansinho por aos poucos encontrar novos parceiros e parceiras de criação e aceitar que nem sempre somos compreendidos nesses desejos mais altos e aceitar que nem sempre sabemos nos fazer compreender da melhor forma. O grande desafio é estarmos conectadas e conectados com o mais profundo de nós e aí brota a nossa verdade leve, clara e generosa. Uma verdade criativa e libertadora das prisões que criamos para nós mesmas e mesmos.

Quero te abraçar de mansinho e dizer para nós todas e nós todos que a agressividade é careta. Ouvi isto outro dia dum casal de amigos, um dia antes da tua partida.

Na segunda, uns minutos antes de saber de ti, subia as escadas e o sol do fim de tarde refletia na porta de vidro. Um pensamento beliscou-me:"Não devemos julgar nem maltratar ninguém, pois não sabemos o que se passa na vida de cada um. Se está feliz que essa felicidade nos inspire. Se está triste que essa tristeza seja respeitada e se pudermos aproximarmos-nos nem que seja para um profundo abraço ou olhar de solidariedade que nos aproximemos."

Não podemos mais permitir que o amor seja confundido e degenerado. E quando alguém é vitima de violência doméstica que dê sinais subtis ou visíveis aqueles que estão mais próximos. Que peça ajude para não estar só nesse momento que não se deseja a ninguém.

Um abraço do espaço sideral sem tamanho do fundo do coração para ti, querida Maria
e para todas as Marias, Leonores, Josés, Ricardos, Joões, Ritas e tanta gente que em circunstância alguma merece ser maltratada.


Ana Piu
Brasil, 26.02.2015


Mariano Peccinetti

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