quarta-feira, 29 de junho de 2022

SIM, VIDAS INDÍGENAS IMPORTAM


 Eu teria uns 30 anos quando um portal de luz ofuscou o meu olhar. Fiquei parada, numa suspensão entre o olhar se esbugalhar e procurar o carreirinho de formigas mais próximo. Não, não me tornei um ser totalmente iluminado que pudesse abrir uma seita e propagar: " Eu despertei! Vocês podem despertar desde que me paguem muito bem e eu possa ter 100 Rolls Royce na porta e possa dançar descalça no jardim da minha mansão!" Não, não foi isso que aconteceu e não faço questão que aconteça.
Ora,estava eu num interior de Portugal quando entrei numa biblioteca, de caracteristicas libertárias, e dei de cara com um livro grosso de capa dura: A História dos Indios Brasileiros. Eu que sempre tirara boas notas, algumas vezes a máxima, a História fiquei aterrada. CLIK: " Claro! É óbvio! Como é que eu nunca tinha pensado nisso?!?! Porque é que ninguém fala disso? Porque nunca aprendi isso na escola?" Esse livro foi escrito por vários antropólogos brancos. A organizadora do livro, a Manuela Carneiro da Cunha , que por acaso é portuguesa, chegou a dar uma aula no meu mestrado de Antroplogia Social. Porém, com todo o respeito e sem as idolatrias tão frequentes no meio académico, hoje eu prefiro ir beber ddiretamente da fonte. Prefiro escutar os próprios indigenas, tanto os que estão na aldeia como os que estão nas cidades, por exemplo o Ailton Krenak, o Daniel Manduruku, o Kaká Werá, o Davi Kopenawa entre muit@s outr@s.
Esta máscara eu adquiri em 2001 em Manaus numa daquelas lojas da FUNAI, um organismo que supostamente defende os povos nativos. Já deve ter protegido em muitas situações, mas em outras... Vai lá vai! Atira-te ao mar e diz que te empurraram. Eu sei que o que vou agora chamar a atenção não vai agradar a muitos de vós outros. Paciência. Ser conivente com o que não é justo é que não é mesmo nada sustentável.
Bem sabemos que o golpe do Temer para destronar a Dilma foi uma jogada de poder em que o machismo e os classismo estavam e estão presentes. Uma mulher como presidenta representante dum partido trabalhista que lembra da importância da Comissão da Verdade, sobre as vítimas da ditadura militar? Vamos tirar essa marmanja do poder! Por outro lado, numa outra ocasião, no SESC Campinas assisti a vários filmes de cinema indigena, e o chão desabou debaixo dos meus pés quando assisti a manifestações dos movimentos indígenas, muitos que tinham sido eleitorado do PT a gritarem: " Dilma assassina!"
Deixo este trecho duma matéria, na esperança que o PT e o seu eleitorado reveja as prioridades e o que defende ou não: ' O governo da presidente afastada Dilma Rousseff é frequentemente criticado por ser um dos que menos fez, nos últimos 30 anos, pelos assentamentos de reforma agrária e as áreas protegidas – Terras Indígenas (TIs), Unidades de Conservação e Territórios Quilombolas. Os números confirmam essa realidade. A paralisação no reconhecimento dessas áreas, segundo os especialistas, guarda relação direta com os acordos firmados por Dilma com sua base parlamentar fortemente ruralista."
Encontramos-nos no próximo texto!
Beijus e abraçus!
A Piu
Brasil, 29/06/2022

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