domingo, 14 de novembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XI


Revejo o filme " Lisboetas" (2004) de Sérgio Tréfaut sobre as diferentes diásporas de migrantes nesssa cidade, onde nasci e mais tarde vivi até uma no antes desta foto já tirada no Brasil em Fevereiro de 2012. Ser migrante é um desafio e um osso duro de roer para muitos. O coração fica em farelos com o grande plano daquele homem da Guiné Bissau que quer se legalizar e não pode perder mais um dia de jorna para ir ao Serviço de Estrangeiros, aqui Policia Federal. No foto estou com o coração cheio de esperança que tudo corra bem e que seja acolhida no Brasil. Algumas vezes isso acontece ( e a minha gratidão é infinita) e outras são baldadas de águas fria 'ca pessoa até anda de lado.

Sérgio Tréfaut nasceu em São Paulo em 1965, 8 anos depois de seu pai, o jornalista e escritor, nascido no Alentejo em 1925 Miguel Urbano Rodrigues se exilar. Este exilou-se no Brasil em 1957, em pleno fascismo português. Em 1964 chega a ditadura militar no Brasil. Volta a Portugal no pós 25 de Abril. Um dos filhos é preso e quase assassinado por essa ditadura brasileira por volta de 74/75. Em 74 Miguel U.R. volta a Portugal e assume alguns cargos de poder ligados ao partido comunista português até aos anos 90. Enfim, existem várias figuras desta família que representam o outro lado da moeda da portugalidade. Já o Sérgio adota o o sobrenome da sua mãe francesa sem nunca esquecer na sua obra cinematográfica a classe trabalhadora que transita no território português. A obordagem dele é, para mim, honesta. Ele mostra quem é explorado e excluido e dá voz. Sim, a exploração de trabalho em Portugal ainda é efectiva. Como no Brasil. E quem acha que vai enriquecer em Portugal, porque vai ganhar em euros, à custa do seu salário é bom que se informe longe da propaganda e das noticias fake, assim como dos modismos gourmet.
Durante muitos, mas muitos anos, nesta minha breve existência, eu perguntava-me porque no Brasil uma grande parte da população não conhecia o que se produzia artisticamente em Portugal. Ok, ok há sempre uma citação aqui e ali do Fernando Pessoa e do José Saramago e até do Mário de Sá- Carneiro. Em alguns casos é chique porque dá aquele ar de erudição. Ihihih Mas hoje até desconfio que alguns acharão que estes são brasileiros. Sim! Patriotismos à parte que nem patriota eu sou porque isso é coxinha mais que demais, mas você caro leitor vai aceitar que digam que o Gilberto Gil é do Estados Unidos como o Bob McFerrin? Não! Claro, que não! Logo o Gilberto Gil que além de ser bahiano foi Ministro da Cultura no Brasil!
Já li Darcy Ribeiro e escuto muitas pessoas dos movimentos negros e indigenas. Fico triste quando falam "os portugueses", embora entenda a sua dor e revolta. Mas continuo a reforçar algo que deveria ser óbvio: há portugueses e portugueseS, como brasileiros e brasileiros. Embora eu concorde que não tem como dizer " eu não sou racista" e sim dizer " eu sou anti racista", como esses movimentos alertam.
Porém descobri que existe uma fobia criada por conveniência pelos brasileiros descendentes dos portugueses e colonos em que os próprios perpetuam essas práticas nefastas de subjugação dos não brancos: lusofobia. Uma fobia a Portugal e tudo o que é português. Só me pergunto o que essas pessoas fazem ou querm fazer em Portugal. Como elas enxergam e honram as suas origens portuguesas sem mentirinhas nem falsidades. Eu tenho algumas respostas em relação aos equivocos dos que se acham colonizados e nem se enxergam que são os colonizadores. Mas agora vou fechar os olhos, como na foto, e respirar fundo desejando que a volta ao convivio social, como o Carnaval, tenha mais qualidade no contato visual. Porque essa de beijos descartáveis com gosto a cerveja Devassa dá cá uma daquelas ressacas dum vazio existencial que nem dá para filosofar. Porque apesar de tudo o homem é sempre o caçador, o conquistador e as mullheres ou são as conquistadas que se descabelam pelo bambambam oi são devassas. Ai que preguiça! O melhor é silenciar para que o entendimento de dentro para fora seja vitorioso. O que veio antes? O desejo descartável ou o Amor próprio e o respeito pelo outre onde coisificação não entra mais no léxico dos que se dejam emancipados?
A Piu
Br, 14/11/2021

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