sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

TESTEMUNHOS COTIDIANOS DO QUOTIDIANO


Ontem aprendi mais duas piadas luso brasileiras. Sim, luso brasileiras porque contadas por portugueses há muitos anos no Brasil ou descendentes de portugueses. Mas agora vou dar aquela pausa dramática para aguçar a curiosidade.

Dia 30 de Dezembro, penultimo dia do ano da graça do senhor de 2021. Finalmente vou renovar a minha documentação, depois de vários meses à espera dum agendamento antecipadissimo. Aí jejus que lá vou eu para a cidade grande, mesmo grande: São Paulo! É muito bom ir para depois voltar para o lar doce lar. Antes do horário no Consulado corro para o MASP, para visitar as exposições de duas artistas, uma deças indogena, além do acervo, depois do horário corro para a Fundação Moreira Salles para visitar as exposições tributo à escritora negra Carolina de Jesus e à escritora branca ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector. A ideia primeira era ir ao Itau Cultural para visitar a exposição do pedagogo Paulo Freire que faria 100 anos.  Tudo na Paulista, mas como curto caminhar para me manter em forma e olhar pessoas de carne e osso que não só na tela/ ecrã já chego na hora do encerramento. Mas em Janeiro há mais. Já os docinhos árabes e pão libanês daquele restaurante árabe, dum árabe que com as suas barbas parece um Ali Babá em pleno Largo do Paissandu, não pode falhar!

" Salmalukum!" Cumprimenta o dono do pequeno restaurante continuando a falar em árabe por eu trazer este turbante na cabeça. Aviso que já estive em Marrocos mas não sei falar árabe, Sinto-me lisonjeada de ser recebida assim, como passando por alguém familiar, independentemente da cor. A socióloga feminista Fatima Mernissi era árabe, marroquina e branca. Nem por isso deixava de ser quem era, nessas misturas ancestreais entre povos e cores. 

" Ai! Está todo o mundo indo para Portugal! Faz quanto tempo você está aqui? Dez anos?  Foi fácil se adaptar?", pergunta a senhora de meia idade na sala de espear do Consulado português. Conversa aqui e ali e eu comento: " Há uma coisa que até hoje eu não entendo, que é um enigma. Como é que vocês não perceberam a leva migratória de portugueses  para o Brasil há uns 10 anos atrás e agora há emprego para os brasileiros todos em Portugal menos para os portugueses? Principlamente em empregos qualificados. Não falo de subempregos e outras explorações." Faz-se silêncio. Paciência. Confirmo que esse ausência de informação e reflexão é transversal. Já não me indigno tanto. Alivio por isso, por mim. Por já levar com mais leveza.

Agora vem o melhor! EU ONTEM DESCOBRI QUE NASCI E CRESCI NA CALIFORNIA E PERTO DELA! " California dreamin ( California dreamin') / On such a winter's day lalalalala"

" Cascais é maravilhoso parece a California! Aquelas palmeiras!"  Cascais foi uma aldeia pescatória que cresceu e passou a vila, lugar dos ricaços e palco de refugiados e espiões na Segunda Grande Guerra. Eu sou do municipio de Cascais, mas sem esse glamour todo. Subúrbio rural que cresceu com as fábricas e a construção desenfreada de casas nos últimos 40 anos. Ela fala dum lugar que eu conheço como a palama da minha mão e comparar Portugal aos States é dum novo riquismo desenraízado inacreditável. Depois continua para uma amiga que comenta que e a não sei quantas engordou por conta da comida, mas é muito bom para um aposentado viver em Portugal, muito mais seguro.  A protragonista de toda esta conversa continua:" Sabe, eles em Portugal engordam porque bebem vinho verde no café da manhã." Aí ei começo a rir, mas a rir tanto que precisei de disfarçar e olhar para o celular. Mas tenho que avisar os meus conterrâneos que é para beber vinho verde como na música que o Roberto Leal canta, mas não ao pequeno almoço ( café da manhã) para não morrerem todos de cirrose como o meu avô paterno. Esse sim bebia uma tacinha de vinho branco de má qualidade logo pela manhã e entre outras avarias etilicas durante o dia.  Mas ainda durou quase até aos 80 anos!

Não conheço ninguém que tenha o hábito de beber vinho verde  a não ser acompanhando um prato típico, muito esporádicamente. Mas fica a dica para hoje acompanhada de tinto, branco ou de outra bebida qualquer, cantando todes juntes a uma só voz:

" Vamos brindar com vinho verde

Que é do meu Portugal

E o vinho verde me fará recordar

A aldeia branca que deixei atrás do mar" 

Pronto, estes são alguns testemunhos do quotidiano desta portuguesa a viver o cotidiano brasileiro há 10 anos.  Por falar em testemunhos! Quero também agardecer publicamente à Thainá e ao Vitor por testemunharem uns bullings virtuais para comigo durante vários anos em várias ocasiões. Queria agradecer há um bom tempo, mas aproveito esta quadra pois há uns dias atrás recebi um e mail spam a me notificarem para fazer de testemunha num processo e caso não comparecesse teria de pagar 3 ou 4 saláriso minimos. E mail fake que logo me remeteu para o suspeito, mesmo sem provas palpáveis. Espero que o suspeito seja só suspeito, sendo ou não tem ali dois amigos respeitosos: a Thainá e o Vitor.Valeu, querides! Espero vos encontra em algum momento pós pandemia. 

Beijus e bom ano é o que a Ana deseja para todos vós ( com ou sem vinho verde!)

" California dreamin ( California dreamin') / On such a winter's day lalalalala"

Barrum Geral Zen, 31/12/2021



segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

UMA DESCABELADA NUNCA VEM SÓ! - HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XXIII



