sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

SERES SIDERAIS

seres siderais são humanos e animais
atemporais
locais
globais...

brincam
e
dançam
nos quintais

seres siderais
voam, cruzam temporais

seres siderais sonham com mais
no menos
o mais

no simples são transcendentais

seres siderais bailando nos quintais

a piu
br, 27.12.2013
pintura: Marc Chagall
 
 

SEMPRE GABRIELA, MEUS CAMARADAS


A primeira telenovela que passou em Portugal foi o romance adaptado do Jorge Amado. Três anos volvidos depois da revolução dos cravos, Portugal descobria outros mundos para lá da censura que viveu durante o ...fascismo de 48 anos. SEXO JÁ NÃO É TABU! Podia-se ler na revista Mulheres, uma revista feminista que se comprava nas bancas quando se ia comprar o maço de cigarros Português Suave para o marido. Em 1977, as mulheres divorciadas eram mal vistas e fumar era cá uma modernice!!

A assembleia da República fechava mais cedo para o pessoal ir para casa assistir às denguras da Sónia Braga. Em 1977 vivia-se uma ditadura militar no Brasil, mas Portugal consumia literatura brasileira e MPB (Elis, Caetano, Chico, Milton, Gal, Vinicius, Toquinho e por aí afora). Portugal finalmente respirava outros ares e sorrir e até mesmo sonhar respirando para lá da tríade:"Deus pátria familia"

O primeiro Jorge Amado que li tinha uns 13 anos. "Capitães de Areia". Dura realidade que até hoje persiste na escrita fluida do Amado. Outros li, mas "Gabriela Cravo e Canela" li há uns 4 anos. De uma poesia e sensualidade inspiradora. Imaginei uma Gabriela tão livre, tão inocente, bela e sensual que quando fui ao you tube rever episódios da novela fiquei um pouco decepcionada, apesar da beleza da Sónia. Mas muito aquém do imaginário sugerido do Amado. A escrita é uma viagem.

Hoje não vejo novelas. Ou elas perderam qualidade ou os meus gostos alteraram-se. Ou as duas coisas.

Sensualidade e erotismo não é o mesmo que pornografia. No meu ponto de vista, erotismo é poesia, apela à imaginação. Erotismo é libertário. Apetece-me afirmar isto. Pronto! Mas apetece-me dizer também que pornografia é opressor porque mecânico onde os intervenientes são objetos de prazer descartável.

Sexo ainda é tabu, assim como o amor. Num panorama televisivo de big brothers e outros valores massificados, como ir contra a corrente?

Talvez desligar a tele e sensualizarmos-nos com outros estimulos menos consome e joga fora.

a piu
Br, 27.12.2013
 
 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

CONVERSAS INTIMAS



 Raiva não é o mesmo que indignação, silabou a menina no meio do quintal para o cachorrinho de olhos doces e levantados como as orelhitas de lá para cá com a cabeça em interrogação.

Indignação é quando queremos perservar a nossa dignidade, então abrimos as mãos para quem se quiser juntar, falou a menina enquanto o novelo de lã amaciava o polegar o indicador....

Raiva é quando jogamos tudo a perder. Nada a ganhar, nada a perder. É o ego que está cego.
Raiva é também uma doença de cachorro. Eu não quero nunca que tenhas. Indignação é não poder fazer nada por ti. E sabes que eu gosto de ti. Dizia a menina enquanto o cachorro brincava com o gatinho de duas semanas ao vai e vem do novelo de lã.

Eu não quero sentir raiva, mas não quero deixar de sentir indignação. Indignação é uma manifestação de amor. É bom estar aqui no quintal. disse a menina de 103 anos quase 120.

Ana Piu
26.12.2013

BÁLSAMO


do outro lado do horizonte outros horizontes se apresentam
do outro lado de nós outros nós se revelam
do outro lado da revelação uma descoberta que já existia
do outro lado existem outros lados...

nos outros lados outros horizontes que revelam horizontes
entre nós e vós
que nos fazem não estar sós
estar com nós
sem nós

pipiripipiu
 br, 26.12.2013
 

 

E DEPOIS DO NATAL AINDA ESTAREMOS POR CÁ?



 Meu querido diário as redes sociais são pontes e são muros. São pontes que nos levam até quem está longe de nós e muros quando a carência de um olhar nos olhos e um toque de pontas de dedos ou de ...um abraço pode gerar mal entendidos outros. O mundo é louco ou sempre esteve louco? Seremos nós uns potenciais loucos? A loucura não é nociva, desde que libertadora de nós mesmos. Nós somos nocivos quando não abrimos a nossa gaiola. Somos prisioneiros de nós mesmos.

A poesia é uma arma. Uma arma pacifista que agita a nossa alma. Acho que estamos num momento histórico que precisamos muito de sonhar, alimentarmos-nos com os nossos sonhos reais. Sabemos onde estão as mazelas do mundo, as injustiças, as explorações. Estamos intoxicados com excesso de informação.

Sabemos que é uma luta inglória tentar mudar o mundo. Mudemos então o nosso. De dentro para fora. Desintoxiquemos-nos.

