domingo, 11 de novembro de 2012

UM SER COPOFRÁGICO

Eu cá sou uma pessoa deveras coprofágica. Eu subo a um palco e faço de conta que faço de conta. Às páginas tantas já não dou conta das contas que faço. Profiro complexidades que nem eu entendo muito bem o que são, mas mantenho a pose. Uma pose com um olhar no horizonte e outro na coprofagenia. Gosto de ser quem sou. Eu e os meus amiguinhos e amiguinhas elogiamos-nos muito. "Estavas ótimo naquele papel de rei édipo que no final resolve o seu problema com umas lentes da multiópticas!" ou "A tua projeção de voz é excelente. Vê-se que fumas cigarros Lucky Sricke!". Bem sabemos que o mundo não nos entende, a nós e às nossas concepções e ilações conceptuais de uma coprofagia complexa alicerçada em diferentes níveis transcendentais de entendimento e percepção do nosso umbigo coletivo. Porém não é a esse mundo inculto que que queremos comunicar. Aliás, nós não queremos comunicar absolutamente nada. Simplesmente ser. Ser coprofágico com muito segurança e incontinência. Juntos resistiremos a esse mundo vão que não vislumbra o nosso ser.



 A piU Br, 11 de Nov. 2012

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