Lá por 2000 conheci a revista " Caros amigos". Durante um dos meus on the road ( pé na estrada) por esse imenso Brasil com destino ao Matogrosso, descendo o litoral nordestino, passando por Minas e Rio. Foi através desta que conheci o MST e o Lula. A revista mais à esquerda do Brasil. 'Tá! Belele! Belezura! Vamu ki vamu! Tinha umas matérias interessantes e contextualizava o território onde eu pisava. Para mim é importante conhecer os vários lados da história e suas resistências e re existências. Sair do manual oficial, instituído mediaticamente só por uns, os lá de cima o que lá querem chegar dentro duma lógica desigualitária. E também entender e confirmar a complexidade que faz um Estado, país, um continente.
Em 2011, um ano antes de emigrar para o Brasil não porque me tenham mandado embora e sim por um desejo antigo e que quase de pirraça me fez querer ficar em Portugal para não fazer a vontadinha aos governantes da época, ocorreram vários protestos e acampadas em Portugal e na vizinha Espanha. Muito antes do Wall Street Center.
Eram concentrações politizadas porém sem nenhum partido a representar as mesmas. O pessoal estava cansado de partidecos, incluindo eu. Perto de minha casa, no centro de Lisboa, durante meses dezenas de pessoas montaram pernoitaram no local acontecendo várias assembleias populares e inciativas de organização e ações nas comunidades. Porto, Coimbra e outras cidades também aderiram à iniciativa. Uma tentativa de não sermos engolidos por um sistema implacável de precarização e especulação neo liberal.
Em 2012 aqui estava eu no Brasil num governo ao qual o Lula pertencia. O resto dessa historia acredito que já sabem. Teve os seus lados positivos e também outros que deixaram muito a desejar e foram pretexto para que as coisas se dessem do jeito maneira que se deram. Uma delas que me saltou à vista foi a democratização do cartão de crédito, possibilitando muitos a terem acesso a bens que antes não tinham mas também a se endividarem. Também me saltou à vista um desconhecimento acentuado do que se passava no sul da Europa. Muitos ainda glamourizam a Europa entre um sentimento de deslumbre e ódio. E bastante equivocada quanto ao sistema de segurança social. Acham que vivemos todos de ajuda do Estado... Ah! Una ainda acham que esse sistema é fruto do saque colonial. My dog! Uma coisa pouco saudável, diria porque equivocada e com uma empatia pela classe trabalhadora dessas bandas quase nula.
Nesse ano reencontrei a revista. Deixa-a de ler quando esta colocou uma grande mentirinha tendenciosidade num assunto que eu estava por dentro. Dizia ela que os protestos eram promovidos pelo partido comunista português. Xina man agora ferrou! Poderia até ser verdade, mas não era! Perdeu a credibilidade. Deixei de a ler... para pena minha.... tinha assuntos que me interessavam, mas se mentem com algo conheço como será com assuntos que não estou tanto por dentro mas quero conhecer....
Estarmos informad@s de várias fontes, principalmente de pessoas de carne e osso que viveram uma ou mais situações, sabendo de ante mão que as suas verdades não são absolutas mas existem factos, além de atraente é fundamental.
Aqui fica mais um testemunho da resistência do meu povo antes e depois da gourmetização que é como um canto da sereia da Disney.
Ah! Hoje muitos levantam-se para dizer não ao regresso do fascismo. Um assunto, infelizmente, em voga por toda a Europa e também Américas.
A Piu
Campinas SP 07. 02.2021
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