Sabes meu querido diário, agora vou-me sentir uma padreca mas não vou deixar de o dizer: Andamos todos cansados. Cansados de nós mesmos. Porquê? Porque muitas vezes em vez de sorrir ou simplesmente caminhar leve alimentamos nocividades. A raiva é das expressões máximas da nossa tristeza. A tristeza são frustrações por resolver. Numa sociedade onde a competição é promovida a frustação é um desafio entre mãos.

Abrir mão. Aceitar os nossos fantasmas interiores e com muito carinho limpar-lhes as mais reconditas entranhas. Saber receber também é importante. Saber receber um gesto de amizade profunda. Quantas vezes já recusámos consciente ou inconscientemente gestos tais, meu querido diário? Enfim, fazer da nossa vida uma obra de arte. Arte bruta, arte naife, pop arte, mas se respirarmos leveza tudo se torna mais leve, mais claro, mais verdadeiro, mais nós. Menos leviano. Mesmo com todos os desafios da vida. Mas sem desafios a vida não tem piada!

piu
Br, 26.12.2013
 
 

QUI PRO QUOS ou ELE HÁ COISAS LEVADAS DA BRECA



 - Queres comer um figo?
- Inimigo? Quem é o inimigo?
- Vá! Não há inimigos. Dá cá uma abraço!
- Disses-te que tá tudo mal o que eu faço?
- Nãããoooo queria dizer para escolheres ser feliz.
- Que eu sou uma meretriz?!
- Nãããoooo que gosto de ti!
- De mim? O que é que queres dizer com isso?...
- Gostava que fosses minha amiga.
- Inimiga? Onde está a inimiga?
- Chiçaaaa!
- Tás me a mandar para a Suiça? Porquê? Porquê?

pipiripipiu
Br, 26.12.2013

NO TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FALAVAM E FALAM



 Farrusco conheceu o Fadista nas traseiras de um restaurante mesmo no centro da cidade. Farrusco foi abandonado de pequenino num beco sujo do terminal central. Habituado a ser enxotado com pontapés e baldes de água, encolhia-se fugidio ao primeiro gesto de afago e atenção de um qualquer transeunte.

Fadista, que já fora chamado de Benfica pelos donos da casa de onde fugiu, rosnava a cada movimento. Fora segurança de uma mansão num ba...irro nobre da cidade. Tirano, o seu dono treinava-o para guardar a casa rodeada a arame farpado. Restrito a uma dieta de água e um punhado de farelo de galinha Fadista, a na época Benfica pelo seu dono ser sósio ser sósio númeo 20346 do Futebol Clube do Benfica, revoltou-se. Num dia de chuva, enquanto o mercedes do Senhor Deodato Camafeu entrava záás fugiu.

Hoje anda pelas ruas alimentando-se dos restos dos mais conceituados restaurantes. Farrusco sonha em ter um dono, mesmo encolhendo-se todo po medo de levar pancada. Fadista ensinou-o a rosnar, mas ele prefere escutar música com o seu amigo. Rosnar não é a onda dele. Não curte rosnar nem morder. Curtem escutar Ramones. Riem-se a bandeiras despregadas com aquela: "I wanna be your dog".

moral da história: é divertido ter amigos, escutar música e rir a bandeiras despregadas

pipiripipiu
Br, 26.12.2013
 
 
 
 
 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

BOAS FESTAS E FESTINHAS E PROSPERIDADE PARA TODOS NÓS



Nesta quadra festiva que desejamos tudo de bom uns para os outros, o que é no minimo plausível e decente já que a decência é algo que até que nem nos fica nada mal e até nos fica bem. Desta feita, com toda a sinceridade desejo para todos nós todos os sentidos que possamos sentir com o objetivo uma vezes mais objetivo outras mais subjetivo e quem sabe os dois ao mesmo tempo...

Espera aí que a frase ficou enorme! Alto e paira o baile! Recomeçar não faz mal! Não é o fim do mundo!

Desejo para nós todos que o olhar, o olfacto, o tacto, o paladar, a intuição, a racionabilidade, a inspiração e a expiração nos movam para um sentido mais solidário deste nosso viver. E isso não se compra nem se vende, respira-se.
Boas festas, festanças, festinhas e festalhaças e um próspero ano novo para todos nós.

A na Piu
Br, 23.12.2013
Imagem: André Letria



IMOBILIDADE RECEPTIVA

IMOBILIDADE RECEPTIVA

O olhar não se detinha
fugidio
o sorriso colado no rosto
escondia incertezas
no excesso de confiança as pernas fraquejavam

uma culpa em desejar ser
um receio em permitir-se

nas madrugadas
a noites eram longas

fotos amarelecidas pela memória
de felicidades momentâneas

ia-se distraindo na vaguidão do tempo
tentando convencer-se que as madrugadas acordariam adormecidas pelos entardeceres, onde o olhar fugidio se escondia nas incertezas da culpa com receio da sua confiança

as pernas fraquejavam, mas caminhando continuavam
até o olhar se tranquilizar nas madrugadas das noites curtas
encontrando-se encontraria o olhar sorrindo

a piu
Br, 22.12.2013

domingo, 22 de dezembro de 2013

e os enamorados choraram
na tentativa de se protegerem da chuva as suas lágimas misturam-se com o gotejar das cinzentas nuvens
na tentativa de se protegerem do sol
este secou a humidade do desejo

fecharem a proteção...
abrirem o coração

os enamorados choraram
em silêncio para que não os escutassem
mas existindo muitos enamorados
há sempre algum barulho que se escapa

os enamorados continuaram a existir

a piu
Br, 21.12.2013
 
 

