quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

HANNUSKA- HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XXVII


 Naquela época eu ainda estava desavisada duma série de coisas que eu achava que estava avisada e que mesmo assim nós já tinhamos dado um grande passo em frente na emanciapaçaõ da mulher. Aos 16 anos já conhecia de trás para a frente a revista " Mulheres" na ida década de 80 ( quando ainda aqui no Brasil se vivia oficilamente a ditadura miltiar) que se não estou em erro pertencia ao MDM ( movimento democrático das mulheres) que é a organização das mulheres do partido comunista português. Sinceramente nunca fiz tensão de me filiar em nenhum partido, como tal essas revistas chegavam através da minha tia.  Hoje ainda me pergunto até onde a sua geração ( agora na casa dos 70) se emancipou. Eu não bato pala a ideologias, mas aquelas revistas  foram um marco nos meus 15/16 anos.

Para mim viver em liberdade, sem censura, perseguição, prisões e outras atrocidades era adquirido, inquestionável. As mães adolescentes já faziam parte dum passado recente, assim como a violência contra a mulher. As mulheres agora podiam estudar, trabalhar, viajar sozinhas, decidir se ficariam juntas ou  a solo, se seriam mães ou não. O casamento no meu circuito de pessoas não era mais O OBJETIVO. Anita ingénua....

Depois veio a vida com as suas lições irónicas, onde o que faz parte da nossa vida privada e intima dialoga (in)diretamente com (in)consciente coletivo.

Novembro de1999, na divisa entre Espanha e Portugal a policia/ o policial (ai ai essa discussão da lingua.... enfim) manda o carro parar. Estou eu e o meu companheiro, mais tarde pai da minha filha:" Manaus? Amazonas? Você é de lá? Mas vivem lá gente?" Olhem o que está por de trás deste espanto!!! Muita coisa mesmo! Das duas duas: ou o fulano acha que tudo é floresta e ninguém (civilizado) mora na floresta e que quem mora não é gente ou acha que todos os povos da floresta já foram desta para melhor com a chegada dos colonos. Não sei o que o gajo pensou, mas infelizmente há pessaos que aparentemente não são tão brutas e teem o mesmo tipo de surpresa. 

Em relação a esse companheiro.... Volvidos 22 anos sei que ele, além de machista, é transtornado. E eu que pensava que nunca viveria uma relação abusiva! Eu que tinha lido todas as revistas " Mulheres"!!!!:P  Sinto muito por ele e pelo mesmo ter tecido a sua própria armadilha junto da justiça judicial. Respiro de alivio por desta vez não ter sido nada em relação com a violência contra as mulheres. Para não se vingar, vá.... Mas está preso ao seu destino. Porém, eu desejo profundamente que ele tenha a oportunidade de encontrar curandeiros do seu povo, que volte à floresta dos seus ancestrais,  e que se cure com as plantas de cura. Apesar de tudo, este é o meu desejo mais profundo para a sua alma hoje ainda ou tão aprisionada e desnorteada. 

Outubro de 2012, Brasil. Faço-me acompanhar por um compatriota. Não namorava um português há muitos, mas muitos anos! Já nem me lembrava como era. Ihihih Vão pensar que sou namoradeira. Não sou. Mas pensem o que quiserem. Desde que não me invadam e vasculhem as contas das redes sociais, como um sujeito que ainda o estou para encontrar frente a frente fez, durante anos. Ele não quer  ser encarado e faz tudo ou quase tudo para que o seu irmão também não se cruze comigo. Tudo virtualmente. Um dia até postou aquela imagem da Yoko Ono e do Lennon WAR IS OVER.  Como o irmão estava com uma mocinha, lá longeem Portugal,  ele achou que eu já não me jogaria para cima do irmão e o desmascarasse. Ihihih E assim se fazem os roteiros da Globo. Também desejo que esse também abra a mão de ser playboyzinho suburbano branquela cheio da tese e se cure dele mesmo e deixe de se armar em esperto, sabichão, com as mulheres e com o seu prório irmão. 

Mas vamos a esse ex namorado português da minha idade. Eu achava que já não existiam sujeitos da nossa idade, hoje na casa dos 40 e até 50 que ainda tivessem um pensamento e atitude colonialista, logo arrogante, em relação ao Brasil e a Angola, que foi os paíse que o receberam na década de 2010. Eu fiquei abismada, até aflita, com a sua postura racista em relação aos angolanos, xenofobia com os brasileiros e achando que já não existiam mais indigenas. ONDE FUI AMARRAR O MEU BODE?!?! Abismada por uma pessoa ter crescido num Portugal sem colónias ser colonialista!.... Aflita porque não quero ser confundida com esse perfil de pessoa, seja portuguesa ou não. Seja feliz, realiza-se, não me tente é convencer que o Brasil é uma grande M... da para se viver e interagir. Por essas e outras os ranços luso tropicais estão aí. Eu estou fora disso, por isso conto a minha, a nossa história. A do lado B da História, dos que não compactuam com narrativas arrogantes, logo repeltas de violências simbólicas. E o machismo, assim como o racismo querides leitores, é um tumor que urge ser retirado dentro de nós. Cada um terá de fazer a sua parte.

A Piu

Br, 13/01/2022


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