quinta-feira, 16 de junho de 2022

BE GOOD, PIU


BE GOOD, PIU
" Sabias que o que fez mal ao António Variações foi ele ter o bigode oxigenado? Respirou uma e muitas vezes o bigode até que... pronto...". Esta era a versão duma amiga minha de escola, com 9 anos como eu. Não sei se ela tirou aquilo da cabeça dela ou se ouviu em casa em tom de "piada"(?!) ou como forma dos pais de contornarem um tabu da época. Ser homosexual e ter AIDS. Duas coisas que no inicio dos anos 80 colapsava a moral e os bons costumes, assim como ser filho de pais divorciados, que era visto iguamente como uma maleita. Já não falando que as feministas portuguesas e seus movimentos eram motivo de chacota: " Ah! Essas aí são é mal comidas! São lésbicas!" Enfim, chega a dar aquela preguiça de dialogar e até de explicar a quem fala uma coisa dessas. O mais mirabolante é que volvidos 40 anos ainda haja uma malta, uma galerada que até se acha muito à frente que pensa e age dessa forma. Umas vezes discretamente, outras à descarada. Mesmo assim prefiro os à descarada, porque esses mostram o que são não se fazem de amiguinhos, aliados da nobre causa feminista mas na hora do vamos ver o que querem é comer as mulheres, ostentar o feito e descartá-las, assim como pretenderem brilhar mais que elas, quando no fundo no fundo estão cientes da sua própria mediocridade.
Ai Piu! Be good, Piu. É que de vez em quando a mostarda chega ao nariz e em vez do bigode ficar amarelo cor de piriquito fica cor de mostarda Dijon, para dar aquele toque gourmet arockalhado. Sim, porque quando o valor das nossas vidas, do nosso trabalho, das nossas escolhas é desconsiderado nós, pré indigos ou indigos soltamos a nossa fera de poder nesta Nova Era que está aí. Espera-se que a Nova Era seja sermos mais solidári@s e fratern@s com essa capacidade de evoluir emocionalmente e prezar os demais ao invés de desprezar.
Dois anos antes eu bati com a cabeça, a fonte como o dedo indica na foto, no canto dum banco de pedra. Até hoje tenho tatuado essa pontinha de banco com baixo relevo. Aconteceu na escola logo de manhã antes das aulas começarem. Não me doeu, mas tive de levar pontos e o olho ficou depois inchado. Essa minha amiga, que foi testemunha, relatou aos colegas que o meu olho abria e fechava/ abria e fechava com direito a mimica com a mão. Imaginem o horror do relato. Já se vê pelos dois exemplos que ela era uma jovem menina com propensão a noticias fake, a distorções de factos.
Estão a ver o meu nariz? Foi ele que em composição com os olhos e a boca me deram o nome de Piu. Nessa altura, na escola, eu era a Teresa porque haviam muitas Anas. Ai originalidade dos pais! 😉 Mas o meu nariz ainda era meio batatinha. Essa amiga , que era a que "" liderava""" as amigas tipo:" Já não vamos ser mais amigas da não sei quantas!" e depois fazia umas boquinhas e virava a cabeça, tinha outra estranha mania... Coloca-nos em roda e dizia:" O nariz da Neide é assim, o da Anabela é assado, o teu Teresa é cosido... ( acariciando o seu próprio nariz) O meu é perfeitinho!.." Levei anos a entender o porquê daquela chachada. Mais tarde caiu a ficha! Ela tinha voltado, uns anos antes, com os pais de Moçambique com a independência deste país. Eram "só" resquicios de racismo e mania da superioridade. Mas isso é outra conversa que fica para outro texto.
Enquanto isso vou usando o meu bigode para dar realçe ao meu nariz, que perfeito ou não, é meu. Aliás, é sempre importante desconfiar de quem se acha muito perfeitinho ou perfeitinha. Ali há gato! Ali há qualquer coisa que cheira a esturro. Estão a ver as vantagens de ter um nariz grande? E se as narinas estiverem dilatadas ainda melhor! Ah pois é!
A Piu
Br, 16/06/2022

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