Reza a lenda que esta minha avó sentia um grande desgosto por ter uma testa grande e que esse desgosto ficou maior quando nasceu uma neta sua com uma testa como a dela. Ao que parece ainda maior. Espera aí! Deixa-me olhar no espelho. É verdade a minha só acaba na curvinha da cabeça, mais acima. Já a minha outra avó, amaterna, a alentejana que cuidou de mim, dizia:" Tens mesmo a testa da tua avó!" Nunca entendi essa obcessão, ao limite implicância com as testas alheias." " Penteia-te! Sempre despenteada com essa testa à mostra!, continuava a outra avó, a da testa pequena mas igualmente despenteada como a sua neta. Parecia que tinha uma nuvem alvoroçada em cima da cabeça, vindo a se enrolar numa longa trança enroladinha cá atrás. Coisa de quem trabalha e não se permite a ter tempo de se pentear a não ser quando se senta à mesa ou vai-se deitar.
Quem me falou que era um desgosto ter uma testa assim, foi o seu filho, o meu pai. A resposta saiu logo na hora:" Olha! As nossas testas são ótimas para fazerem de espelho. A pessoa olha para a nossa testa e já se vê refletida, incluindo a sua própria testa." Esta minha avó, que não era a alentejana, chamava-se Silva. Um nome original, digamos. Já a outra era Santos, que também é um nome incomum. Diz-se por aí que Silva é de origem judaica. Já por estas bandas tropicais, tanto Silva como Santos ( que é um nome concedido aos novos cristãos, por exemplo aos alentejanos que lá muito atrás foram árabes e muçulmanos) foi concedido a pessoas colonizadas, afro descendentes e amerindias, para lhes retirar a sua identidade cultural e linguistica. Um dia escutei uma mulher brasileira afro descendente que Santos é nome de preto e pobre que não tem descendencia europeia, logo não tem Schmitz, Kruger, Fittipaldi no nome. Pronto, aqui está a história de europeus não abastados ou até mesmos pobres, como uma grande parte da população, principlamente nos idos anos 30 e 40 que se chamam Silva, Santos, Silva Santos, Santos e Silva.
Talvez esta minha avó tenha origens judaicas, como o seu marido meu avô. O que é facto é que eles não foram perseguidos nem levados para campos de concentração, pois mesmo assim tiveram a ""sorte"" de nascer e crescer em Portugal que ficou fora da Segunda Grande Guerra e o Hitler ainda não tinha virado os olhos para esse jardinzinho à beira mar plantado. Esta foto é mais ou menos dessa época nefasta que assolou a Europa e também o mundo. Por outro lado, esta minha avó como todos os meus avós e os que vieram antes e depois viviam sob o jugo do regime fascista de Salazar entre 1932/74. Muita coisa, não?Muitos anos de uma noiye longa e escura. Muitos eram analfabetos como esta minha avó que além de cuidar dos irmãos mais novos, cuidava da casa e das cabras para fazer os queijos. Enfim, uma Europa sem glamour e um Portugal rural e pobre cuja população nunca viu o brilho do ouro do Brasil nem dos diamantes de Angola, tampouco usufrui dessa ostentação de saques que em tempo algum foi para investir nas condições de vida do povo. Essa parte já falei outras vezes, mas é só para relembrar aos mais distraidos em relação à História factual. Emitir uma opinião sobre um facto é uma coisa, distorcer um facto não é opinião. É mentira, ao limite, discurso de ódio. Espero não ter de voltar a escutar no Brasil que Portugal vive até hoje À custa do saque que fez no Brasil, principalmente vindo de pessoas universitárias com sobrenomes europeus. Graci! Mas agora já estou preparada e ando a trabalhar o meu humor para não me saltar a tampa por essa ignorància virada lugar comum. Responder com humor é sabedoria e ando a trabalha-la, nem sempre é evidente.... Mas estou no caminho da luz! No caminho do meio! Olarépipu! 😉
Num documentário sobre judeus na Peninsula Ibérica alguém dizia que a sua testa era muito grande, como a dos judeus. Daí tive um clique! Será que a minha avó não gostava da sua testa porque no inconsciente coletivo os judeus além de terem a testa grande não são confiáveis? Já nem digo bons cristãos,porque muitos portugueses não ligavam nem ligam para a missa, igreja e Deus. Porque será?
No Natal o meu irmão pediu ao meu sobrinho para me mostrar o nariz dele que era igual ao nosso: ENORME, tipo bico de papagaio. Pronto, um nariz de judeu também. Nós rimos das nossas carateristicas. Eu ainda tenho mais razões para rir: Testa grande e nariz grande! Além de me terem aparecido duas verrugas no alto da cabeça durante o mestrado e ter caído dois dentes desvitalizados na frente durante essa gloriosa passagem pela universidade. Enfim ,uma top model! Uma atriz atroz de Hollywood ou de Paris da França, só para começar por baixo.
Dizem por aí que ter a testa grande é sinal de inteligência. Não sei a que tipo de inteligência se refere essa lenda urbana... Inteligência de ser expert em alguma área e vencer na vida com isso ou inteligência emocional?
Eu gosto de ser palhaça,porque assim riu-me da mania das grandezas, da competição, das hierarquias por simples disputa de ego que por vezes ocorre no meio artítico, nomeadamente no meio da palhaçaria, da palhaçada, da palhafrita.... Para mim a arte do humor e também de rir é isso. Para outres há de ser outra coisa.... Por isso o mundo é redondo. Ou será plano? A minha testa não é. Existem testas planas? Vou averiguar! Quem sabe trago testemunhas e testemunhos dessa variação de testas. Um dia ainda hei-de cientista, mas só nas horas vagas!
A Piu
Campinas, 27/12/2021

sábado, 25 de dezembro de 2021

AQUELE ABRAÇO


" Em bons ou maus lençois, neles te deitarás." Eis aqui um ditado popular profético. 

Este lençol que aqui vos apresento é um portal de libertação. ( Agora também dei aquele ar profético de caminho da luz. Não liguem, mas liguem sem cristalizar, congelar estes reflexões, que espero que não sejam achismos. Se forem avisem! De verdade! Das maiores armadilhas é tomarmos os nosso achismos e preconceitos como verdades absolutas, com a intenção ou pretensão de sermos... sei lá!... Revolucionários, ativistas, militantes, bons cidadãos, bons qualquer coisa para a nosas comunidade e bolha.)

Este lençol é uma parte infima, mas também grande, do trabalho realizado este ano que transita entre a arteterapia, a arte educação e o teatro de formas animadas, teatro lambe lambe e a palhaçaria, a palhaçada ou a arte d@ palhaço ( como quisrem chamar). Para mim ser cidadã é ser brincante com reflexão e tornar a reflexão algo leve mas também com o seu peso. Leviadade é coisa lixada... Tira-me do eixo. Niguém é perfeit@.A leviandande deixa-me com "ozolhos" tortos e o miolo bagunçado... Ninguém é perfeito...

Neste lençol pintei cravos da revolução do 25 de Abril de 74 da minha terra natal, Portugal, pintei uma mulher ruiva de cabelo crespo com olhos da cor do planeta terra, pachamama para muitos,  pintei por pintar, trigulos inspirados na  cosmovisão gráfica amerindia. Pintei pelo prazer de pintar sem pensar no que iria pintar. Grata arteterapia e arte educação que abriu essa porta à tanto fechada pelos meus bloqueios internos e sublinhados por uma professora de artes visuais que aos meus 16 anos chantageou: "Se seguires artes visuais eu reprovo-te este ano." Resultado: fui par artes cênicas, anos mais tarde retomei a paixão pela escrita quando me enconttrei num ambiente académico para mim inóspito por ser cheio de regras e alguns karmas faxixi próprios dos meritocratas. Alguns até teem aquele grandes jipes urbanos com uma roda supelente coberta com o rosto do Che Guevera. Há de tudo nesta vida e vamos-nos avisando sobre tal.