COMO FOLHAS SECAS

Como folhas secas suspensas
por detrás das nuvens está o sol
como folhas secas couraças já não eram

a queda da chuva que amolecendo
o sol que aquecendo...
como folhas ressequidas pela espera
voaram pelos ares
no instante que antecede a chuvada
ventania

como folhas ressequidas por velhos hábitos que já não serviam
ali suspensas
prestes ao grande temporal
para depois
o sol

A na piu
Br, 22.12.2013

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

APÓS DOIS ANOS PIU VOLTA A VISITAR HOSPITAL COMO DÓT' ORA POIS POIS

Com um brilhozinho nos olhos
E a saia rodada
Escancaramos a porta do hospital
Trazias o cabelo acima dos ombros
Passeando de cá para lá
Como as ondas do mar

Conheço tão bem esses olhos
E nunca me enganam
O que é que aconteceu diz lá

É que hoje fiz uma amiga
E coisa mais preciosa no mundo não há
É que hoje fiz uma amiga

E coisa mais preciosa no mundo não há
Com um brilhozinho nos olhos
Metemos o carro mais longe por falta de água no motor
o meu calhambeque é um primor!






Metemos o carro
Muito à frente muito à frente dos bois
Disse logo: Sou a Dót' Ora Pois Pois
Ou seja fizemos promessas de nos voltarmos a encontrar
Trocámos retratos
Trocámos reflexões dos nossos projectos
Trocámos de roupa trocámos de corpo
Trocámos de cumplicidade tão bom é tão bom
E com um brilhozinho nos olhos
Trocámos musicadas
Pelo menos a julgar pelo som
E com um brilhozinho nos olhos
Tocámos "barulhadas"
Pelo menos a julgar pelo som
E o que é que foi que  sentiste?
E o que é que foi que pensaste?

Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louca
 Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco


Com um brilhozinho nos olhos
Dissemos sei lá
Tudo o que nos passou pela tola
Do estilo: raza munhe nhau nhau
xiribita berimbau

Dou-te vinte valores
És muito divertida, curto esta investida
E às duas por três
Bebemos um copo de água
Fizemos o quatro e pintámos o sete
E com um brilhozinho nos olhos
Ficámos imoveis
A dar uma de tête a tête
E com um brilhozinho nos olhos
Ficámos imoveis
A dar uma de tête a tête

E o que é que foi que sentiste?
E o que é que foi que pensaste?
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louca Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco

E com um brilhozinho nos olhos
Tentámos saber
Para lá do que muito se amou
Quem eramos nós
Quem queriamos ser
E quais as esperanças
Que a vida roubou
E olhei-a de longe
E mirei-a de perto
Que quem não vê caras
Não vê corações
E com um brilhozinho nos olhos
Guardei um amigo
Que é coisa que vale milhões
E com um brilhozinho nos olhos
Guardei uma amiga

Que é coisa que vale milhões
E o que é que foi que ele disse?
E o que é que foi que ele disse?

Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louca
 Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco
Portanto! Hoje soube-me a tanto!


Obrigada Ana pelo convite!


Obs:
Visita ao Hospital Boldrini, Barão Geraldo
 texto: adaptação da letra do Sérgio Godinho "Com um brilhozinho nos olhos"

pipiripipiu
Barão Geraldo, 19.12.2013




Caixinha, Ana Elvira Wuo

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

HIERÁRCULICAS RELAÇÕES

Não quero relações hierárculicas
fazer da vida um campo de batalha
fazer do possivel aliado um monstro perigoso
não quero subir o Monte Olimpo
quero subir o Atlas e respirar as diferenças de paisagem
de saber que viemos de eco sistemas distintos mas que caminhamos ombro a ombro
quero contigo caminhar ombro a ombro
acolher sem afastar por receio do acolhimento

não quero ser chefiada nem chefiar
quero orquestrações entre os meus quereres e os teus quereres
não quero estar acima nem abaixo
ombro a ombro mesmo que venhamos de eco sistemas distintos
do cimo do Atlas posso ver sentindo que o mundo é vasto e que as relações hieráculicas não passam de inseguranças, revestidas de vaidade, despidas de escuta, desnudadas de corpo, destituidas de alma
desejo caminhar ombro a ombro fasquiando-nos por cima
até ao cimo do Atlas chegarmos
juntos
ombro a ombro


a piu
Br, 18.12.2013


E?

Onde andas tu? O teu medo afastou-nos. O nosso medo afastou-nos.
Onde andamos nós? Não sei que rumo o fumo tomará. Uma fumaça no tempo ficou. O tempo esfumou-se numa espera quase sem sentido. Uma incógnita de algo incógnito.

O que é feito de mim? Estou procurando-me, encontrando-me, vagueando pelo tempo numa espera quase sem sentido. Sem tino. O que é o destino?

Onde andamos nós que nos vemos mas não nos vemos? Quando nos veremos para lá da incógnita? Quando se esfumará o medo do desejo que não vai e que fica e que não sai, que nunca foi nem ficou?

