Era uma vez um homem, por acaso era aquele mas existiam outros semelhantes, que ainda não tinha descoberto o que realmente era o Amor. Amar. Amar-se para poder amar e ser amado. Nesse aspecto ele não seria muito diferente de muitos outros seres humanos e humanas.
Um dia uma mulher apareceu inusitadamente na vida dele e ele na dela. Nadela seria um nome lindo e até pontual para dar aquela mulher. Nadela ficava na dela a observar. Um dia disse-lhe, ao homem sem sequer o conhecer pessoalmente: " Tu és especial. E olha, estar com alguém, entregar-se a alguém não é uma competição, uma corrida de mil metros ou uma maratona cá pessoa volta a coxear, com os bofes de fora a transpirar por todos os lados mas digna de subir ao pódio, se ainda tiver forças, para receber a medalha de ouro ao som do seu hino nacional. Quem é para se encontrar e ficar junto acontecerá."
Não se sabe ao certo o que o homem entendeu ou quis entender. Nadela durante anos pensava todos os dias naquele homem, sem excepção. Por vezes alegrava-se outras encolhiam os ombros. Pensava:" "Esse aí não é mau homem. Só precisa de ser menos inseguro, não projetar as suas "safadezas" nas mulheres achando que estás não são dignas de confiança. Talvez um destes dias ele confirme que ser jovem, gostoso não dura para sempre. Ou será que dura?" Nadela imaginou o homem com a barba toda branquinha tipo papai Noel e um cabelo comprido com estilo e com a madureza de entender que ela sempre o amara mesmo não o conhecendo pessoalmente. Isso muito depois do homem solicitar, implorar(?) romances à comunidade feminina. Nadela diria com carinho na certeza que ele é um homem inteligente e sensível, mas que nesse aspecto ele precisava de se atualizar. Nenhuma jovial mulher madura cairia nesse babado. Ele era mais do qie assumir o papel de homem carente metralhadora, que atirava para todos os lados. Talvez tivesse "sorte", mas temporária. Nadela sabia intimamente que não era nada disso que o homem procurava para ser feliz. Outra coisa seria abrir mão dos privilégios do patriarcado em que além de ser homem era branco. Se tinha passando vestibular, se se formara num curso tão bonito porque criativo e era reconhecido pelo seu trabalho qual a dificuldade de desaprender a lógica patriarcal?
Um dia Nadela visitou a sucapa, na calada duma tarde quieta, uma obra sua exposta. Uma almofada preta da sua solidão e outras solidões. Nadela ficou um pouco triste. Gostaria de saber que o homem sabia lidar com as suas emoções, sentimentos e solidões. Um trabalho bem mais desafiador que passar num vestibular para passar numa universidade conceituada.
Nadela quase quase tinha a certeza que o homem com quem nunca falara pessoalmente em algum momento permitir-se-ia largar a pose social da gostosura safadinha e mergulhar na plenitude de si mesmo. Nadela ficava na dela e aguardava novos sinais de fumaça da sua fogueira interior, criativa, amorosa e igualitária para com as mulheres. Aí o poder da sincronicidade de acontecimentos e encontros seria surpreendentemente fascinante. Será que teria de esperar que a sua barba ficasse toda branquinha ou seria antes?
A Piu
Br, 12/06/2022
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