Ver a Mona Lisa ao vivo e a cores foi uma perfeita desilução. Um quadro piriri para um mar de gente. E cabeças e mais cabeças, mais os imprescíndiveis flashes. La Guernica de Picasso é um mundo. Uma surpresa em tamanho e detalhes. Mergulhar no detalhe de uma imagem. Viajar nesse detalhe. Viajar no detalhe da pincelada esbanjadora do paupérrimo Van Gogh. Ficar diante do Toulouse Lautrec horas infindáveis, viajando no movimento do quadro de grandes dimensões e no fluxo de visitantes que deambulam pelo Museu num consumo quase obcessivo entre câmaras de filmar e fotografar. "Eu estive aqui e vi isto, isto e mais isto, mais aquilo e o outro." Subir à Torre Eiffel e tentar não arrotar o crepe carissimo que se compra lá em baixo, só para garantir que não se vai ficar com fome até à noite. Comer na rua são os olhos da cara! Mas olhares mais atentos ou pelo menos menos desatentos repara que a uma certa hora do dia os supermercados e bistrôs fornecem as sobras dos dias aqueles que por necessidade ou posicionamento social vivem das sobras do consumo.
Gosto dos detalhes. Fico feliz quando toco alguém ou quando alguém me toca. Uma plateia de um. Neste caso uma plateia de dois. Neste caso uma plateia de três. Ou uma plateia de três? Eu e tu somos um ou somos três? Quando a comunicação se dá somos três, pois saimos de nós, do nosso detalhado mundo individual, para acontecer algo no detalhado mundo da comunicação, da troca. Talvez seja por isso que as massas, as revoluções de massas não me convençam. Muito ruído para pouco detalhe, para pouca transformação.
piu
Br, 10.09.2013
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pintura: Leonardo da Vinci |
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