Qual o destino deste desatino? Ninguém é normal. Não faz mal!
Ninguém é perfeito. Isso não é nenhum defeito.
Onde andamos nós?

pipiripipiu
Br, 18.12.2013

FIGURAS

Monthy Pythons


Eles andam aí. Caso encontre algum respeite-os, pois são seres sensiveis e honestos consigo mesmos.

SOLUÇÕES FAST FOOD? NÃO TEMO DE MOMENTO. ESGOTARAM

"Respostas, quero respostas! Onde está o sentido? O que tem para me propor? Já não acredito em mais nada. Quais as suas respostas?" Numa longa expiração os ombros baixaram. Décadas filiado a um partido, fiel a essa filiação, cegamente fiel, até a voz mudara entoado no mesmo tom reflexãos em terceira mão do seu líder que citava os pensadores da doutrina. E agora que doutrina seguir. Ir ao futebol cansava-lhe as pernas. Gostava de sentir o fervor das massas, mas a saúde não lhe permitia.

Olhou as pernas e levantou-as. Num impulso estava em pino, olhando o mundo de pernas para o ar. Vieram-lhe perguntas, tantas perguntas, tantas questões. Não se sabe ao certo se alguma resposta se avizinhou. Pela expressão assombrada, espantada as respostas já não eram a sua preocupação primeira. Manreve-se um bom tempo de cabeça para baixo. Sentiu algumas tonturas. Reposicionou-se mas uma nova etapa se apresentava diante de si.

a piu
br, 18.12.2013

RIU DA FACA SEM FIO




E o riso ecoava. Quem passava estremecia com tal estridência. Acontecia mesmo que alguns tinham a infelicidade da digestão parar. E o riso chacoteava o ar dilacerantemente. A sua insegurança cobria-se num escudo feito de gargalhos esbugalhados perante o medo da solidão. Riso mecânico, riso de alerta envernizado de quases certezas. 

À noite a riso tornava-se asmático. Alguns diriam que era o pêlo dos seus amados gatos que lhe causavam farfalheira. Acenaria que sim, revestindo-se de argumentação plausivel para esconder esse vazio que sentia e não conseguia lidar.

Ecoava-se, ressonando-se como num beco sem saída. 
De um lado a faca, do outro queijo.
Ninguém no lugar dele queria estar, ninguém queria ser como ele, porém era ele que na mão tinha o queijo  e na outra a faca. E ria-se. Ria-se sabendo que no fundo no fundo o queijo era de mentira e faca não tinha fio.


A piU
18.12.2013



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

AGORA QUASE MUDANDO DE ASSUNTO

Se te mostrares eu vejo-te
se te esconderes vejo-te na mesma, mas faço que não te vejo
entro no jogo e continuo a balançar
Se existirem muitos ses
booom a coluna fica um S
e isso faz muito mal à postura, ao semblante

com as minhas botas estou preparada para a chuva
nunca se sabe um toró que nos espera
olha! espera aí!
acho que há um espaçinho aqui do meu lado
eu encolho
bora?

pipiripipiu
Br, 17.12.2013


O MEU DESEJO DE NATAL

De tão lúcido paralisado
ali ficou
num prazer quase quase doentio em sofrer
numa dor calvárica secular de vitimização sem precedentes
Paralisado ficou
o que poderiam fazer por ele?
Nem o Marx, muito menos o Trotski, já nem falando no mau do Mao lhe valiam! Ai o Estalinho! Fora com o Estalinho que é tão mau ou pior que o Adolfo. Vá dar uma volta à Sibéria e fique por lá a plantar cerejas!
Ai! E os outros, e os outros tantos com intenções mais claras outras mais obscuras?...

Ali estava paralisadamente lúcido. Chocado consigo mesmo.
O que fazer? Já tantos tinham partido, outros desistido de em ti pensar.
Oh meu Portugalito! Eu penso em ti, pero mezzo ms non troppo, que eu gosto de sorrir por dentro. E caminhar leve. Sabes disso não sabes? Vou ficar por aqui, mas trago-te no pensamento.

Tenho uma ideia! Mando-te um beijo na boca, com todo o respeitinho, para ver se oxigenas um pouco.
Também mando uma cóceguinhas nessa auto estima para ver se desparalisas. Se não posso sempre fazer BUUUUUUHHHH vai que acordas de todo esse desmoralizar! Sabes que a desmoralização é o maior trunfo dos ditadores!! Como tal olho vivo e pé ligeiro!!!!

Vá! Vá lá! Aquece lá a alma na lareira quentinha de natal que já cansei de saber que sofres de neurose colectiva. VÁÁÁ ALÉ HOP! Sabes que te quero bem! Mas muda de faixa. Uma coisa mais alegre. Olha um fado vadio! Porque não? Quero-te ver sorrir? E dançar! Ser feliz não é pecado! Sabes disso, não sabes? Dás-me isso como presente de Natal? Siiiiim? Yeahhhhhhh