Acabei de assistir ao documentário " Feminino Cangaço"  dirigido por Lucas Viana e Manoel Net. Agora dei aquela pausa para um documentário que já assisti há uns anos na Cinemateca portuguesa em Lisboa: 'As armas do povo, 1975¨realizado por José Fonseca e Costa, José de Sá Caetano, Eduardo GeadaAntónio EscudeiroFernando LopesAntónio de MacedoGlauber RochaAlberto Seixas Santos,Artur SemedoFernando Matos SilvaJoão Matos SilvaManuel Costa e SilvaLuís Galvão TelesAntónio da Cunha TelesAntónio Pedro Vasconcelos e Ricardo Costa[

Sim , ainda estou resentida com aquela artista, trabalhadora, e a creito que honesta na sua trajetória, mulher, mãe, brasileira que foi para Portugal e cuspiu virtualmente em mim, como poderia ter escarrado em cima de outra portuguesa, artista,. mãe por lhe ter perguntado sobre onde estva a sua solidariedade com o povo português antes dela se deslumbrar com o facto de os policiais portugueses não ostentarem armas na via pública nem levantarem suspeitas de mal tratarem "camufladamente" os negros e e migrantes. Tratou-me como uma branca privilegiada invejoa sem me conhecer pessoalmente, Enfim.. Coisas da virtualidade e dos tempos liquidos ondes as pessoas se malt tratam gratuitamente e se descartam mesmo quando as outras as alertam para as lutas anti fascistas protagonizadas por pessoas próximas e queridas. Vou ser sincera: é uma pirralha a quem eu desejo que se seja bem sucedida na vida mas que tenha a oportunidade de enfiar a cara no chão e passar um outro aperto, frito da falta de solidaroedade por serr estrangeira, para baixar a bola e amadurecer. Assim como deixar de escarrnecer nem desmercer parcerias entre mulheres, principalmente suas conterrâneas,; mas que fica por outro lado de ego enaltecido com brancas brasileiras das artes que a bajualm porque esta é pupila delas. AS MINHAS RAÍZES SÃO ALENTEJANAS, PÁ! SOU COMO UM CACTO DA PLANICIE, TAL QUAL A CANGACEIRA NORDESTINA MARIA BONITA. Cheia de espinhos por fora e leite docinho por dentro, como dizia um professor de palhaçaria André Riot Sarcey. Grata, André por me enxergares na plenitude do fazer artístico e humano.

Bora aprender juntas e sermos mais humildes?  E essa de atacar e rebaixar outra mulher no seu fazer artistico e intelectual  por ser branca e mandá-la para África, sendo que eesta se diz preta mas trambém é branca,  sem a conhecer pessoalmente não cabe. NÃO CABE MESMO, ISSO É UMA DISTORÇÃO DAS LUTAS E DAS SOLIDARIEDADES. Sim, é só um infimo exemplo do ranço, algumas vezes camuflado por conveniência e interesse individual. Grata na mesma. Não és a única e tu tiveste a capacidade de te revelares.  Embora eu tenha muit@s amig@s  brasileir@s querid@s de verdade. Neste natal confirmei e estou muito grata por isso. Manu, Nati, Paula, Thiago, Amanda, Thais, Adelvane, Magda, Mariana,  Marcia, Alexandre, Rosi, Darko, Helena, Duba, Rogério, Chico, Dehm Dehia, Vini são pessoas que eu considero amig@s de coração. Daqueles com quem posso contar e podem e podem contar comigo. 

 Estou quase com 50 anos e adoro, adoro mesmo, a idade que tenho. Estou-me a tornar uma bruxa, como sempre fui, de estar de boa mas não pisem muitas vezes os calos. 

Para finalizar, quero homenagear tod@os os portugueses e portuguesas anti fascistas que lutaram e lutam pela liberdade seja em território português ou fora deste. 

Valeu! Aquele abraço!

A Piu

Br, 25/12/2021



quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

HOLA! QUE TAL?


 Neste final de ano de 2021 só posso agradecer. Podem-me atirar tomates que a gerência agradece em fazer um grande gaspacho, súmula de 10 anos vividos com intensidade. Ter um gaspacho, sopa fria de tomate como garantia alimentar já tá valendo. Como ter qualquer coisa para comer na hora do aperto. Quem não concordar é playboy! Nham nham nham! QUEM QUER SE PLAYBOY E SER PLAYGIRL? ZUUUUTTTT! EU NÃO NÃO! EU NÃO! Saber viver é conhecer ou estar aberto para o desconhecido das sua circunstância e fazer escolhas conscientes, e inclusive de assumir que ainda não consegue ser vegano nem natureba. (  O movimento anti vacina não entra na história. Sinto muito amigos queridos de verdade naturebas... Mas com a saúde pública  temos que pensar em coletivo sem negacionismo...)


 Uns ridicularizam a crise dos 40, normalemte quem o faz ainda não passou mas está prestes mas com o cuzinho apertado ( mesmo que inconscientemente), Não vem é dar uma de Zé Mané... A achar que sabe tudo e ri-se dos que vieram antes.... 4ever young...uuuuu, I wanna be 4 ever young..... Por miudos: " vamos sempre ser jovens e sempre assim, sem nos responsabilizarmos?"


Olhem... este ano conclui a pós em arteterapia aqui em São Paulo, a diplomatura em teatro lambe lambe emm Chaco/ Argentina, assim um monte de cursos de produção e artisticos, além de ser mãe solo. Tudo on line! Menos ser mãe e cidadã... NÃO SOU A MULHER MARAVILHA! COMO MUITAS DE NÓS! SÓ ESTAMOS VIVENDO PARA CONTINUAR A SER E A ESTAR! Se temos apoio ou se nos submetemos a empregos de ambientes insalubres ou a subempregos pensemos em coletivo qual a parte que nos cabe para fazer diferente, não perpetuando disputas de ego, hierarquias que nada tem a ver com respeito pelo que veio antes e somente submissão . Pensemos sobre o valor do trabalho de cada um de nós. Sem demagogia.... 

Estou imensamente agradecida  a todas as pessoas que me teem apresentado esta linguagem. São muit@s. Um agradecimento especial a Denise Valarini ( artista visual que tem confecionado as máscaras e bonecos do trabalho que realizo)  assim como me apresentou a existência do teatro lambe lambe (re) criado por Denise Santos e Ismine Lime,


A Piu

 Br, 23/12/2021

IU UISH IU A MÉRI KRISHNAS! ABDA ÉPI NIU IAR!


 Na minha época, do meu país em que o ano lectivo ( letivo)  começava em Outubro, paráva em Dezembro duas semanas para as férias de Natal, retomava em Janeiro, férias de 3/ 4 dias no Carnaval, duas semanas na Páscoa, férias grandes ( de Verão) de e Julho a Stembro. TRÊS MESES INTEIRINHOS SEM ATIVIDADES OBRIGATÓRIAS! - Não é chique nem lerdo nascer e crescer em Portugal entre os anos 70 e 80. É o que é e já está. Com a ressalva que nós viviamos a celebração do fim do fascismo e do colonialismo e escutavamos MPB e liamos Jorge Amado, Garcia Marquez. Julio Cortazar e outros. Isto um  parte da populaça, não todos. Claro. Enquanto no Brasil além de se viver uma ditadura militar sempre foi passado aos descendentes de portugueses e europeus  que todos os que fossem portugueses eram exploradores, e não havia nenhum trabalhador explorado. Talvez fose uma maneira de colocarem o cuzinho de fora no que concerne à responsabildade do apartheid que se vive no Brasil com as perpetuações da exploração do  trabalho... Observando e vivenciando quase, mas quase, concluo isso.

