quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ESTOU AQUI

A terra abriu-se em brechas
Violentos abalos
Abalou e ficou no mesmo lugar
Ferozmente caem das escarpas longos lençois de água
Caem ferozmente sobre o coração da terra
Gotas, gotículas de água caem sobre o rosto
O olhar pousado nos grandes e viris lençois de água acalmam, limpam o pensamento
Escarpas que servem como fronteiras
Fronteiras naturais
Fronteiras naturais?!
Fronteiras que dividem três nações no coração da América Latina
Fronteiras construidas em cima dessas brechas
Dessas feridas milenares

Gotas caem do rosto
Ruas insalubres
Mercado de utilidades inúteis
Plásticos, borrachas, tecnologias duvidosas de maquinetas para tirar borbotos e darem choques que paralisam o "colega"

Fardas azul ameixa
Fardas dum castanho caqui autoritário, datado e atualizado
Soldadinhos de chumbo guardando fronteiras

Carimbos em mãos com boa vontade, má vontade, sem vontade de dar vontade
Motivadas para desmotivar

Coração nas mãos acalmado pelas longas quedas de água

E o coração em sobressalto continua caminhando carimbado, descarimbado, descompassado, autenticado e reconfortado pela luxuriante natureza bruta e abrupta
Natureza pisada, disputada, carimbada, aberta em profundas e milenares brechas, em seculares feridas
Driblando continua sua trilha, seu caminho de sinuosos percursos

Fugindo para a frente, para os lados mas nunca para trás
Mantendo-se do mesmo lado da rua
Atravessando a rua sem medo
Atravessando a ponte controlando o receio de coração nas mãos
Com as gotas caindo do rosto
Olhando em frente
Segurando a pequenina mão
Dez dedos
Uma letra em cada um e um polegar erguido
E S T O U     A Q UI

a Piu
Br, 7 de Novembro de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário