terça-feira, 7 de maio de 2013

VENTOS DE MUDANÇA

No cimo do armário está uma garrafa. Em cima da prateleira a bonita garrafa de doce licor olha o mundo. Garrafa degustada. Nada a impede de acariciar o pequeno cálice. A garrafa está no cimo do armário, olhando o mundo, para deguste de lábios sedentos. A brisa que da janela se egueira contorna a linda forma da garrafa. A garrafa de doce licor mira o mundo acariciando os pequenos cálices que acariciam lábios sedentos. Da janela a cortina voa ondulante.  A garrafa abana. Tremelica. As portadas batem. Alguém empurra o armário contra a porta para que os ventos não invadam a casa, mas o vento é forte. A bonita garrafa de licor doce ameaça tombar vertiginosamente. As cortinas batem no teto. A garrafa estatela-se no chão. Uma queda seca. Deixou de ser uma garrafa. verde, passou a ser um monóculo. O licor doce acaricia o verde monóculo em que agora a bonita garrafa se tornou. Uma dádiva dos ventos de mudança, um reinventamento de si mesma após a sua queda seca vertiginosa e resignificante.



a piu Br, 7 de Maio de 2013

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