 Ai é Natal! Bora lá! Aplaudamos para a grande árvore, a maior da Europa que se encontra ( ou se  encontrava pelo menos há 10 anos atrás  em plena crise financeira em Lisboa onde me encontrava para comemorar o último Natal na minha terra natal). A MAIOR ÁRVORE DE NATAL DA EUROPA VISTA VIA SATÉLITE! UAU! É ISSO QUE PRECISAMOS PARA A NOSSA VIDA E MILITÂNCIA PELA SOLIDARIDADE ENTRE OS POVOS! BORA SER PINDÉRICOS E CAFONAS ATÉ ÀS ÚLTIMAS CONSEQUENCIAS!Agora até vem a diáspora brasileira que se considera militante aplaudir as grandes árvores de Natal, mas sempre com aquele ranço latente em relação aos portugueses, sejam estes reacionários como os mesmos ou libertários, como alguns se acham ser, mas estão desinformados da História nacional e Internacional ).  Ai Ana!... Lá tás tu! Não páras... É NATAL, ANITA! Pois é... O compositor, músico e cantor português Zeca Afonso passou essa mensagem para as gerações seguintes: "Mantem o sentido crítico!     Não baixes os braços!" Um homem português com uma ternura utópica que me representa. ESTAMOS VIV@S!

Na minha infância eu tocava em casa, nas férias de Natal, na flauta doce: " Silent Night"/ " Noite feliz": só lá sol mi, ré ré si, dó dó, dó,sol! " Se pegar no clarinete vou lá! No mesmo tempo que tocava flauta doce na escola, praticava balé e judô. O neu irmão praticava judô. Não sei porquê ele nunca praticou balé. Cof... Cof... Ihihih

Sei que vou a todas! Não sei se é bom se é ruim! Mas eu curti e curto não ser especialista de nada nem virtuosa. Virtuose cheira a obstinação, ao limite fascismo.... Bora a todas com dedicação mas sem obstinação, sem ser a bambam num estalinho de dedos. Ai! Depois falo na prática de judô e da minha amiga Tânia, retornada de Moçambique, que está na foto. As únicas meninas na aula de judô.


BOM NATAL! 

É NATAL! NINGUÉM LEVA A MAL!  ( Ou leva?)


A Piu

Br, 23/12/2021


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

GRANDE GRADA KILOMBA!

 " Naturalmente" que a Grada desagrada, seja na Bienal de Veneza ou em outros eventos, com mais ou menos subtileza. " Ai! Não somos racistas, tampouco machistas!" brada o europeu que se considera civilizado, outros ainda já perderam a total vergonha na cara e vão por ali afora sempre naquela curva inclinada à extrema direita. 

É interessante observar que a escritora, psicóloga, teórica e artista intedisciplinar portuguesa, afro descendente de Angola e São Tomé e Principe, É BOICOTADA NA REPRESENTAÇÃO DE PORTUGAL  nesta Bienal que acontece numa cidade como Veneza, berço do mercantilismo e da expansão marítima, onde o tráfico negreiro está obviamente incluido e é a base do lucro... Grada Kilomba não representa só Portugal, como Espanha, Itália só para dar estes exemplos mais evidentes de encontros geográficos entre populações seja via terrestre como marítima. Sim, a Itália além de racista é machista. Por acaso tive essa oportunidade observar com estes 'zolhinho's quando viajei pela bota italiana com um parceiro negro. Inanarrável. Agora, também explica essa vaidade no Brasil da pessoa afirmar que é descendente de italiano quando é conveniente, porque quando é para enfiar o dedo na cara dos europeus de forma increterioza ou é istroou é aquilo. Tamb´rm é.. Como eu sou e  todos nós;. Somos mistura de muitos encontros e abusos então não perpetuemops abusos e preconceitos.  Fiquei muito tempo a pensar o porquê da vaidade de se ser desecendente de italiano.... Aqui vão várias hipóteses: é chique ser europeu, ou desecendente porque dá aquele glamour eurocêntrico, mesmo assim não passam por serem descendentes dos portugueses burros embora descendam dos mesmos e essa negação é umka burrice total além de ser cafona, é importante diferenciarem-se dos negros e indígenos mesmo que a suas raízes sejam miseráveis e de fome ou de ostentação endividada igualmente faminta.

Eu sinto-me representada pela Grada Kilomba. É da minha geração. Conhece os contornos mais subtis da dinâmica portuguesa e realmente ela demonstra que é muito maior que Portugal ou Portugal é demasiado pequeno para ela. Qual o português e a portuguesa que ama Ser e adora Respirar que nunca sentriu essa claustrofobia? Mas ela, além de ser artista e muitas outras coisas, é mulher e negra. GRANDE GRADA KILOMBA E BRUNO LEITÃO - curador que recorreu à reprovação da representação desta grande mulher na Bienal de Veneza. ABANA A ESTRUTURA E METE O DEDO NA "FERIDA"!

fonte: https://observador.pt/2021/12/10/curador-recorre-de-resultado-do-concurso-para-representacao-portuguesa-na-bienal-de-veneza/

A Piu

Br, 14/12/2021




HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XXII



 