pipipripipiu
Bra, 17.12.2013




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL

Meu querido diário,

tenho um zoo na minha casa! O meu quintal é a selva amazónica! Tem o bando de pássaros da árvore junto à janela, os papagaios, um tucano ou outro, os lagartões também fazem as suas incursões ao quintal. Tem a cachorra Nica que de vez em quando é visitada pela sua mãe Quida. São iguais. Tal mãe tal filha. Agora tem a gata Mimi. Um pedaço de felino que cabe na palma da mão e que é do tamanho da lingua da Nica. Um pagode.  Uma lócura. Já não falando das agradáveis surpresas com que a pessoa é surpreendida de quando em vez. Uns presentinhos agradáveis e consisentes que consistem na demarcação de território. Umas vezes são liquidos, outros sólidos.
Enfim, tenho na minha casa o exemplo vivo da convivência de espécies diferentes que carregam a fama ancestral de rivalidade. Cachorra e gata. Vamos ver. Tenho um dejá vu só que desta vez com animais considerados irracionais. A gata Mimi é a irmã mais nova da cadelita Nica. A Nica quando pode entrar em casa, visto que abucanhar a gata é um dos seus projetos de intercâmbio canino felino, logo se dirige à pequenita tigelita de água da Mimi e afoçinha a sua ração como um acepipe melhor que a sua. A velha história: a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha.
Enfim, enfim, enfim, tenho aqui uma bela famelga reunida para compor a mesa da consoada.


pipiripipiu
Br, 16.12.2013

AZEITONA

Ilustração: Amanda Cass

Azeitona desceu a ladeira rumo ao céu. Inclinou-se fixando o olhar num ponto para que o equilibrio se perdesse. E se Azeitona perdesse o equilibrio? Rodopiaria no ar até no chão se encontrar. Talvez nem um rodopio e sim uma queda seca sem rodeios. Azeitona já tinha tudo planeado, se caísse! Colocaria o seu ar mais low profile, tipo negligé com toques de cool com alguma seriedade embutida para não ser olhada como uma tonta irremediável. Levantar-se-ia com supless, com um certo savoir faire entre o n'import quoi e um 'Oh Boy!", aconchegaria o cabelo para o lado de olhos abertos um pouco semi cerrados num abrir gradual entre um pestanejar cinematográfico e uma poeirinha indecente na sua bolsa lacrimal.
O passo de Azeitona agora tornara-se mais leve desde que encarara o mundo como ar que circula no seu interior, renovando-se a cada salto e queda. Azeitona levava o seu mundo consigo. O vestido vermelho era para que a vissem  ao longe . De vez em quando caminhava sózinha com os pés descalços para sentir a textura, o calor e o frio da terra e das pedras. O cabelo voltava a aconchegar-se quando encontrava outros alguéns com os seus mundos consistentes e leves, em fluxo.

pipiripipiu
Br, 16.12.2013

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

USA E JOGA FORA (série Can you can? Ameri can way of life)






Os amaricanos são fantásticos
usam só coisas de plástico

gostam de fortes emoções
por exemplo, filmes com expulsões e perseguições

os amaricanos ficam sempre bem na fotografia
mas  às vezes confundem erotismo com pornografia

os amaricanos transpiram bons ares
não fossem eles donos de dollares
os amaricanos sabem tudo!
sabem que a China é em África e que Espanha é uma cidade de Roma

ser amaricano é bestial
é estar do lado do bem combatendo as forças do mal

A piU
Br, 13.12.2013

O QUE FALA O TEU SILÊNCIO


o que pensas tu nas noites sem estrelas?
qual a pulsação do teu peito quando uma estrela cadente se mostra inalcansável?
que palavras são as tuas?
as tuas palavras?
que gestos se imprimem no espaço para aliviar o desejo de tocar o sol?
desejo escutar as tuas palavras
as tuas e únicas palavras
que transpirem o que sentes quando o amanhecer ainda tarda
que pulsar é esse?
esquece os autores que achas que falam melhor que tu!
esquece por momentos imagens, letras, músicas que ilustram os teus mais profundos sentimentos
que palavras são as tuas?
as tuas palavras?

esquece por momentos de quem julgará
não temas o rídiculo
a nossa inconveniência é a nossa verdade
funciona como um filtro
se nos fizermos compreender
quem nos compreender não nos abandonará

a piu
Br, 13.12.2013

SONETO PARA SOLSTíCIO DE VERÃO

Procurei-te e vi-te, mas não te encontrei
precisamos de nos encontrar para nos encontrar
precisamos estar sós para nos encontrarmos
estar só com nós mesmos
no silêncio
sem distrações
sós e a sós
econtrarmos-nos para nos encontrarmos
encontrarmos-nos dentro de nós para nos encontrarmos nós
procurei-me e ainda ando encontrando-me
vi-te mas aida não me encontrei para saber o que procuro em ti
quase quase sei o que encontro em mim o que procuro cá dentro
olhei para fora e quase nada vi
vi sucedâneos do que pode ser, mas não é
vi aquéns do que além pode ir
além das aparências
do ruído
depois da chuva
quando das árvore os frutos reluzem maduros

a piu
Br, 13.12.2013

PENSAMENTOS



Nas horas ocupadas pelo vago da obrigatoriedade das preencher
penso
vagamente deambulo por pensamentos que não se desejam preocupados
ocupadas as horas com a vaguidade dos pensamentos vagos que se aprofundam no tempo imensurável
vagueio
tornando consistentente o que é desformatado
formo pensamentos flutuantes enraízados no vácuo do cosmos

a piu
Br, 13.12.2013

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ESPANTADA

Tantas vezes espantada com a vida
espantalhada
desmunhecada
comoveu-se uma
comoveu-se duas e três vezes

ali, diante de si
a vida
um fio segurando-a
o ontem ficou no ontem que se reflecte no hoje ecoando no amanhã

Espantou-se e espantou-se
continuou a espantar-se
comovendo-se
pairando no chão
pairando no chão
pairando no chão

um abraço
espantou-se
pairando
segurando-se num fio
ontem no amanhã
hoje no hoje
que  já foi ontem
e amanhã o que será?

