Ontem aprendi mais duas piadas luso brasileiras. Sim, luso brasileiras porque contadas por portugueses há muitos anos no Brasil ou descendentes de portugueses. Mas agora vou dar aquela pausa dramática para aguçar a curiosidade.
Dia 30 de Dezembro, penultimo dia do ano da graça do senhor de 2021. Finalmente vou renovar a minha documentação, depois de vários meses à espera dum agendamento antecipadissimo. Aí jejus que lá vou eu para a cidade grande, mesmo grande: São Paulo! É muito bom ir para depois voltar para o lar doce lar. Antes do horário no Consulado corro para o MASP, para visitar as exposições de duas artistas, uma deças indogena, além do acervo, depois do horário corro para a Fundação Moreira Salles para visitar as exposições tributo à escritora negra Carolina de Jesus e à escritora branca ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector. A ideia primeira era ir ao Itau Cultural para visitar a exposição do pedagogo Paulo Freire que faria 100 anos. Tudo na Paulista, mas como curto caminhar para me manter em forma e olhar pessoas de carne e osso que não só na tela/ ecrã já chego na hora do encerramento. Mas em Janeiro há mais. Já os docinhos árabes e pão libanês daquele restaurante árabe, dum árabe que com as suas barbas parece um Ali Babá em pleno Largo do Paissandu, não pode falhar!
" Salmalukum!" Cumprimenta o dono do pequeno restaurante continuando a falar em árabe por eu trazer este turbante na cabeça. Aviso que já estive em Marrocos mas não sei falar árabe, Sinto-me lisonjeada de ser recebida assim, como passando por alguém familiar, independentemente da cor. A socióloga feminista Fatima Mernissi era árabe, marroquina e branca. Nem por isso deixava de ser quem era, nessas misturas ancestreais entre povos e cores.
" Ai! Está todo o mundo indo para Portugal! Faz quanto tempo você está aqui? Dez anos? Foi fácil se adaptar?", pergunta a senhora de meia idade na sala de espear do Consulado português. Conversa aqui e ali e eu comento: " Há uma coisa que até hoje eu não entendo, que é um enigma. Como é que vocês não perceberam a leva migratória de portugueses para o Brasil há uns 10 anos atrás e agora há emprego para os brasileiros todos em Portugal menos para os portugueses? Principlamente em empregos qualificados. Não falo de subempregos e outras explorações." Faz-se silêncio. Paciência. Confirmo que esse ausência de informação e reflexão é transversal. Já não me indigno tanto. Alivio por isso, por mim. Por já levar com mais leveza.
Agora vem o melhor! EU ONTEM DESCOBRI QUE NASCI E CRESCI NA CALIFORNIA E PERTO DELA! " California dreamin ( California dreamin') / On such a winter's day lalalalala"
" Cascais é maravilhoso parece a California! Aquelas palmeiras!" Cascais foi uma aldeia pescatória que cresceu e passou a vila, lugar dos ricaços e palco de refugiados e espiões na Segunda Grande Guerra. Eu sou do municipio de Cascais, mas sem esse glamour todo. Subúrbio rural que cresceu com as fábricas e a construção desenfreada de casas nos últimos 40 anos. Ela fala dum lugar que eu conheço como a palama da minha mão e comparar Portugal aos States é dum novo riquismo desenraízado inacreditável. Depois continua para uma amiga que comenta que e a não sei quantas engordou por conta da comida, mas é muito bom para um aposentado viver em Portugal, muito mais seguro. A protragonista de toda esta conversa continua:" Sabe, eles em Portugal engordam porque bebem vinho verde no café da manhã." Aí ei começo a rir, mas a rir tanto que precisei de disfarçar e olhar para o celular. Mas tenho que avisar os meus conterrâneos que é para beber vinho verde como na música que o Roberto Leal canta, mas não ao pequeno almoço ( café da manhã) para não morrerem todos de cirrose como o meu avô paterno. Esse sim bebia uma tacinha de vinho branco de má qualidade logo pela manhã e entre outras avarias etilicas durante o dia. Mas ainda durou quase até aos 80 anos!
Não conheço ninguém que tenha o hábito de beber vinho verde a não ser acompanhando um prato típico, muito esporádicamente. Mas fica a dica para hoje acompanhada de tinto, branco ou de outra bebida qualquer, cantando todes juntes a uma só voz:
" Vamos brindar com vinho verde
Que é do meu Portugal
E o vinho verde me fará recordar
A aldeia branca que deixei atrás do mar"
Pronto, estes são alguns testemunhos do quotidiano desta portuguesa a viver o cotidiano brasileiro há 10 anos. Por falar em testemunhos! Quero também agardecer publicamente à Thainá e ao Vitor por testemunharem uns bullings virtuais para comigo durante vários anos em várias ocasiões. Queria agradecer há um bom tempo, mas aproveito esta quadra pois há uns dias atrás recebi um e mail spam a me notificarem para fazer de testemunha num processo e caso não comparecesse teria de pagar 3 ou 4 saláriso minimos. E mail fake que logo me remeteu para o suspeito, mesmo sem provas palpáveis. Espero que o suspeito seja só suspeito, sendo ou não tem ali dois amigos respeitosos: a Thainá e o Vitor.Valeu, querides! Espero vos encontra em algum momento pós pandemia.
Beijus e bom ano é o que a Ana deseja para todos vós ( com ou sem vinho verde!)
" California dreamin ( California dreamin') / On such a winter's day lalalalala"
Barrum Geral Zen, 31/12/2021
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