A menina mulher desceu uma e duas vezes a rua com um sutiã tamanho GG na cabeça. Parecia um alien ou até mesmo uma daquelas damas da Idade Média. A mulher que já não era menina, embora também ainda fosse aventurou-se nessa provocação a um meio que ainda cheirava demasiado a testosterona. Enviou aquele audio visual para a dita convocatória pública à laia de fazedora de teatro, de atriz palhaça que também - mesmo assim- já anda aqui há algum tempo. Naquele vídeo que não era nem conceptual tampouco com pretensões de ser a obra prima do cruzamento de artes e linguagens contemporâneas, onde o outside e o mainstream flertam, era só um recado aqueles três irmãos. principalmente a um: Eu estou aqui e vejo-vos! Talvez não estejam habituados a serem questionados por mulheres meninas, meninas mulheres ou são mas não dão a devida importância. E repito é o caminho do coração que nos permite sermos inteiros, integros.
Deve ter sido o fim da picada quando aquele vídeo duma menina mulher num bairro qualquer de Campinas a descer a rua com um sutiã na cabeça, a dançar numa ruina perto dum campo de futebol, dizer umas coisas sobre ser mulher e rir da entrada inesperada da sua cadelita no estúdio caseiro de gravação, dançar tirando as maçãs de Lilith e Eva do sutiã do alto da sua cabeça e oferecer para a câmera e depois seguir caminho pela estrada de terra na sua bicla, bike, bicicleta.
Fez não pelo dinheiro do prémio, embora até desse jeito receber essa módica quantia e partilhar com a sua amiga que a filmou e a sua filha que editou essa curta metragem que era mais que tudo um recado,tipo: " Fiquem de boa que eu também fico, mas na próxima pensem que o lugar de privilégio de homem, principalmente branco no Brasil, pode ser questionado e abanado. Privilégio que precisa sim de ser desconstruido para a própria felicidade dos homens. Privilégio de ainda ganharem salários maiores que as mulheres e outres, privilégio- se é que se pode chamar assim- de objetificar e descartar as mulheres meninas, as meninas mulheres e quando pais poderem negligenciar e até mesmo abandonar e não contentes com isso importunar a mãe dos seus filhos.
Um homem especial é aquele que escuta, que observa, que se permite rever na sua conduta (in)consciente e também tenta honrar o seu irmão fazendo com que estes dê explicações a uma mulher que se sente invadida e importunada durante anos. O irmão mentiu a outro irmão e não parou durante muito tempo. Escondia-se atrás das redes sociais. Será que continuava a achar que uma mulher não tem inteligência suficiente para o sacar? Será que ele não saca que uma mulher mesmo tendo outro sotaque ou falando outra lingua não saca as suas birrices que espirra para cima também do irmão. Já o irmão, caso fosse especial como a menina mulher lhe dissera uma vez, precisava também de se rever como homem que sente, deseja, sonha e ama também: as mulheres meninas podem até serem bobinhas quando não avisadas, mas há fortes probabilidades de deixarem de o ser pela experiência da vida e porque existem muitas mulheres que enxergam as outras mulheres como mulheres, independentemente da core classe social. Precisamos de nos avisar que as relações são para serem saudáveris. Assim como é importante enxergar os homens como homens com capacidade de amadurecer. Depois há os babacas por conveniência, por não abrirem mão da mediocridades dos seus privilégios ou por serem profundamente transtornados. Aí precisam de terapia, como todes nós , mas ainda mais urgente.
Quero acreditar que você querido leitor que se disponibilzou em chegar até aqui não é babaca. Se se achar assim trate por favor de deixar de o ser. Isso é das maiores contribuições à sociedade que se pde fazer. Partindo do principio, no caso, que ser babaca é achar que as meninas mulheres servem somente para satisfazer os prazeres masculinos, que os sentimentos destas são para brincar, jogar para o alto como se dum saco de lixo se tratasse e que o valor do seu trabalho é muito pouco ou nada, porque afinal de contas elas devem ser recatadas, belas e do lar. Bilhaque , 'caria! Não presta! Meleca rançosa mofenta!
Então, caros homens: não infantilizem as mulheres, tampouco as façam de capacho das vossas mentirinhas de pernas curtas. Para serem amados precisam de se (auto) amar. Via de mão dupla. Não querem ser tratados como trouxas? Alguma mulher já vos tratou como trouxa? Talvez sim, talvez não. E 'vocesses' já trataram as mulheres como trouxas? Se sim, nunca é tarde para deixar de fazê-lo, porque as meninas mulheres também são feiticeiras, as que abrem caminhos e protegem-se como Yansã, e são sábias porque anciãs. As que agora sabem. Como sabem não dá para dessaber e daí vão aprendendo a agir com mais sabedoria no equilibro da pedalada. Isto sem excluir, falo por mim, os homens desta eterna desconstrução milenar onde as mulheres ainda são vistas como pau para toda a obra....
Um grande abraço muito especial até ao próximo texto
A Piu
BarrOm GerHaux 14/12/2021
foto: Ana, eu mesma, em 1976

VIVA A ARTE!


Em Setembro passado tive a honra de ser recebida e acolhida pela Associação Paranaense de Teatro de Bonecos para fazer parte da programação do Teatro Botica, cuja parceria entre estas duas entidades durou 20 anos. Agora o Teatro Botica fecha portas, mas os artistas e as associações continuam. Que outras portas, outros espaços se abram para esses encontros de sonho, de trocas, de ludicidade e reflexão. Vida longa à arte, seus fazedores profissionais e amadores e público. Um grande abraçao solidário e de gratidão pela oportunidade de ter também feito parte dessa história que não acaba nunca, só muda de lugar.


Ana Piu

Campinas, São Paulo 14/12/2021 


#bonecos #espetaculos #teatroparacrianças #curitiba #curitilover #teatrodebonecosresiste 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XXI



 
Pronto! Aqui estou eu com a idade de uns 13 ou 14 anos com uma amiga que conheci no Verão num acampamento de férias no meio da natureza. Sim, sim. Olha essas duas! Umas betinhas! Umas patricinhas! Umas filhinhas de mamã e do papá. Para adiantar, atalhar caminho, não tenho mãe desde os meus 11 anos ( e dispenso suspiros e exlamações: " Ai coitadinha!...." Gratinados pelo entendimento), segundo nestes acampamentos nós lavavamos a nossa própria roupa à mão e cantavamos ao redor da fogueira com o tal de violão " Vejam, bem" do Zeca Afonso, se não conhece não tarde em conhecer principalmente os defensores dos direitos trabalhistas em conhecer este compositor canto autor português que canta pela liberdade e independencia de África. Ai! Ai! Vamos lá conhecer para não passar por reacionário em Portugal, principalmente quando adota narrattivas neo liberais( " Agora o Brasil é um país emergente e bora usar o cartrão de crédito até às últimas. Agora já não é. Agora Portugal é bom demais mesmo que não saiba quase nada acerca desse país e do povo que lá mora. Agora Portugal não é nada daquilo que eu pensava e mesmo assim o Brasil.... Mas morar na Europa mesmo estando no rodapé da ilusão dá glamour.")
Sim, aqui estão duas jovens adolescentes portuguesas nos idos anos 80, quase a chegar à queda do muro. Somos novinhas. Sim. Mas as novinhas devem ser respeitadas, assim como as novinhas não se vão manter novinhas para sempre. Isso é a vida. Nascemos, somos bebés, depois crianças. depois adolescentes, jovens, jovens adultos, jovens de meia idade ou meia idade envelhecida na juventude, entradotes ou idosos ainda nos trinques, mas outros já mais afanados. E assim vai.
A grande sacada é irmos alimentando a jovialidade que é aquele prazer de não nos esquecermos do que nos faz sorrir nas entranhas de verdade: brincar de igual para igual. rir dos nossas próprias mancadas e do que nos oprime, olhar nos olhos e silenciarmos-nos assim como nos atentarmos quando, por exemplo, dois irmãos disputam e fazem as pazes, pelo memos aparentemente. Eu aqui com a minha amiga que também se chama Ana passávamos por irmãs. Nunca mais a vi depois desse Verão. Umas irmãs dum só Verão, vá. Mesmo assim um irmão ou irmã de sangue ou de laço familiar é para vida e coisas precisam se resolver: uma delas respeitar as mulheres, sejam estas novinhas ou entradotas, entrando para a idade maior vá. E respeitarem-se entre si. É o minimo. O básico dos básicos. O resto... O resto é treta.
É tão bom vivermos sem tretas, pois não é? Fala a entradota jovial. Ihihih
Finalizando: espero que esta minha amiga da adolescencia ainda seja viva e se sinta feliz e respeitada pelo facto de Ser. De ser ela e de ser mulher, tenha olhos azuis ou pretos como carvão. Coisas básicas que precismso de vez em quando de lembrar para não esquecer.
Beijus igualitarus
A Piu
Bidon Gerad, 13/12/2021

sábado, 11 de dezembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XX

 





Gostaram desta composição duma Flor do Natal, também conhecida por bico-do-papagaio dentro duma empoeirada bota que eu comprei por R$5 numa feirinha/ festa de rua no centro de São Paulo em comemoração ao dia da consciência negra? Isto, lá está, antes do pandemónio da pandemia. A composição encontra-se em cima duma mesa de bar que eu encontrei há uns anos jogada na rua com as respectivas cadeiras . O dito bar remodelou e a minha casa passou ter esta mesa casual que hoje está aqui nesta composição, onde o preto e vermelho resaltam aos olhos como se duma alusão à bandeira anti fascista se tratasse  com apontamentos de folhas verdes, lembrando que o mundo vegetal é muito importante para a nossa vida, com um pedaço de grama/ relva a compor. Temos um cordão/ cardaço azul que alude ao azul do céu e do mar, que nada tem a ver com o azul monárquico. Pronto, este é o meu olhar imagético, destes meus olhos ora azuis, ora verdes, cinza conforme a luz do dia e a alegria espressa no brilho do olhar.  