A piu
Br, 12.12.2013

Evelina Oliveira

ÁGUA E VINHO

Bebi água e esperei
esperei longos caudais de rio seguindo o seu curso por entre as estações do ano
bebi vinho e adormeci
acordei e esperei
dias liquidos evaporando-se no calor da espera
bebi água para não secar
e o rio correndo
vagarosamente correndo
a água secando
aos poucos secando ao sol
o vinho coalhando
a água tentando limpar a nódoa de vinho caida na camisa amarrotada da espera
os dias evaporando-se embriagados nos caudais das estações do rio dos anos
e o vinho acabando
e a espera embriagando-se na água dos caudais coalhados das estações dos anos passando vagarosamente correndo nos grandes caudais dos rios de espera ao sol secando
acordei
guardando o segredo não realizado da espera dos caudais de liquidos quase coalhados
bebi água
refresquei

a piu
Br, 12.12.2013


HOMENAGEM A CASTRUNUOVO



Julio Castronuovo foi o meu primeiro professor de mimica. Lááá em Évora do Portugal. Lááá no ano da graça do senhor de 1993 ou 94. Despertou em mim o fascinio pelo teatro do gesto, apesar da mimica e da pantomima serem técnicas que eu tinha dificuldade em dominar. "Cinco anos de trabalho para cinco minutos de apresentação" dizia. Foi ele quem me falou da Escola do Jacques Lecoq, LÁ NO paris da França.  Na cidade dos deslumbramentos. Na cidade do ça va, ça va pas. Não descansei enquanto não consegui uma bolsa da Gulbenkian. E lá fui eu dois anos mais tarde saber o que era a mimo dinâmica, a máscara expressiva e larvar entre outras propostas da sua pedagogia.

As aulas do Castruonuovo eram pautadas pela lenga lenga dos pés caminhando no mesmo lugar: "Meia punta punta calcanhar meia punta punta calcanhar".
Essa caminhada deixou sementes para os que ficam. Grata, senhor Julio, por me ter cruzado no caminho da vida con vos otros.

Ana Piu
Brasil, 12.12.2013




Morreu em Madrid o encenador e professor Julio Castronuovo. Grande amigo do FITEI, festival que acompanhava todos os anos, dirigiu em Portugal peças para a Seiva Trupe, Teatro Experimental do Porto, CENDREV, Companhia de Teatro de Almada e Teatro Constantino Nery. Recentemente tinha publicado o livro Lecciones de Pantomima, uma novidade editorial pela temática e pelo perfil do autor, encenador e mimo, com um trabalho teatral equiparado a Etienne Decroux, Jean-Louis Barrault ou Marcel Marceu. Nascido na Argentina, mas há muitos anos radicado em Espanha onde foi professor na Real Escuela Superior de Arte Dramático (RESAD), Julio Castronuovo era um dos grandes estudiosos da obra de Samuel Becket, de quem foi amigo, tendo montado diversas peças do dramaturgo e escritor irlandês.

USA E JOGA FORA (série Can you can? Ameri can way of life)

Os amaricanos são irreverantes
fumam às escondidas na arrecadação do escritório
mas o big brother vê tudo
céu e terra e o restante espaço sideral
mas como o brother come muito... não tem pernas para correr
então manda caça aviões
os amaricanos são muita espertos
não fossem eles da terra da liberdade
do self made man
ou será do self mad man?

USA E JOGA FORA

Os amaricanos são os maiores
se não fossem os amaricanos não eramos nada
nada de nada!
os amaricanos sorriem com sorrisos alvos
comem e bebem como ninguém
os amaricanos são os maiores
são assépticos
não são cépticos!
aquilo que reprovam reprovam
mesmo que no momento anterior tenham publicitado com grandes neons e promessa de fortuna ao cliente
os amaricanos são amigos
se não formos amigos dos amaricanos já sabemos
eles e os pais deles tem uma pistola do tamanho do mundo e vamos presos
a terra dos amaricanos é a terra da liberdade
se não fossem os amaricanos que noticias teriamos na tv?
quem inventou a tv foram os amaricanos!
os amaricanos inventam tudo
primeiro inventam a doença para depois venderem a cura
ser amaricano deve ser muito divertido
dá para comprar terrenos na lua e tudo! mas só se formos amaricanos!
a lua é dos amaricanos! o planeta terra também
um dia quero ir a Marte, só para ver à distância a lua e o planeta terra


pipiripipiu
Br, 12.12.2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PARA VIVER COM GRANDE AMOR

Algumas considerações e adaptações do PARA VIVER UM GRANDE AMOR do Vinicius de Moraes. Espero que gostes, querido Vinicius.Vou esrever em maiúsculas para destacar das tuas palavras, não por que as ache mais importantes. Nada disso!  Uma questão de distinguir as tuas palavras que já lá estão das minhas que chegam ao fim de décadas.



