" Grândola, Vila Morena/ Terra da fraternidade/ O povo é quem mais ordena/ Dentro de ti, ó cidade (...) Em cada esquina um amigo/ Em cada rosto igualdade/ Grândola, Vila Morena/ Terra da fraternidade" - José Afonso
Antes de construirem a auto estrada/ rodovia que liga diretamente Lisboa ao Algarve, Grândola era sempre paragam obrigatória com direito a esticar as pernsa e brincar debaixo dum sol escaldante de Verão. onde os brinquedos municipais eram feitos de chapa de aluminio. No Brasil também já vi! Uma desinteligência planetária comum duma época. Podemos assim rir das nossas desinteligências juntes ao invés de rir do "outro"com escárnio e alguma arrogância.
Estamos, acredito, em 1977. Três anos antes a música " Grândola Vila Morena" é passada na rádio na madrugada de 24 para 25 de Abril para que o Movimento das Forças Armadas avance e realize com sucesso um Golpe de Estado que colocaria fim ao fascismo de 48 anos e ao colonialismo de séculos. José Afonso foi um poeta, músico, compositor português que simboliza as lutas anti fascistas e anti colonialistas. Não sei se ele hoje voltaria a cantar que "veio da mata o homem novo do MPLA". Mas acredito que continuaria a cantar: " colonialismo não passará! Imperialismo não passará!".
Pronto aqui temos um resistente português que esteve ao lado do povo negro africano que foi censurado, inibido de exercer a profissão de professor pelo regime fascista português e perseguido pela PIDE ( Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Como ele outros e outras. É claro que as pessoas que estavam informadas, despertas e que ousavam questionar e se opor ao regime era uma infima parte. Talvez ainda seja. Primeiro que tudo o medo e a alienação são os principais motivos das pessoas aceitarem e se resignarem com a opressão.
É compreensível que as pessoas sintam medo quando as consequências são nefastas. O que é para mim incompreensivel e díficil de digerir é quando as pessoas já estão informadas ou gozam de fontes de informação várias, internet por exemplo, vivem em liberdade, pelo menos aparente, e escolhem a alienação e reproduzir lugares comuns, assim como se acobardam na hora da solidariedade e vão pelas uniões por conveniência individualista, onde o que importa é serem vistas como bem sucedidas, mesmo que aparentemente, e com o status que possa surgir daí.
A alienação é um estado de espirito de não sabermos de facto quem somos e o que viemos aqui fazer. Uma desintegração de nós mesmos, logo uma desunião com o Todo, com o coletivo que engloba a Humanidade e o planeta com todos o que nele habitam.
Nestas viagens de carro dumas 7 horas por aí, hoje é metade, eu parecia o Burro do Shrek: " Já chegámos? Já chegamos?". Uma ladainha logo que saímos de casa em cima da ponte 25 de Abril!!! Porém, hoje ainda continuo a perguntar em relação à liberdade, à consciência expandida em tempos de avanços, retrocessos e outra vez avanços e depois retrocessos: " Já chegámos? Já chegamos?". Depois respondo para mim mesma que é mais importante viver o tempo presente e estar no tempo presente do que ansiar em chegar a algum lugar. A chegada é no aqui agora onde nos relacionamos sem preconceito e com a solidariedae que está ao nosso alcance.
A Piu
Brasil, 23/06/2022
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