Bom, antes de tudo quem me deu a ideia desta composição foi uma das minhas filhas que para me definir para @s amigo@s diz que eu sou daquelas que decora a casa com uma flor dentro duma bota. Quando escutei isso ri tanto mas tanto que acolhi essa ideia e aqui está aos olhos de todes! Além de que eu adoro esta planta, chamada de flor do natal ou bico-de-papagaio. Ela é muito resistente e mesmo quando caiem as folhas vermelhas e parece que morreu se continuar a beber água renasce.

Eu tinha uma outra aí, tenho de coloca-la no colo. Caiu quando vieram aqui fazer a poda dum arbustro. Contratei um sujeito para prestar esse serviço, já que além de não ter ferramentas adequadas a coisa tinha chegado a um ponto que o quintal estava prestes a virar mata atlântica densa. Em suma, contratei um serviço. Não tenho empregados. Não sou patroa. Se contrato um serviço para mim é uma relação de troca: a pessoa presta o serviço e eu pago. Ponto final. O que é curioso de observar, não sei se isso acontece por eu ser mulher e talvez estrangeira, é a confiança, " o tu cá tu lá" como se diz na minha terra dos fulanos.Ao limite o abuso de confiança. Chegam às horas que querem sem avisar, umas quatro hora depois, mesmo com horário marcado avisam logo que vai chegar no dia seguinte à hora que puder, mas aqui a mané paga tudo direitinho na hora à vista. Daí o fulano assim que olha já sabe tudo acerca da vida da cliente: " Ah! Você é boliviana. Você é juíza." ao que a resposta zás: " Juíza? Não. Quanto muito não tenho é juízo algumas vezes." Arrependo-me no mesmo instante, pois vai saber se o sujeito não achará que estou a me insinuar para ele. Pode acontecer.... Ai que desafio este de ser mulher numa lógica da pegação, da safadice. Que desafio e preguiça. Respiro de alivio por ele não ter levado para esse lado. " Você ganha uns R$3.000. Tá bom, né?" EXTRÓDINÁRIO! ESTRONDINÁRIO essa capacidade sociológica que um sujeito pode ter. Já traça o perfil do outro e sabe o que a pessoa ganha, de onde ela vem e o que ela exerce e ainda dá nota! Eh pá, fico impressionadissima. Ainda bem que ele não me veio com a história da dívida do ouro! 

Fica aqui o convite a todes que acham que o @s tugas no geral devem ouro aos brazucas, principalmente aqueles que vivem rodeados de cercas elétricas e com muitas medidas de segurança para protegerem os seus privilégios: " Ouro não tenho como devolverporque não tenho nem nunca o tive, mas posso oferecer um café, uma água de coco, um caldo de cana e conversarmos um pouco e ficar de boa, desfazer equivocos, rir de bobagens, das noticias e informações fake e de tudo o que é fake, nomeadamente nós algumas vezes. Rir de nós mesm@s, vá." Que eu não sou menina de chutar os outros literalmente. Isso lembra aqueles adolescentes da minha geração  armados em punks rebeldes que no fim da noite, do rolé, da balada chutavam os contentores/ containeres do lixo. Eh pá! Aquilo sempre me incomodou. Sim, incomodou justamente porque esse tipo de rebeldia é tão parva, tão babaca, tão rebelde sem consciência de cidadania....Eu curto caminhar pelos lugares onde o lixo não está largado no espaço público ou no meio da natureza, como curto saber que apesar de tudo vivemos em sociedade e que chutar o lixo ou os outros gratuitamente não eleva a lugar nenhum e fala muito do que devemos limpar cá dentro.

O prestador de serviços que limpa a mata atlântica do meu quintal propõe eu pagar mais R$100 para se colocar veneno no arbustro  e este não crescer mais. Morrer. COMO ASSIM?!?! VENENO? NÃO, CLARO QUE NÃO.! Uma coisa é podar outra é envenenar. Como tudo na vida, nas relações que estabelecemos uns com os outros sem partir de pressupostos e de pões e dispões.  E isso é EXTRÓDINÁRIO! Isto, lá está, na minha visão de sermos todos iguais cumprido as funções ao qual nos propusemos nesta vida,. Fora das relações de disputa de poder e de querer levar vantagem.

Mural na história: Não me chutes que eu também não te chuto. E cuidemos das flores vermelhas em botinhas pretas empoeiradads que há dentro de nós.

'Bunito', né? Até eu estou comovida com esta metáfora que vem do cerne deste meu ser, Ihihih 

Beijus e abraçus inté ao próximo texto sobre bruxas, mulheres meninas, feiticeiras e tudo! Piu!

zzzzuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

A Piu
BarOm Gerhaux 11/12/2021



quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XIX

 


    

