sábado, 22 de janeiro de 2022

QUAL É O MESMO O NOSSO VALOR? E O DA VIDA?


 Ali estavamos nós no tão esperado ano de 2000, repleto de profecias apocalipticas, que de uma forma ou outra foi indo no fluxo. O meu ano começara com o inicio da minha primeira gravidez e a trabalhar como sempre. Aqui estarei com 3 ou 4 meses de gestação, mesmo ao vivo e a cores não se notava. Foi-se notar lá para o sétimo mês. Para todos os efeitos, notando-se ou não, tratar com gentileza uma mulher cai sempre bem. Na verdade eu ainda não vivia aquele sobressalto eminente de imposturas, agressões e ameaças do progenitor da minha filha que na época viviamos juntos. A coisa engrossou quando a petiz nasceu, uns meses mais tarde da dita estar já entre nós. Talvez quem estivesse ao meu redor já lesse alguns sinais que o dito não me respeitava na plenitude, mas eu fui relevando. Aqui estou eu com a companhia do Chapitô em Lisboa, que no final da temporada eu meti a mochilinha nas costas e mais um espetáculo do meu repertório de co autoria com o dirtetor Juan Ramon e lá fui para o Brasil. Dois meses na estrada a assistir a festivais de teatro e ainda apresentei em Salvador da Bahia, grávida, e em Cuiabá, já depois de ter dado à luz.

Nessa época ainda não sofria a ameaça do sujeito invadir a sala de espetáculos para armar o barraco que ele mesmo tinha construido na cabeça dele. Isso aconteceria uns ano ou dois mais tarde de voltaa Portugal quando eu trabalhava com o Teatro Meridional em que a sala estava sempre lotada no centro de Lisboa. Imaginem o que é ir trabalhar, entrar em cena sempre na incerteza de tal situação, do " homem das cavernas" entrar por ali adentro para grande vexame. O mais curioso, é que aqui a 'capitalista exploradora portuguesa" como ele tentava me ofender é que garantia uma fatia considerável do sustento com os seus múltiplos cachês e salários de vários trabalhos, desde trabalhar numa companhia, a dar aulas de teatro em escolas, a trabalhar com mulheres encareceradas. Tempo algum eu me abalei com esse tipo de insulto de ser uma artista de teatro de m....da ou palhaça sem graça. Eu conheço o valor, a potência do meu trabalho e o que quero ainda aprofundar e desenvolver. 

Por outro lado eu não tenho que provar o meu valor a quem não me dá valor, principalmente com quem tive intimidade. Só me pergunto o que faz alguém querer se relacionar com outra pessoa se for para espezinhar, ou pelo menos tentar.  Quanto a um homem que parece que ainda  está na Idade da Pedra e achar que uma atriz ou performer é uma vadia e vai com todos... Lembra aquela charge argentina: se te apaixonas pelo Che Guevara não lhe queiras cortar a barba. 

Vou-me explicar melhor: se te apaixonas, ou finges apaixonares-te, por uma atriz palhaça não queiras ou não esperes que ela deixe de o ser e que passe a desacreditar no seu próprioo trabalho. Já ser vadia, galdéria, talvez isso seja uma projeção da tua conduta. Mas se a pessoa é isso porque te apaixonas, ou finges apaixonar-te, por ela? Também adianto que da minha parte, cada vez mais, dá cá uma perguiça envolver-me com qualquer um. Imagina com vários ao mesmo tempo?! A partir de agora prefiro auto observar-me e observar quem eu estou a fim. como temos estado em confinamento mais restrito ou não aproveito para ir expressando quem eu sou. Quem se inspirar, FORÇA! Escrever, pintar, atuar, fotografar, esculpir, filmar é manifestação da nossa alma e sairmos do silenciamento.

Infelizmente, os casos de relações abusivas continuam-me a surpreender, vindos de homens que eu tomava em consideração. Artistas, atores, músicos que parecem estar muito à frente mas quando entram filhos ao barulho parece que a coisa ainda se agrava. Assustados com a responsabilidade começam a descontar na mulher e nas crianças. Quem não conhece um caso ou outro dum casal que tem um filho ou filha que lhe é diagnosticado cancro/ cancer na primeira infância e o  sujeito começa a infernizar tudo e todos. Sim, agora também me refiro a um caso concreto duma querida amiga que teve que segurar a onda da doença da filha e  ainda ter que levar com esse marmanjo que parecia tão boa onda. Chavalo, espero que tenhas acalmado os teus ânimos. Se não sabes lidar com as pessoas e com a vida pede ajuda profissional. Ainda há outros que não teem filhos mas são igualmente toscos, ao limite babacões como os dois casos que relatei no texto anterior.

Isto não significa que todos os homens sejam uns escrotos, nem que as mulheres precisam de estar sempr a avisar e a educar sobre como ser ser humano. Falo aqui numa relação homem/ mulher porque de momento é o que urge falar. Mais para a frente podemos falar de outro tipo de relações, embora eu tenha mais familiaridade com esta: heterosexual e por acréscimo de maternidade. Depois ainda veem as relações de amizade e profissionais.

Beijos e abraços e até ao próximo texto. 

A Piu 

Br, 22/01/2022

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