terça-feira, 28 de junho de 2022

MIS CAR@S AMIGUES


- Meu caro amigo me perdoe, por favor, se não lhe faço uma visita. Mas é que agora apareceu uma certo embrogloio de saúde desafiador e mando noticias nesta fita. Aqui na terra estão jogando futebol, tem muito samba, muito show e rock and roll. Ums dias chove, noutros dias bate o sol. Mas o que eu quero é lhe dizer que dê lá por onde der a vida é porreta, mesmo não podendo de momento pedalar e também não tendo motoreta a minha meta é podermos-nos encontrar. A todo o pessoal: ATÉ JAZZ! -
- versão piuzeira da música " Meu caro amigo" do Chico Buarque.
O que se vivia no ano de 1977 em Portugal com toda a certeza não era o mesmo que se vivia no Brasil. Brasil, como todos nós sabemos, assim se espera, vivia uma ditadura militar desde 1964 até 85, oficilamente. Ao passo que em 1974 chegou a democracia em Portugal com sabor a liberdade, mesmo que muitas vezes atrapalhada pela euforia de quem a tanto esperava há muito e sem saber muito bem o que fazer com a mesma por falta de hábito.
Outro dado importante é que em Portugal sempre se soube mais do que acontecia e acontece no Brasil do que o contrário. Nesta minha casa de infância os vinis de MPB datam de 1970, assim como os livros de Jorge Amado. Ainda não conheci muitas pessoas brasileiras que conhecem-se com profundidade a MPP, música popular portuguesa, que nesse meu país se chama de música de intervenção. Muito menos a cultura portuguesa com as suas criatividades e resitências. 'Tá, uns conhecem José Saramago, mas não me admira nada que um ou outro teime que o Saramago seja brasileiro, como já ouvi aqui que o Gabriel Garcia Marquez era mexicano. Eh pá! Duas figuras que ganharam o nobel da literatura retratando a as opressões e resistências dos seus países. É como dizer que o Gilberto Gil é jamaicano...
Nesta idade, além de acompanhar na tv a preto e branco cinema de animação de várias partes do mundo, principalmente da Europa do Leste, pelo Vasco Granja, que por acaso ou não era comunista já durante o fascismo, acompanhava as músicas de intervenção para a criançada do José Barata Moura, que também por acaso ou não era comunista. Uma época em que muitos eram comunistas e tomaram a frente da cultura e educação durante uns tempos. Uns deixaram de o ser, por motivos vários: desilusão, mudança de paradigma... Outros ainda se mantém aí firmes nas suas ideologias, ao limite dogmas. Desde que vivamos numa democracia e a coisa não azede por autoritarismo cada um é livre de abraçar o que quiser.
Também acompanhava o " Sitio do Pica Pau Amarelo" versão anos 70. Deliciava-me com aquele mundo de fantasia vivido entre seres humanos e seres fantásticos e mitológicos num espaço verdejante e arborizado. Como criança não encontrava ali nem racismo nem classismo. Embora, possa haver, mas isso não me influenciou. Pelo contrário, via adultos e crianças brincando de faz de conta. Durante a infância eu achava que o Brasil era todo assim.
Até aos 12 anos, por escutar muitos cantores de MPB, eu achava que toda a gente no Barsil pensava como o Milton Nascimento e o Gilberto Gil, o mesmo que abria e fechava os episódios do Sitio. Fiquei confusa quando em casa me disseram que o Brasil vivia uma ditadura. Ainda fiquei mais instigada em conhecer artistas que mesmo em tempos sombrios eram tão criativos, com energia para cima e profundos.
Depois quando vim para o Brasil em 2012, em pleno governo PT, eu achava que a população estava muito mais esclarecida em relação ao que se passava dentro do Brasil e fora, internacionalmente. Havia uma certa euforia no ar, talvez promovida pela mídia:" Ah! O dinheiro é mesmo é para se gastar!". Ora, enquanto a Europa, principalmente no sul, vivia-se uma crise financeira com uma dívida externa lixada, coisa que aqui parecia que ninguém sabia, no país tropical celebrava-se a possibilidade de gastar tudo com cartão de crédito. Nada contra nem a favor. Primeiro, que para muitas pessoas poder comprar parcelado é uma forma de terem acesso a bens quea antes não podiam adquirir. Por outro lado, as pesssoas endividarem-se por consumirem o que precisam e não precisam... Talvez, em algum momento lhes caia a ficha que isso não é sustentável nem para elas nem para o planeta. Já o cartão de crédito ter-se popularizado/ democratizado no governo do PT, apesar dessas vantagens e desvantagens do seu uso, prova que o PT tomou uma medida neo liberal democrata, se é que assim se pode dizer. O PT NÃO PRATICA COMUNISMO. Chiça! Caramba! Porquê esse fetiche?
Bom, alé! Inté ao próximo texto acerco disto e daquilo.
A Piu
Brasil, 28/06/2022

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