"Os homens estão meio perdidos, precisam de ser ajudados.", escutei isso num desses podcastes da vida. Já lá vamos kompanheir@s, kamarad@s desta existência! Não posso jurar a pés juntos que nós somos almas muito antigas - umas mais que outras- e que de vez em quando encarnamos. Não juro nem desminto. Por isso aqui a bruxela que vai da bruxa até à donzela - por acaso não curto muito o termo donzela, dá sempre aquele ar que todas fazemos parte da nobreza e que queremos ser todas princesas que fechadas numa torre muita alta vem um sapo muito viscoso que nos beija, transformando-se este num belo principe filho do imperador e nós despertamos para a vida e somos libertas e levadas pelos campos afora em cima dum robusto cavalo branco, segurando-nos na cintura do nosso belo principe que se casará com nós outras e viveremos felizes para sempre. Assim sendo substituto donzela por menina, esse arquétipo dos quatros que constiutuem o feminino em consonância com os ciclos lunares. Da menina ( lua crescente) à bruxa/ anciã ( lua nova). passando pela mãe ( lua cheia) e pela feiticeira ( lua minguante).
Se voltarmos uns séculos atrás, uns cinco/ três, na Europa, chamada de " Velho Mundo" - como se outros mundos fora desse continente fossem novos... " Velho Mundo" é um termo eurocêntrico criado nesse projeto de expansão mercantil que se iniciou no século XV- vamos nos deparar com uma história horripilante que se deu por todo este continente!!... A caça às bruxas que não é se não uma patologia coletiva de mal com o feminino, com a figura da mãe, da mulher onde a sexualidade e a líbido são distorcidas e reprimidas, assim como o conhecimento popular ancestral das plantas medicinais e o contato com outros planos é demonizado, perseguido, torturado e queimado.
Esta só eu em 2013 em Évora, Portugal, cidade muito antiga, se os arqueólogos continuarem as suas escavações a cidade precisa de ser evacuada, assim como Lisboa, por exemplo. São cidades que existem muito antes do Império Romano, embora estes tenham tratado de destruir o que já lá estava para se edificar. Em Évora o templo romano ainda está ali firme e forte mesmo que com algumas falhas. Mas viajemos uns belos duns séculos depois, até à Inquisição. Évora foi palco desse sinistro projeto, assim como Lisboa, só para dar o exemplo destas duas cidades, já que Portugal é do tamanho duma unha do mindinho.
Vivia-se o feudalismo que não é se não a posse de terras de uns tantos senhores ou do clero, da igreja. As mulheres consideradas bruxas geralmente eram pobres, por serem mulheres não possuiam terras nessse sistema feudal, logo patriarcal. Assim sendo, a dita líder espiritual que se apresenta como bruxa que falei no texto passado vir dizer que as bruxas posuiam terras e que o rei sempre pedia conselhos às mesmas, logo estas eram ricas e por isso perseguidas.... Isso é uma distorção da História. Como tantas outras. Onde ela foi buscar essa informação? Sim, algumas mulheres da nobreza foram incriminadas como bruxas, mas não eram elas que tinham a posse de terras, quanto muito assumiam a dianteira caso fossem viuvas ou orfãs, mas viviam sobre o jugo da lógica patriarcal. Essa distorção para legitimar que temos que ser todas muito ricas a possuir muitas coisas dentro da lógica capitalista é semelhante aquela distorção que alguns brasileiros atiram à cara de outros alguns portugueses acerca do ouro que Portugal roubou ao Brasil e que o povo português está assim em dívida com o povo brasileiro. Que Portugal roubou ouro, assim como a Espanha, isso é facto. Um facto consumado. Mas por onde anda esse ouro também gostariamos de saber, nós portugueses do povão. Uma parte foi para pagar dividas entre potências coloniais, outra está nas igrejas e em algumas casas senhoriais. Eu sinto muito. Assim como sinto muito o genocidio realizado por essas duas nações neste imenso continente americano. Mas esse saque foi realizado pela coroa, pelo clero e pelos saqueadores aventureiros e degredados . O povão nunca se beneficiou com essa coisa, essa ignorância, essa ganância.
Uma bruxa que se diz bruxa e vem com essas mentirinhas para beneficio próprio, se acredita no sobre natural precisa de ter atenção porque não está a honrar a história dessas mulheres que vieram muito antes dela e que acabaram na fogueira. Vê lá se não levas uma vassourada em noite de lua nova!
Já responder a essa questão dos homens precisarem de orientação agora que as meninas mulheres estão se a levantar das cinzas tal qual Phénix fica para o próximo texto. Olhó o marketing! Mas fica a degustação: queres amar uma mulher menina, uma menina mulher, uma bruxela, uma bruxina? Escuta-la! Tu escuta-la bem sem tomar isso como um ataque, sem ficar à defesa, sem amuar nem invocar amantes, crushes e ex namoradas! Ah! E respeita as ex namoradas ou ex companheiras! Poupa-as de joguinhos! Honra o carinho, amizade e transparência entre vós outros. As meninas mulheres, sejam bruxas ou não, apreciam a amizade como base de tudo mesmo que os destinos se separem para outros destinos se encontrarem. Ai as bruxinas que gostam das outras mulheres e não as enxegam como rivais. Aprendemos umas com as outras e também com os homens, trans e outros géneros existentes na humanidade.
zzzzuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
A Piu
Barrum Gerrum 09/12/2021


terça-feira, 7 de dezembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XVIII

 " Essas crises têm a mesma origem: uma visão de mundo que entende as pessoas como separadas que precisam de lutar pela própria sobrevivência e que a natureza é recurso à disposição da humanidade. Esse modelo individulista e antropocentrico no qual o capitalismo se sustenta é, na verdade, insustentável, ilusório, e está causando a destruição de toda a vida.

Por isso precisamos de descolonizar nosso imaginário e acessar a outras visões de mundo ( como a dos povos originários)  que veem à terra como um ser vivo, valorizam o sentido dos sonhos, e reconhecem o poder da comunidade e da onterdependencia entre os seres. "

Com amor, Ieve e Naíla - prefácio Mandala Lunar 2022- 

Pronto, começo assim o texto de hoje com esta citação de duas mulheres que se apresentam, no meu ponto de vista, de forma honesta. " A Mandala Lunar é um projeto concebido por três mulheres brancas, cis, em fase fértil, de classe média, do sul do Brasil e este livro é feito com base nas nossas experiências e vivências a parir deste recorte de privilégios."

Honesto, não? Por essas e outras eu acompanho o trabalho delas desde 2019. Reconhecem o lugar  que ocupam na sociedade e no mundo sem se armarem em hipongas de boutique, mulheres sagradas feministas da bolha que depois acabam por subscrever o que já está aí: capitalismo selvagem, meritocracia espiritual que com muitas frequências vibratórias elevadas levam-nos a todas a morar em mansões e sermos muito mas muito ricas, tipo princesas ou rainhas do El Dorado.

Eh pá! Não tem problema algum das pessoas serem ricas, basta saber à custa do quê e de quem enriqueceram.  Acredito que hajam pessoas ricas e honestas assim como solidárias e conscientes. A questão reside aí! Se alguém se encontra num lugar de privilégio, principalmente em países com uma desigualdade social vincada, porque não compartilhar com os demais os beneficios dos seus privilégios? O que diferencia privilégio e oportunidade? Esse é um longo tema  para se refletir e colocar em prática no nosso dia a dia. O privilégio  de viajar pelo mundo com uma mochila às costas, com o seu trabalho ambulante e nem sempre com muito dinheiro no bolso não será uma oportunidade de crescimento, de abertura de visão, de aberura do dito chacra cardíaco, o tal do nosso coração?

Escuto uma outra mulher nas redes socais que se apresenta como sacerdotiza, bruxa vá. Ela trabalha com aromoterapia, auto conhecimento e saúde feminina. O conhecimento de nós mulheresa acerca de nós mesmas, muito antigo, antes de chegarem os genecologistas dentro duma lógica patriarcal. Conhecimentos bruxais que a Inquisição demonizou, perseguiu e aniquilou, Ou tentou aniquilar. Essa mulher fala de frequencias vibratórias com base na neuro ciência. Enfim, interessante acompanhar os estudos dela. Mas depois há ali umas mancadas... Que aqui a Anita, a mesma que se encontra aí nesse recorte dum qualquer jornal lisboeta no ido ano de 1999, fica com essar assim... de olhos esbugalhados sem saber muito bem se escutou bem e para onde aquela narrativa leva as outras mulheres. " Manas, nós somos co criadoras da nossa realidade. Nós mentalizamos algo, trabalhamos- nos por dentro e por fora e conseguimos assim realizar todos os nossos sonhos. Outro dia li um texto de antropologia que falava das desigualdades sociais. Manas, isso são crenças limitantes. Todas nós podemos ser ricas se trabalharmos para isso! O  capitalismo não é ruim, porque nos interconecta. Temos que vibrar na abundância e as pessoas que estão nos partidos e cargos politicos estão todos a vibrar na frequencia da raiva.'

Eta confusão da treta! 

" Xõ xuá cada macaco no seu galho! Xó xuá eu não me canso de falar.

