terça-feira, 21 de maio de 2013

DE SORRISO LEVE

E a vida continuou milhares e milhares de vezes. Continuou após momentos suspensos, interrompidos momentos. Continuou, diante de uma cicatriz, de uma pequena ferida aberta continuou. Continuou milhares e milhares de vezes durante milhares e milhares de anos. A vida continuou porque não deveria parar. Continuou num longo deserto rumo ao mar. Continuou mesmo quando vivalma não se avistava. Continuou depois de uma súplica, de uma luta inglória para prender outras vidas que se iam à vida.

Continuou perante um sorriso triste, mas um sorriso.

Continuou depois da alma se esvaziar para voltar a ser.

Continuou porque sentia que deveria continuar. Milhares e milhares de segundos afagados nas pontas dos dedos. Milhares e milhares de respirações cortadas pela incerteza. E a vida sempre continuando, mesmo quando a mais pequena chama ameaçava apagar-se.

Continuou porque tinha de continuar. Continuou de sorriso leve no respirar. Um sorriso que segurava quem à vida queria segurar, continuando. Continuando vivo e não sem vida. Com vida e com o mais profundo segredo que tudo é uma passagem que se imprime no invisivel, no indizivel. Numa passagem que ora nos detemos aqui e ali, deixando marcas mais ou menos profundas daquilo que somos e desejamos ser. Continuando de sorriso suave, leve. De uma leveza marcante num tempo e num
Imagem: Inês d'Espiney
espaço impalpáveis.

a piu
Br, 21 de Maio de 2013

dedicado à minha querida amiga Ana Santos

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