Três rosas no peito a menina trazia. Uma vermelha e duas brancas. Ao inicio eram meros botões que cresceram junto com o peito. Um peito pleno de rosas. A menina foi crescendo. As rosas agora eram maiores e já não cabiam no peito. As três transbordavam. A vermelha caiu. A menina sentiu um enorme vazio dentro de si. Abraçou-se com tanta força que as outras rosas se desfizeram em pétalas. Um longo tempo a menina ficou abraçada a si como um caracol dentro da sua casquinha redonda. Uma brisa leve bateu em si A brisa transformou-se em vento. A menina abriu os braços e o peito. De olhos fechados e cabeça para trás, a menina sentiu o vento bater, refrescando, ordenando, desordenando as mais profundas dores e amores também.
As pétalas sairam voando, umas machucadas, outras intactas e vistosas. A menina assombrada viu as pétalas esvaziarem o seu peito. Depois manteve-se de olhos ora abertos, ora fechados deixando que o vento preenchesse os espaços vazios. Sentiu-se a limpar por dentro. Deitando-se no chão entregou o peso do seu corpo ao chão. Sentiu o calor de terra assim como o frio do ar. Aconchegou-se. As pétalas brancas foram cobrindo o seu corpo. Abriu os olhos e viu uma rosa vermelha em botão sair da terra que estava ora gretada, ora macia. Maciez. Sentiu maciez. Desejava sentir maciez. Sorriu.
piu
Br, 26.09.1973
Dedicado a Carmen Kohan e Denise Valarini
Sem comentários:
Enviar um comentário