* expressão idiomática que significa: olhar de frente e lidar.
Eu sou neta de migrantes. Aqui dão o nome de retirantes. Pronto, é isso. Como muito orgulho. Orgulho-me dos meus avós, que foram explorados e fizeram o que estava ao seu alcance para que as suas duas filhas pudessem estudar para serem secretárias ( não tem aquele status bambambam mas é emancipatório dadas as circunstâncias) do que alguém que explora e acha isso normal, repleto de mérito. Sou também dum país de muitos emigrantes. Que saíram de Portugal para outros destinos. Assim como Portugal recebe muitos imigrantes. Curioso, não? Uns vão, outros chegam.
Desde criança nunca entendi porque algum povo emigrante não recebe, acolhe imigrantes com dignidade. Ingenuidades minhas... O preconceito, a segregação, a desvalorização ainda pautam o dia a dia das dinâmicas sócio politicas a partir do momento que se passa uma fronteira, seja esta explicita ou não.
Sim, para muitos os ismos são chatos ( para mim também é um cadinho, mas incontornáveis) " Eh pá! Sempre a falar da mesma coisa, pá!" Pois, mas quando sentimos na pele subtil ou escancaradamente nós precisamos de olhar de frente e posicionarmos a modos que assim: " Alto e para o baile!" Talvez em alguns casos é preciso sentir na pele o quanto é bom ser acolhid@ e respeitad@ para que passemos a olhar a outra pessoa como alguém que também nós somos. Nem sempre isso acontece... Depende do grau de sensibilidade e das tais das circunstâncias.
A minha querida amiga, não é uma amiga de longa data nem intima mas é amiga e fica aqui registrado publicamente que ela pode contar comigo, Carol Bampa que é artista visual e produtora brasileira que vive desde 2017 em Portugal, ao passo que eu vivo desde 2012 no Brasil, sendo que já morara no Brasil temporariamente tendo uma filha dessa nacionalidade. Voltando, ela lançou uma coleção de T-Shirts ( camisetas) Respeita. Pt pra empoderar as mulheres brasileiras imigrantes em Portugal e no mundo. Iniciativa potente!
Sim, ser mulher no mundo ainda é um desafio e em muitos lugares não é nada fácil. Mas o que me traz aqui é dar inicio, eu acho até que já dei, de várias reflexões acerca desse trânsito Portugal/ Brasil e vice versa, principalmente enquanto mulher.
Infelizmente, a mulher brasileira não só em Portugal mas em muitos lugares do mundo, nomeadamente na esclarecida e civilizada Europa, é vista e tratada algumas vezes como objeto sexual, já não falando da desvalorização da força criativa, reflexiva e produtiva numa outra lógica que não a patriarcal que a maioria de nós mulheres, de qualquer nacionalidade vivemos. Parabéns aos países que se consideram emancipados ( mas ainda estou a conhecer o sotão e a cave dessas belezuras. Sim, não é tão descarado... Mais asséptico vá... Sei lá! Principalmente quando se trata de imigrantes. ) Enfim, a proposta é destrinchar essa relação 'eu' e @ outr@ e sermos mais gente de verdade com o respeito e a ética na base.
A Piu
Campinas SP 18/02/2021
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