"Para viver COM grande amor UM GRANDE AMOR, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso (VINICIUS! RISO É IMPORTANTE! MUITO IMPORTANTE! SEM HUMOR COMO EXISTE AMOR? O SISO É IMPORTANTE MAS COM SINCERO SORRISO ATÉ CHEGAR AO RISO!)— para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher (VINICIUS! VINICIUS! QUE POSSO DIZER DISSO? TAMBÉM ACHO. UM JÁ DÁ TANTO TRABALHO, MAS CONHECI UMA MENINA LÁ NO RIO QUE ME VAI ENVIAR UNS TEXTOS SOBRE AMOR LIVRE. DEIXA VER! OPEN MY MIND MAS COM SISO!)
; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor. (SE FOR PARA NOS ACHARMOS O MÁXIMO MAS SEM CONTEÚDO NEM COM UMA PESSOA TALVEZ VALHA A PENA. DAR UMA VOLTINHA PEL CAMPO OU JUNTO AO MAR TALVEZ REFRESQUE AS IDEIAS)

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro (É BOM ENCONTRAR CAVALHEIROS) e ser de sua dama por inteiro (SIM! A FRAGMENTAÇÃO PÓS MODERNA SÃO CACOS QUE QUEBRAM O CORAÇÃO)— seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor. (POIS! AMIZADE ANTES DE TUDO! VAI QUE A COISA ATÉ QUE NÃO DÁ CERTO, PELO MENOS GANHOU-SE UM AMIGO. JÁ AS ILUSÕES... FAZEM PARTE. MAS CUIDAR O OUTRO NA PONTA DOS DEDOS... OPA QUE DESAFIO!)

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. LIBERDADE! LIBERDADE! LIBERDADE DE SI MESMO, DE NÓS MESMOS. NÓS, OS PRINCIPAIS CARCEREIROS DA NOSSA LIBERDADE. LIBERDADE DE SER, E ESTAR E ENTREGAR-SE. POIS. POIS... POIS... PARECE-ME QUE POR VEZES CONFUNDIMOS ENTREGA COM PERDA DE LIBERDADE. NÓS, SERES VIVENTES, SOMOS MUITA MALUCOS! UNS EQUIVOCADOS!)

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô (PARA QUÊ JUDÔ? UMA VEZ LEVEI UM PISÃO NUM TREINO DE JUDÔ DA MINHA AMIGA TÂNIA.  O DEDO PEQUENINO DO PÉ FICOU INCHADO DURANTE MESES. TINHA 8 ANOS E LEMBRO-ME COMO SE FOSSE HOJE)— para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. MUITO PEITO, MESMO. MAS NÃO PRECISA DE IR NA MALHAÇÃO, NÃO!  É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. ENFIM, ENCANTAR-SE. ALIÁS ADMIRAR POR DENTRO E POR FORA. ADMIRAÇÃO E RIR JUNTO.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. FLORES! QUEM SE LEMBRA DE OFERECER FLORES? EU CURTO DAR E RECEBER. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões (ESTE VINICIUS SAIU-ME CÁ UM GOURMET DE GOSTOS SIMPLES) , sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha (DE TOFU!! IHIHIH) com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto (MAS DAR UMA RESPIRADA SEM PERDER DE VISTA TAMBÉM É IMPORTANTE! UMAS VIAJADAS E DEPOIS VOLTAR. SEM DESFOCAR! NO MEU PONTO DE VISTA, CLARO!) e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia (VINICIUS É O QUE TENTO, MAS A MARCHA É TITÂNICA. MAS VALE A PENA) — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque! UM VINHO DO PORTO PODE SER? OLHA LÁ OS GOSTOS REFINADOS NOS TRÓPICOS!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor. UMA QUESTÃO DE SORTE! UMA QUESTÃO DE SORTE! O INVESTIMENTO TAMBÉM EXISTE. MAS A VIDA TEM ME DITO QUE É UMA QUESTÃO DE SORTE! NÃO É SÓ. MAS PESA. UM PESO LEVE, MAS A SORTE PESA! OLHA! VOU INVESTIR NA SORTE! ESTÁ COMBINADO! (mas não é isso que tenho feito?... o anti heroismo também dá estilo. Enfim, enfim, uma questão de nos rirmos de nós mesmos. NÃO ACHAS VINICIUS?)"

Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.





foto: Vinicius de Moraes, poeta compositor, músico brasileiro (1913-1980)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A FORÇA DA VULNERABILIDADE

O teu olhar.
O que fala?
Os teu olhos.
O que pensam?
Nada pensam?
Apenas observam.
Tristes (?)
Porquê, rainha da vulnerabilidade?
Choro de comoção. A vida comove segurando-a na ponta dos dedos.
A vida comove e o que nos move na vida, rainha da vulnerabilidade?
Vulnerabilidade

piu
Br, 10.12.2013




OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE DE CONVERSAS DE BAR ou PIERRE BOURDIEU ATRAVESSA A RUA PARA IR À PRAIA, UM HABITUS DESDE A SUA MAIS TENRA IDADE

- A experiência de vida vai te dar campo para reflectir.
- Eu li isso no Bourdieu.
- Se você leu mas não viveu, foda-se o Bourdieu!

