terça-feira, 6 de novembro de 2012

Memórias Amazónicas

"Arauna" Marlui Miranda

Uau! Tão bonito! Tanto verde! Que imensidão de verde!! Tão bonito! Que força da terra! Luxuriante! Visto de cima parece que não vive lá ninguém. Que os homens e as mulheres não passaram por aquele enorme e denso verde. E o rio que largoooo! Olha o encontro das águas. O rio Amazonas com o rio Negro. Que grande! Visto de cima parece que temos o mundo das nossas mãos ao mesmo tempo que é imposível pretender controlar, dominar essa força da natureza. Visto de cima parece que não existem disputas, conflitos, negociações, usurpações, assassinatos. Visto de cima até parece que está tudo entregue à força do cosmos.

"Os seus documentos, por favor. Manaus. O senhor é de Manaus? Isso é no Amazonas? Mas ainda vive lá gente?"

"Olha o que vem aqui na revista da Nathional Geographic: Foi encontrada uma tribo de indíos no meio da selva amazónica que nunca tiveram contacto com o branco. Essa tá boa!... Os "coitados" bem tentaram se isolar, mas foram descobertos... Esta coisa de aviões, avionetas, helicópetros, asas delta e balões voadores é no que dá!... Em vez de se pintarem de vermelho e preto, os indios deviam pintar-se de verde para de cima não serem reconhecidos. Tá beeem tou a ser ingénua. Uma ingenuidade cínica. Cínica, não!!! Sarcástica!"

"Cê é de São Paulo? Isso é para norte ou para sul?(....) É do lado de quem sobe o rio ou quem desce? Opa! Lá vem o barco descendo! Vou ajudar a descarregar a mercadoria. Pode ser que ganhe alguma grana. Não é certo. Mas dá para tentar."

"Eu sou nascido e criado em Santarém, Estado do Amazonas. Meus pais são de Barcelos. Pertinho daqui. Tem terra com esse nome em Portugal? Que língua çê fala mesmo? Português de Portugal? Ah! Portugal é o quê mesmo?"

A piU
"Memórias amazónicas"

br, 6 de Novembro de 2012

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