Pelos dentes acabadinhos de chegar na boca tenho 6 anos. Estamos no Algarve, sul de Portugal, no ano da graça do senhor de 1980. É Verão, a época mais desejada e feliz e mais que merecida. São as primeiras férias escolares ainda me estou a recompor do baque de ter saido das saias da avó, da mamã e do papá ( Espera aí! Não é por nada mas o meu pai não usa nem usava saias, mas até acho bonito. Fora de brincadeiras. Um Kilt cai sempre bem para quem aprecia. Eu aprecio. Só não aprecio tanto ou quase nada a folcolorização da imagem instutuida como feminina e apropriada por alguns homens caindo nos esterótipos de que algumas mulheres querem se desenvicilhar porque são fúteis, clichés que perpetuam o poder soberano dos homens que não olham para a condição feminina e do seu próprio feminino na essência. Meras performances e pouco mais. Diria até uma competição subtil ou não com as mulheres. Mas isso são gostos. Pontos de vistas. Apreciações, Se alguém não concordar comigo ÓPTIMO! ÓTIMO! Significa que não estamos sozinhas no mund@ e que a diversidade e a liberdade de expressão sem ofender gratuitamente os demais está em curso. Uns anos depois conheci O Laerte nas revistas Chiclete com Banana. Eu curtia, ainda curto com algumas salvaguardas de humor classista, racista e machista que surgia de quando em vez, bem na onda humor punk. Hoje A Laerte, que optou pelo sexo feminino e vestir-se como uma mulher dentro desse padrão estético instituido, admite que mesmo assim não pode falar pelas mulheres e quando era O Laerte deu umas belas dumas mancadas. Honestidade acima de tudo. Faz bem e faz crescer. Eu gosto da Laerte e da sua elegância ao seu vestir dentro dum padrão feminino. Na verdade aprecio a estética hibrida, unisex ( como se dizia nos anos 80). Por exemplo este meu maiô lembra uns que o Variações usava. Mas é a mais pura das coincidências. Este meu maiô estava pequeno, mas eu continuava banhar-me com ele e as suas maçãzinhas estampadas.
Ora eu sendo deste tamanhinho e até um pouco maior como hoje não conseguia enxergar o que estava para lá da linha do horizonte. O meu pai respondia que era África e que se eu esticasse o pescoço poderia ver animais da savana: leões, girafas, rinoceronte ( animais que não existem na floresta Amazónica como alguns sujeito no Brasil acham que sim quando querem defender a dita dos incendios.). É muito importante conhecer minimamente a fauna que habita o mesmo território que nós. Por exemplo, nos idos anos 70 e 80 além da fauna humana dos tugas nas praias algarvias tinha a fauna humana dos "ingaleses". Ou seja, o Algarve já era e é uma espécie de colónia britânica, onde os cardápios estavam escritos muita vezes só em inglês e o veraneante tuga, o nativo, era de segunda. Espero que tenha mudado. Há anos que não vou ao Algarve, mas ( NO MEU PONTO DE VISTA) Portugal rendeu-se a um turismo tão massificado que abro mão, pois já conheco e mesmo assim as multidões e os parque temáticos que as cidades e vilas costeiras e interiores se tornaram nos últimos 6 anos não é bem a minha praia. Mas dá para imaginar todos os turistas juntos a uma só voz polifónica: " Oh it's wonderful this sun! Oh é maravilhoso este pastel de Belém!"
Por falar em Belém!... Eu ía falar dumas coisas sobre Portugal e os países africanos lusófonos que raramente são faladas e as complexidades dos sujeutos históricos e a vida que tem muito mas muito mais dobras do que os filmes de mocinhos e vilões... Hoje fazer algo a preto branco não significa que as realidades sejam a preto e branco. Palétes de paletas de cores é o que não falta. Mas fica para depois (OLHÓ O MARKETING!)
A Piu
Brasil, 19/06/2022
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