terça-feira, 7 de dezembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XVIII

 " Essas crises têm a mesma origem: uma visão de mundo que entende as pessoas como separadas que precisam de lutar pela própria sobrevivência e que a natureza é recurso à disposição da humanidade. Esse modelo individulista e antropocentrico no qual o capitalismo se sustenta é, na verdade, insustentável, ilusório, e está causando a destruição de toda a vida.

Por isso precisamos de descolonizar nosso imaginário e acessar a outras visões de mundo ( como a dos povos originários)  que veem à terra como um ser vivo, valorizam o sentido dos sonhos, e reconhecem o poder da comunidade e da onterdependencia entre os seres. "

Com amor, Ieve e Naíla - prefácio Mandala Lunar 2022- 

Pronto, começo assim o texto de hoje com esta citação de duas mulheres que se apresentam, no meu ponto de vista, de forma honesta. " A Mandala Lunar é um projeto concebido por três mulheres brancas, cis, em fase fértil, de classe média, do sul do Brasil e este livro é feito com base nas nossas experiências e vivências a parir deste recorte de privilégios."

Honesto, não? Por essas e outras eu acompanho o trabalho delas desde 2019. Reconhecem o lugar  que ocupam na sociedade e no mundo sem se armarem em hipongas de boutique, mulheres sagradas feministas da bolha que depois acabam por subscrever o que já está aí: capitalismo selvagem, meritocracia espiritual que com muitas frequências vibratórias elevadas levam-nos a todas a morar em mansões e sermos muito mas muito ricas, tipo princesas ou rainhas do El Dorado.

Eh pá! Não tem problema algum das pessoas serem ricas, basta saber à custa do quê e de quem enriqueceram.  Acredito que hajam pessoas ricas e honestas assim como solidárias e conscientes. A questão reside aí! Se alguém se encontra num lugar de privilégio, principalmente em países com uma desigualdade social vincada, porque não compartilhar com os demais os beneficios dos seus privilégios? O que diferencia privilégio e oportunidade? Esse é um longo tema  para se refletir e colocar em prática no nosso dia a dia. O privilégio  de viajar pelo mundo com uma mochila às costas, com o seu trabalho ambulante e nem sempre com muito dinheiro no bolso não será uma oportunidade de crescimento, de abertura de visão, de aberura do dito chacra cardíaco, o tal do nosso coração?

Escuto uma outra mulher nas redes socais que se apresenta como sacerdotiza, bruxa vá. Ela trabalha com aromoterapia, auto conhecimento e saúde feminina. O conhecimento de nós mulheresa acerca de nós mesmas, muito antigo, antes de chegarem os genecologistas dentro duma lógica patriarcal. Conhecimentos bruxais que a Inquisição demonizou, perseguiu e aniquilou, Ou tentou aniquilar. Essa mulher fala de frequencias vibratórias com base na neuro ciência. Enfim, interessante acompanhar os estudos dela. Mas depois há ali umas mancadas... Que aqui a Anita, a mesma que se encontra aí nesse recorte dum qualquer jornal lisboeta no ido ano de 1999, fica com essar assim... de olhos esbugalhados sem saber muito bem se escutou bem e para onde aquela narrativa leva as outras mulheres. " Manas, nós somos co criadoras da nossa realidade. Nós mentalizamos algo, trabalhamos- nos por dentro e por fora e conseguimos assim realizar todos os nossos sonhos. Outro dia li um texto de antropologia que falava das desigualdades sociais. Manas, isso são crenças limitantes. Todas nós podemos ser ricas se trabalharmos para isso! O  capitalismo não é ruim, porque nos interconecta. Temos que vibrar na abundância e as pessoas que estão nos partidos e cargos politicos estão todos a vibrar na frequencia da raiva.'

Eta confusão da treta! 

" Xõ xuá cada macaco no seu galho! Xó xuá eu não me canso de falar.

Xõ xuá esse papo anestesia, vai pregar para outro lugar!"

Pronto, já cantei aqui um pouco com um arranjo que acabei de fazer. Já dei aquela desanuviada. Eh pá! Há aqui uma contradição ou até não? Primeiro, a pessoa quer se conectar com o cosmos, que não é ridiculo nem absurdo. O que é absurdo e ridiculo é a pessoa assumir uma liderança espiritual em nome do feminino resgatado e apoiar o capitalismo que é altamente patriarcal, posse de terras, de mulheres, lucro onde não há abundância para todes e sim o excesso e desperdicio onde uns tanto têm muito e a maioria tem muito pouco ou nada. Mas já que existem pessoas com a vibração do enriquecer não neguem as desigualdades sociais tampouco queiram falar de tudo com propriedade intelectual quando nitidamente o seu discurso é conduzido para vender o seu produto, no caso, de cura espiritual. Não tem problema nenhum das pessoas serem remuneradas com os seus trabalhos terapeuticos! Não queiram é vir jogar areia para os olhos de outras mulheres dando uma de cientisas sociais e politicas para levarem a água ao seu moinho. Nesse caso pergunto: essa postura não é de olho grande da ganância e do obscurantismo? É importante que os indigenas sejam represenatdos por indigenas, os negros, as mulheres, LGBT, no Congresso se não somos todos engolidos num trago só. 

Enfim, é importante as mulheres voltarem a se saberem ciclicas, com o conhecimento das ervas medicinais e outras alternativas justamente na contramão da lógica capitalista selvagem. Existem outras energias de troca. Bibliografia antropológica e sociológica é o que não falta: Marcel Mauss com o " Ensaio sobre a dádiva",  'Espirito da dádiva" do Alain Caillé, etc. Agora, vir defender um sistema capitalista que nos trouxe até este abismo em que nos encontramos ao nível planetário.... Dá licença que eu vou colocar no meu terceiro olho óleo de lavanda para relaxar e ter mais assertividade no caminho do coração que almejei percorrer.


Beijus e abraçus a todes e todes

A Piu

Borron Gerau, 07/12/2021



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