quinta-feira, 5 de setembro de 2013

ROMANOFF, O ESCRITOR MALDITO



Romanoff de Soares Alenquer Didier Mustaffa Tupã Kusturika Surinah era um escritor maldito. Fazia por isso. Já nada tinha a perder, tudo o que viesse era ganho. Viveu vários anos no deserto e outros tantos em alto mar. Das vezes que vinha a terra relacionava-se atenciosamente com quem se cruzava. Ria-se por dentro e por fora das importâncias que cada um dava a si mesmo e à vida. Houvera uma vez, várias vezes que Romanoff de Soares Alenquer Didier Mustaffa Tupã Kusturika Surinah definhava de fome, enfermo em seu leito alguém se abeirou dele contando-lhe histórias para o reconfortar. Uma delas era das transformações corporais que essa pessoa pensava fazer para ficar mais bela. Tentou não se indignar, apenas fez com que o seu estômago sorrisse mansamente. Depois resolveu escrever, escrever, escrever Em alto mar escreveu. No deserto escreveu. Não se importaria de ser escorraçado ou admirado. Queria estar do lado dos malditos, porque assim veria muito mais claramente cada detalhe, cada mecanismo de mecanismo vários. E nesse compasso maldito pleno de amor rir-se-ia com a boca escancarada, ora desdentada ora adornada com dentes de ouro ancestrais. Rir-se-ia medos e receios que nos assombram todos os dias. Rir-se-ia das hipocrisias. Rir-se-ia das babozeiras. Rir-se-ia estridentemente ou num riso cínico ou num riso cúmplice, ou num riso doce. Rir-se de ser Romanoff de Soares Alenquer Didier Mustaffa Tupã Kusturika Surinah, aquele que assusta as pedras da calçada mas que se recusa a pisá-las. Porque para ele ser maldito era não recear a sua doçura de boca escancarada.

A piU
Br, 1.09.2013

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