Pipiripipiu
Br, 10.12.2013

Pierre Bordieu, sociólogo (1930-2002)


A POESIA PROSAICA DAS EVIDÊNCIAS INSERIDAS NUM ENQUADRAMENTO OBJETIVO NUMA INTERCEPÇÃO COM A SUBJETIVIDADE LATENTE


Para mim é claro que o que não é escuro é claro.
Para mim só há dúvida quando existe dúvida naquilo que não é claro.
Para mim para existirem entre linhas são necessárias linhas.
Clareza nada tem a ver com lineariedade.
Caso contrário ao invés é tudo e não é nada.

Um movimento continuo de gestos límpidos e endereçados.
Um questão de leitura. Legibilidade.
Uma questão da questão não ser tão questionável. O que é claro é claro, caso ao invés contrário é escuro.
Vai que não é para mim que falas. Vai que até é, mas não é. Vai que vai mas não vai. Aiiiii E o que respondo? E o que faço? Aiiiii mundo cruel! Um pouquinho mais de mel!

Ahhhh pois, pois! Ora raios pois pois (toma lá lusitanidade desconhecida por mim até à data. Gosto da parte dos raios. Mais! Raios e coriscos e já acabo com estes rabiscos)

Eu cá sou muito linear. Nesse aspecto, não é para me gabar, sou uma categoria! Sou categórica, deixando as analogias de lado!
Entrelinhas sim! Mas com linhas! Só para saber com que linhas me coso! Vai que nem é para mim! Ah Pois pois! A minha vida não é isto! Comigo é assim: pão pão queijo queijo depois logo vejo!
(
(...)

(...)

(...)

É para mim que falas?

(...)

(...)
(...)

(...)
 
Só para saber... Não é por mais nada.

pipiripipiu
Br, 10.12.2013

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

QUESTÕES EXISTENCIAIS DA MENINA FLOR



Como é que os cegos dormem? Dormem de olhos abertos ou fechados? (...) Podes-me dar mesada? Todos os domingos 10 centavos! (...) Sabias que quem não gosta de crianças não gosta de si mesmo?

quem tem medo lobo amigo?

Um lobo amigo que salta por cima da ovelha com "livre" consentimento. É importante não ter os lobos como inimigos!


O SISTEMA, PÁ

- O sistema, pá, tá todo mal! Isto tá mal! Aquilo tá mal! Tá tudo mal! Fora com o sistema!
- E tens alguma proposta concreta a fazer?
- Oh pááá, hoje é domingo! Que perguntas as tuas! Os governantes que solucionem os nossos problemas!
- Aaaaahhh compreendi!...

piu
Br, 1.12.2013

CONVERSA SINCERA DE AMIGOS



A conversa passa-se no Prcópio's Bar, na rua de trás do café central de São Teotónio das Cruzes. A decoração pretende ser ousada com as paredes pintadas com esponja em laranja e verde elétrico. O dono do bar, o Zé Plin, é fã do Kurt Cobain. Vários cartazes e capas de vinil penduradas na parede. Numa está pintada o retrato do Kurt. Está quase igual. Osa amigos conversam na mesa enquanto mordiscam uns amendoins e bebem cerveja pela garrafa.

- Chavalo, dizes que não tens sorte com as garinas. Qual é a tua chavalo! Qual é a tua man? Ainda não abriste o olho, meu? Vais ficar sempre nessa de não te dares "realmenti"? Queres o quê? Achas cas garinas querem casar contigo e depois tu dás as tuas voltinhas ou até nem dás mas parece que dás e as garinas vão aguentar essa merda, meu? Queres o quê man? Tu nem sabes sas garinas querem casar!! Coloca-te à altura man! Tem garinas aí bué da fixes, que estão na boa...

Mas olha man, vou ta contar. Eu curtia bués da Rita e arrependo-me de não ter estado na boa com ela. Sabes quem ma ajudou a compreender melhor a cena de cuidar das garinas? Foi nha mãe! Foi ela que me disse que o ciúme lixa tudo! Foi ela que me disse, só depois da Rita já não querer nada comigo. Foi ela que disse que se eu desprezo as garinas, as garinas vão embora. Depois eu queria ficar com bués da garinas para não me sentir só. Mais tarde senti um vazio bués da grande que falei com a nha mãe. E sabes o que ela me disse? "Concentra-te em alguém que realmente gostas e que te trata bem. E trata também bem. Se é para ficar só por ficar, não fiques."

Olha, sabes chavalo? Descobri ca nha mãe é uma espécie de nirvana. Tás a ver? Sabes que eu sou teu amigo. Podes contar comigo. Mas fala ca tua mãe!

glossário:

chavalo- rapaz, cara, chapa, moço, homem, amigo
man- chavalo
garinas- miúdas, namoradas, mulheres, moças
bués- muito
fixe- bom. legal. bacana, supra sumo
ciúme- sentimento nocivo, egoico
casar- prática existente em vias de extinção
tratar bem- valorizar o ser vivo exterior a nós mesmos
mãe- peça importante na formação da humanidade, nomeadamente na sua emancipação
vazio- espaço aberto por preencher de boa energia com conteúdo
conteúdo- o sentido que se encontra para a vida
nirvana- estado que se atinge quando não se vive mais enervado

pipiripipiu
Br, 1.12.2013