A primeira telenovela que passou em Portugal foi o romance adaptado do Jorge Amado. Três anos volvidos depois da revolução dos cravos, Portugal descobria outros mundos para lá da censura que viveu durante o ...fascismo de 48 anos. SEXO JÁ NÃO É TABU! Podia-se ler na revista Mulheres, uma revista feminista que se comprava nas bancas quando se ia comprar o maço de cigarros Português Suave para o marido. Em 1977, as mulheres divorciadas eram mal vistas e fumar era cá uma modernice!!
A assembleia da República fechava mais cedo para o pessoal ir para casa assistir às denguras da Sónia Braga. Em 1977 vivia-se uma ditadura militar no Brasil, mas Portugal consumia literatura brasileira e MPB (Elis, Caetano, Chico, Milton, Gal, Vinicius, Toquinho e por aí afora). Portugal finalmente respirava outros ares e sorrir e até mesmo sonhar respirando para lá da tríade:"Deus pátria familia"
O primeiro Jorge Amado que li tinha uns 13 anos. "Capitães de Areia". Dura realidade que até hoje persiste na escrita fluida do Amado. Outros li, mas "Gabriela Cravo e Canela" li há uns 4 anos. De uma poesia e sensualidade inspiradora. Imaginei uma Gabriela tão livre, tão inocente, bela e sensual que quando fui ao you tube rever episódios da novela fiquei um pouco decepcionada, apesar da beleza da Sónia. Mas muito aquém do imaginário sugerido do Amado. A escrita é uma viagem.
Hoje não vejo novelas. Ou elas perderam qualidade ou os meus gostos alteraram-se. Ou as duas coisas.
Sensualidade e erotismo não é o mesmo que pornografia. No meu ponto de vista, erotismo é poesia, apela à imaginação. Erotismo é libertário. Apetece-me afirmar isto. Pronto! Mas apetece-me dizer também que pornografia é opressor porque mecânico onde os intervenientes são objetos de prazer descartável.
Sexo ainda é tabu, assim como o amor. Num panorama televisivo de big brothers e outros valores massificados, como ir contra a corrente?
Talvez desligar a tele e sensualizarmos-nos com outros estimulos menos consome e joga fora.
a piu
Br, 27.12.2013
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