Na tv passou um documentário. Alguém comenta. Um gorila bebé viveu durante alguns tempos num galinheiro. Os protetores dos animais descobriram o gorila petiz e tiraram-no de lá pelos maus tratos. "Ele era picado pelas galinhas?"; "Não, ele vivia num espaço muito pequeno".
Quem relata este episódio continua:" Vou mudar de professor de violão. Ele não tem paciência para ensinar. Ele sabe muito, mas fica irritado, no caso do aluno, neste caso aluna, não acertar logo. Lembra um outro professor que eu tive. Novinho! Assim que eu pegava o volante ele gritava:" Acelera! Não está pisando no pedal da máquina de costura. Mudei para um professor já velhinho que falou umas cinco coisas para eu levar o carro com tranquilidade e confiança. Resultou."
Os cavalos têm uma zona perto da garupa que se denomina "sweet place". O equivalente ao nosso pescoço. Quando se escova o cavalo pela primeira vez devemos começar por essa região, para o conquistar, para lhe dar tranquilidade e confiança. É também nessa região do corpo que os cavalos se atacam uns aos outros. Os cavalos têm os olhos doces, embora alguns sejam selvagens.
Nas inúmeras páginas da dissertação da Johana sublinho:" capacidade de lidar com o "não" é a potência do palhaço, o erro, o fracasso, a vergonha. (...) a falta de formação gera amor desordenado, que busca receitas prontas."
Conclusão dos inventários dos dias claros:
Viver num espaço menor que o tamanho do corpo é uma agressão, mesmo que a vizinhança não bique.
O virtuosismo não é lá muito amigo do prazer e da paixão de ensinar ou simplesmente partilhar conhecimentos. Ensinar e aprender plenamente requer humildade, entrega e essa tal de paixão.
Nós, seres humanos, somos como os cavalos. Um afago na "sweet zone" poderá ser um tratado de paz mundial. Pronto, para não pedir muito, um tratado de paz local.
Sermos seres bem formados possibilita-nos amar plenamente aquilo que fazemos, o que somos e como nos relacionamos com os outros seres vivos. Sejam cavalos, humanos, gorilas todos somos livres quando temos espaço para amar plenamente, sem receio de errar. Da próxima é melhor. Essa é a esperança daqueles que levam a sério não se levarem demasiado a sério.
Ana Piu
Brasil, 28.05.2015
Brasil, 28.05.2015
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