quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XXIV


 Quando eu descobri, há coisa de ralos dias, que nasci e cresci perto da California a minha vida mudou radicalmente. Hoje eu sei!... Sou californiana. Aliás! Cali for ni Ana. Não, não mi cali, não! Eu  vou falar, vou escrever sobre o que trago aqui dentro das minahs entranhas que já viram muito bolo, muito figo a ir por ali abaixo!

Agora só aqui uma pausa: gostaram da montagem que fiz com a cabecinha do 'mê' primo Nuno composta no meu 'corpichi'? Sim, 'é eli num eu'! Eu sou a que que come o bolo e encara as câmeras no aniversário dos meus 5 anos. Não há uma peça de fruta em cima da mesa, mas dia de festa é para 'rebentariiiii'! Mas vamos ao que interessa!

À volta da mesa estão quatro seres humanos com nomes de árvore de fruto, menos o meu avô - o de blusa branca- que se chama ou chamava ( se fosse vivo teria 118 anos, ok! Porque não?) Mário dos Santos Costa. Já o outro sujeito, o meu avô de blusa cor de tijolo ou de abóbora era o Alfredo Figueiredo. Dizem que as palavras começadas por Al são de origem árabe, já os sobrenomes de árvores de frutiferas são de origem judaica. Já o chavalito 'mê" primo Nuno é Pereira. Enfim, uma salada de frutas numa só mesa cheia de bolos, guloseimas e  sanduiches de triângulo feitas em casa como era moda nos 70's, 80's.

Mas agora vou contar uma história que para mim é muito bonita, deste meu avô Mário que foi um migrante/ retirante do Alentejo para os arrabaldes de Lisboa, no municipo de Cascais. Oooops da California, como escutei há dias uma senhora portuguesa ou descendente dizer: " Ai Cascais é maravilhoso! Lembra a California!" Eu acho que ela não conheceu foi a Abóboda, Trajouce, Caparide, MATARRAQUE! se não mudava logo de ideias. Ihihih

Bom, na Abóboda havia uma figueira no quintal do meu avô alentejano que ficava bem à frente das janelas da nossa casa. Tinhamos os nossos avós como vizinhos do lado e durante anos aquela figueira parecia estar morta. Ninguém cuidava dela. Nem folhas ostentava. Já em idade avançada, com uns 80 anos, o meu avô decide atleticamente subir numa escada para cuidar da dita cuja. Resultado: durante uns 4 anos ou mais a figueira deu figos que enchia o nosso estômago e o da vizinhança. Os figos sobravam para as bocas existentes. Quando o Ti Mário caiu na cama com uma trombose a  figueira ainda deu figos mais uns 2 anos. Depois voltou a secar. Quanto ao meu avô... Esse saiu-me cá um magano! Uma sobrinha, certa vez, perguntou-lhe quase aos berros repetidamente: " Senhor Mário! Sabe quem eu sou? Sabe quem eu sou?" O Márito alentejanito fez silêncio até ela se aproximar mais. Posto isso, olho no olho, ele perguntou:" Se não sabes quem tu és como é que eu vou saber?" PIMBA! Ahaha

 E você tem alguma história engraçada e também profunda dos seus antepassados portugueses que foram pessoas simples da terra, trabalhadores, muitas vezes explorados, e no caso do meu avô que nunca acumulou riquezas tampouco explorou alguém? Compartilhe aí nos comentários para dignificarmos as nossas raízes e outro lado da História. Não vale piadas de mau gosto, onde burrifica as pessoas. A gerência agradece. Como diziamos uns para os outros em criança: " Quem diz é quem é! Lava a cara com chulé!"

A Piu

Br, 05/01/2022

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