quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

NÓS, OS DA GERAÇÃO X


O doidão lá, todo tatuado foi finalmente com os Jeovás que todo o santo domingo lhe batiam à porta enquanto a avó assistia no canal 1à Eucaristia Dominical. Entre uma hóstia e outra na tv o doidão já estava a fazer das suas até chegar à hora da fórmula 1. Tivera uma namorada do tantra, mas com tantra doideira na cabeçorra não deu conta do recado. Conheceu-a no festival super bock rock e passaram o resto do Verão na praia. Conheceram um pessoal que era de esquerda apartidária e que fazia nudismo, quando os mirones iam almoçar, jantar e dormir ou meterem-se com as miúdas veraneante no centro da vila, e assim eles ficavam mais de boa na praia. Mas caso precisassem libertar os fígados, despiam-se assim que viam um mirone para o injuriar logo de seguida e assim irem mais leves tomar o seu banho de mar e beber a sua gasosa de seguida, envoltos na toalha até ao próximo mirone.
O doidão agora era jeová. Tentara ser budista, mas era demais ficar calado muito tempo para ele, muito menos perceber que todas as maleitas que ele via fora estavam dentro e que só ele mesmo se poderia salvar a ele próprio. Já a sua madrinha lia um livro sagrado muito antigo escrito e re escrito milhares de vezes e ela falava como se tudo tivesse acontecido ontem tal e qual à beira do rio Jordão. E era assim mesmo e pronto.
Os amigos do doidão, os que ainda andavam por cá, zombavam do doidão por este ter traído a sua tribo.... Mas o que era facto é que hoje o doidão conseguira se atinar e até já tinha um emprego e levantava-se cedo!!!! Teve uma outra namorada que dizia ela que a nova era estava a chegar. Ele não entendia muito bem o que era isso porque não vinha nas revistas que ele agora também distribuía aos domingos de manhã e assim nem uma folguinha por semana ele agora tinha.
Já o pessoal nudista de esquerda apartidária quando farejava um careta ao longe esfregava as mãos e quando ouviam falar em almas achavam tudo aquilo uma caretice e fugiam a sete pés com medo de serem contaminados por alguma seita. Eram filhos da pós modernidade, mesmo que se dissessem contra o sistema eram filhos deste.
O velho siouxie em cima dum arranha céus em Manhattan soprou o seu sagrado cachimbo ao som de Siouxie and the Banshees. Suspirou profundamente com tranquilidade olhando as luzes da cidade como se fossem espíritos da floresta. Mas isso era uma coisa só dele para ele em cima do arranha céus, mais perto das estrelas. Sem alaridos longe das apropriações o velho siouxie preservava a sua intimidade e os segredos do seu espirito. Imóvel, soltando a fumaça do seu cachimbo ancestral que se misturava com as nuvens.
A Piu
Campinas SP 17/02/2021
dedicado ao meus amigos de adolescência e juventude e vida atual no momento presente do agora mesmo que à distância



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