domingo, 28 de novembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XV

 




Mais umas tantas  fotos, em prova de contacto, da série "quem nunca?", no inicio deste milénico que entrou na virada do século. Da esquerda para a direita: Anita com a sua Mogli; Anta fotogenia do seu jeito maneira; Anita " com o meu vestido preto eu nunca me comprometo" como dizia a atriz de revista Ivone Silva numa rábula; Anita segurando o queixo e encarando a câmera com o seu camiseiro casual; Anita olhando a sua Mogli; a sua Mogli com penteado de avelã; Anita e a foto clássica para capa de disco de free jazz, improvisasion voice numa fusão com fado contemporâneo; Anita sempre Anita; Mogli que entretanto cresceu.

Pronto, mais uma tentativa de book para agências. Com esta série quem foi chamada foi a Mogli, a cria da Anita, para fazer figuração num filme. Como a Anita continuou a trabalhar com teatro quem a levou às filmagens foi o seu companheiro da época, padrasto da Mogli. Quando voltaram para casa Anita ficou impressionadissima com os relatos do set e do modo como trataram as crianças que fariam parte da figuração. Horas na rua ao frio, pois era um exterior à porta duma escola, nenhum lugar para as crianças descansarem e comerem. Bom,  a experiência da Mogli ficou por ali, não contando que a agência nunca pagou os míseros 50 euros. Enfim, vivendo e aprendendo. Para encher os bolsos aos outros assim o melhor é trabalharmos para nós. Ainda terei um a câmera e farei os meus filmes com roteiros que eu escolher e/ou escrever. E caso chame uma equipe esta terá que ter a sua retribuição e valoriozação, seja esta qual for. Valorizar o trabalho alhei é um principio básico. Achar que a outra pessoa não precisa, pode oferecer o seu trabalho voluntariamente porque ainda está a ter uma oportunidade.... Uma falácia. É o lado cinico da exploração.

O que me pega realmente são as insolidariedades, desolidariedades, asolidariedades. Estas podem assumir vários contornos e estão muito em voga nesta lógica neo liberal e meritocrata. Mas o que é para mim -  sim para mim pois não posso falar em nome dos outros e falo  a partir das minhas vivências práticas, que de teorias está o mundo cheio - é curioso perguntarmos para alguém ou para várias pessoas onde estava a solidariedade para com os trabalhadores portugueses até 2017/2018, o que se conhecia dos seus desafios e lutas para sobreviver à Troika e ao desemprego? Onde  estava e está a solidariedade da classe artistica? Porque a classe artistica nem sempre se une e perde tempo com rivalidadezinhas, disputas de ego mesmo aparentando muito "só amor"? Daí, do outro lado não vem nenhuma resposta... Ou vem uma percepção distorcida da pergunta: " Ah! Sua branca! Sua previligiada! Sua invejosa! Sua mulherzinha! Sua isto! Sua aquilo!" Enfim, eu já escutei isto duma mulher brasileira que me fez revisitar uma relação abusiva com o pai desta minha Mogli aqui. Exatamente o mesmo discurso! Ufa! Eu quero para nossa vida amizade e amor. Nem todos precisamos de ser amig@s, mas pelo menos respeitos@s e amistos@s.

Concluindo, espero que esta minha filha como a outra que são mistura de pessoas com diferentes pigmentações nunca ataquem outras mulheres com esse tipo de argumentação. A mamã, aqui, agradece profundamente. Assim como se posicionem com inteligência emocional quando alguém tentar pisá-las. 
Só espero que quando esta pandemia finalizar  os encontros presenciais sejam muito mais leves e luminosos, como tal olhar para as nossas sombras não é só um direito, é um dever. Essa de sermos só luz e apresentarmos-nos como militantes  mas depois a solidariedade não está contemplada é roubada. Ou não é? Se não for avisem-me. Quer ser dona da verdade absoluta não é o meu ofício. 
Numa próxima falaremos sobre comunicação não violenta e a capacidade de pedir perdão e perdoar, dispensando conceitos teóricos do politicamente correto.

A Piu
BR, 28/11/2021

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