Há
dias em que o sol não aparece. Nesses dias pode acontecer que a pessoa
fique com menos paciência para a ciência do dia a dia de todos os dias.
Talvez porque tem de enfrentar esse tal cotidiano do agora ou vai ou
racha e fique com uma certa preguiça para debater, discutir, reflectir
sobre questões que parecem tão óbvias. Bom, mas o óbvio nem sempre é
óbvio para todos. É óbvio, ou deveria
ser, que todos temos direito à vida, a comer, beber, a pernoitar em
lugares dignos do gosto de cada (eu gosto de dormir na praia ao
relento), assim como ter liberdade de expressão. Talvez, para alguns eu
seja uma desbocada. neste momento, sinceramente tenho a consciência
tranquila relativamente a tal. Há momentos que a pessoa leva tanto no
lombo que o lombo já vai, já cede. Uma espécie de perdido por cem,
perdido por mil.
Hoje, cruzo me com um anuncio: "Contratam-se
moto boys". Olha! Eu já fui moto girl! Será que me aceitam?...Na mesma
época pousei para um pintor. Modelos nu. Pena não ter comigo a minha
velha moto aqui, nem saber de algum pintor ou aulas de desenho para
pousar. Preciso de trabalhar mais ainda.
Hoje houve um
manifesto na universidade. Alguns rapazes vestiram saia em solidariedade
a um estudante da Universidade de São Paulo que foi alvo de chacota.
São Paulo! Opa! Uma cidade do mundo! Ai que canseira, que preguiça ter
de defender questões aparentemente tão básicas como a liberdade de
expressão, a liberdade de se ser o que se quer ser desde que não enfie o
cotovelo no olho do próximo. Lembra me a minha adolescência quando
calçava botas de camponês alentejano com saias ou calças e andava de
blusa desbotada e colete do meu bisavô numa escola onde a marquinha e a
ostentação é que contava. Por reação cortava toda e qualquer etiqueta de
marca considerada relevante e largava a moto e o capacete bem longe dos
olhares alheios. eheheh sou muita rabelde!
Ai que canseira
debater se o homem beija com língua outro homem, se existem mulheres que
gostam de mulheres mais velhas, que o homem solteiro quer adotar uma
criança e um cachorro. Ai que canseira as mulheres terem de se depilar
só porque sim e os homens se dividirem entre machos e larilas. Ai que
canseira tremenda. Chissa! Chaissa! Os soutiens foram queimados, a
mulher já fuma e usa calça há décadas. Dizem que o homem já foi a lua e
que e possível fazer bebés provetas.
Gosto, sinceramente, ver
um homem de saias. Acho bonito, sensual, charmoso. Gosto de ver mulheres
sensuais sem serem bonequinhas de cera. Gosto de corpos nus, cobertos.
Corpos sem fome de liberdade. Talvez seja hoje que me dei conta uma vez
mais que existem preocupações básicas de subsistência que é ter comida
na mesa, ter mesa, ter cama, ter casa, andar na rua com dignidade,
beijar e abraçar quem se gosta, sorrir mesmo quando a chama está
pequena. Ai que canseira a moral os bons costumes serem uma falácia
geringácia que empata a vida dos seres viventes.
A piU
Br, 23 de Maio de 2013
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