segunda-feira, 13 de abril de 2015

MEMÓRIAS LÍQUIDAS DE FOGO (série comemorações das conquistas de Abril)



Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre as minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora;  mas tenho uma mulher atravessada na garganta.Eduardo Galeano
Ler o Eduardo Galeano é olhar de frente os últimos 500 anos da América Latina, outrora Ameríndia. Ler as "Memórias de fogo' é não esquecer quem já vivia nesta terra antes do colono chegar. É não silenciar os horrores dum passado recente ainda não resolvido.Conhecer as palavras, o pensamento do Galeano é olharmos de frente a utopia de forma consciente entre a tristeza de testemunhos históricos e a esperança dum novo mundoHoje pensei em escrever sobre a condição da mulher portuguesa antes de 1974, data que marca o final do fascismo e do inicio duma democracia posteriormente neo liberal, quando soube da noticia falecimento do escritor Eduardo Galeano.Há 41 anos atrás, isto é antes de ontem, as mulheres em território lusitano não tinham praticamente direitos nenhuns. Não podiam viajar sozinhas sem a autorização do marido ou do pai e o divórcio era muito mal visto. Muitas eram dependentes financeiramente e uma grande maioria, até hoje, ganha um salário menor fazendo exatamente o mesmo trabalho que um homem.Em meados dos anos 70 e durante os anos 80 alguns movimentos feministas tomaram forma num país patriarcal, de cunho religioso moralista, em que as mulheres que se desejavam emancipar era vistas muitas e tantas vezes como ressabiadas e frígidas. Enfim, todo um pensamento e modo de operar provinciano e medieval. Esse modo de estar no mundo talvez justifique, de algum modo, as atrocidades que o colonialismo fez e tem feito ao longo séculos. O desrespeito pela mulher reflete o desrespeito pela vida no geral e no particular.
Ana PiuBrasil, 13.04.2015

# Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940 - Montevidéu, 13 de abril de 2015) foi um jornalista e escritor uruguaio


Kate Parker Photography




1 comentário:

  1. Conheci seu blog hoje enquanto procurava por uma frase da Hilda Hilst, e acabei dando uma olhada nesse seu post. Adorei esse trecho que você citou e é realmente interessante perceber como agora, nós mulheres, tivemos esses direitos conquistados. Continuarei acompanhado seu blog e parabéns pelo trabalho que faz!

    http://viagem-a-terra-do-nunca.blogspot.com/

    ResponderEliminar