Xõ xuá esse papo anestesia, vai pregar para outro lugar!"

Pronto, já cantei aqui um pouco com um arranjo que acabei de fazer. Já dei aquela desanuviada. Eh pá! Há aqui uma contradição ou até não? Primeiro, a pessoa quer se conectar com o cosmos, que não é ridiculo nem absurdo. O que é absurdo e ridiculo é a pessoa assumir uma liderança espiritual em nome do feminino resgatado e apoiar o capitalismo que é altamente patriarcal, posse de terras, de mulheres, lucro onde não há abundância para todes e sim o excesso e desperdicio onde uns tanto têm muito e a maioria tem muito pouco ou nada. Mas já que existem pessoas com a vibração do enriquecer não neguem as desigualdades sociais tampouco queiram falar de tudo com propriedade intelectual quando nitidamente o seu discurso é conduzido para vender o seu produto, no caso, de cura espiritual. Não tem problema nenhum das pessoas serem remuneradas com os seus trabalhos terapeuticos! Não queiram é vir jogar areia para os olhos de outras mulheres dando uma de cientisas sociais e politicas para levarem a água ao seu moinho. Nesse caso pergunto: essa postura não é de olho grande da ganância e do obscurantismo? É importante que os indigenas sejam represenatdos por indigenas, os negros, as mulheres, LGBT, no Congresso se não somos todos engolidos num trago só. 

Enfim, é importante as mulheres voltarem a se saberem ciclicas, com o conhecimento das ervas medicinais e outras alternativas justamente na contramão da lógica capitalista selvagem. Existem outras energias de troca. Bibliografia antropológica e sociológica é o que não falta: Marcel Mauss com o " Ensaio sobre a dádiva",  'Espirito da dádiva" do Alain Caillé, etc. Agora, vir defender um sistema capitalista que nos trouxe até este abismo em que nos encontramos ao nível planetário.... Dá licença que eu vou colocar no meu terceiro olho óleo de lavanda para relaxar e ter mais assertividade no caminho do coração que almejei percorrer.


Beijus e abraçus a todes e todes

A Piu

Borron Gerau, 07/12/2021



sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

HONRANDO AS MINHAS RAÍZES - XVII



 


A nossa primeira morada foi num pote cheio de água, chamado útero.Não conheço ninguém que tenha morado durante a gestação em outro lugar. Ficamos ali sensivelmente 9 meses. Há quem fique menos, mas aí precisa de cuidados especiais. Há quem diga que no nosso útero, no das nossas mães, avós, bisas e todas as que vieram antes guardam-se memórias muito antigas. E nós vamos herdando essas memórias e guardando no inconsciente. Há que cur-a-las, limpa-las. Quem sou eu para desmentir que existe memória celular que passa de geração em geração? Para os mais céticos que a tudo chamam superstição pode-se acenar com a neurociência. Pronto, para os materialistas, aqueles que acreditam que tudo é só matéria destituida de espirito e alma... Eh pá, não sei como entabular um diáologo sem ser lida como beata, sei lá... Como... Ah! Isso é o que acontece a todes que vão para o Brasil, começam a ter visões sobre naturais e mais um pouco já estão  na bancada ivanbélica ou a tirar cursos de vidente em dois dias para ser abrir um consultório de enguiços. Ihihih enfim.... É bom descontrair e desenguiçar desses olhares assim meio que pela superficie. 

Estudando algumas linhas espirituais, não todas, identifico-me muito com a espiritualidade indigena, nas suas múltiplas variantes praticadas pelos multiplos povos deste imenso continente. Tudo tem espirito, sopro de vida. Uma pedra, uma planta, uma montanha, a floresta com os seus seres encantado. Um mosquitinho também tem espirito embora seja chato e fique ali a zumbir ao ouvido numa noite de muito calor.

Eu gosto muito de acompanhar os ensinamentos do Kaká Werá, ambientalista, espiritualista tupi guarani, Neste confinamento foram três jornadas/ cursos com ele: o poder dos sonhos; o poder sagrado das histórias, xamanismo: a via do coração. Não, ele não ensina a ser xamã. Ele partilha sabedorias muito antigas do seu povo para nos lembrarmso quem nós somos fora duma lógica cartesiana. Para mim é profundamente tocante a dignidade com que indigenas como por exemplo o Kaká Werá. a Eliane Pontiguara, o Krenak, os vários pajés com as suas comitivas de cura espiritual levam a sua sabedoria  e possibilidade de cura espiritual a esta sociedade que tanto os desrepeita, os usurpa e os agride. Estou eternamente agradecida pela oportunidade de ter contato com estes seres humanos que resistem com a sua espiritualidade, os seus movimentos de demarcação de terras, de luta pelos seus direitos e protagonismo dos seus povos, a sua arte, a sua literatura, a sua cosmovisão muito mais em conexão com a vida que todos os dogmas impostos até aqui em nome do amor, de um deus castigador.

Como disse no texto anterior eu fico mais que reticente A-S-S-O-M-B-R-A-D-A com algumas falas de algumas mulheres do sagrado feminino da Nova Era. Sim, temos que nos auto conhecer, limpar velhos padrões de comportamento, mergulhar dentro de nós mesmos e auto observarmo-nos, mas falar para as pessoas que esta pandemia é algo que temos que tomar como um processo evolutivo de expurgo da humanidade!.... Hmmmm não entendo bem o que isso quer dizer ou realmente receio entender tão bem que caio para o lado. É uma afirmação dúbia. quer dizer que só resistirão os iluminados? Então, mas afinal o Coiso, o Messias iluminado? Deve ser. Ele pega uma gripezinha e já passou, mas os pajés e o seu povo da floresta morre, assim como outras pessoas em outros contextos. Não entendo muito a lógica,talvez seja eu que ainda não tenha ascendido ao nivel seguinte de expansão da consciência. 

Depois ainda há mulheres sagradas que dizem a outras mulheres que não é bom posicionarem-se, o ativismo não é uma expressão do amor universal, não podemos causar discórdia, que temos que focar nas coisas boas que acontecem no mundo que são superiores às coisas ruins. Eh pá.... Espera aí.... Deixa respirar um pouco.... Quer dizer que os movimentos indigenas, os movimentos negros, os movimentos de mulheres contra a desigualdade de género e suas violências, os movimentos LGBT, dos trabalhadores, dos sem terra não valem nada. Uma cambada de arruaceiros. Eh pá! Isso tem um nome ou dois: alienação e positividade tóxica aliada, naturalmente, à falta de empatia, solidariedade para quem está abaixo na pirâmide social desta conjetura tão desigual e violenta. Isso para mim não me eleva e sim baixa o meu astral. Deprime, se a pessoa não tomar cuidado; Porque vai atrás dum discurso de espiritualidade gourmet, enlatada, na bolha. Estou enganada? Isto é o que eu sinto, mas posso estar enganada e estou aberta a aceitar que é uma interpretação minha errada.

Outra coisa, para finalizar. Se para uns o sobrenatural não existe para outros existe, nomeadamente para os povos da floresta, só para dar um exemplo. Para mim é respeitoso que não se dê um chute no sobrenatural porque só existe a vacuidade búdica. Podemos não abrir a porta para o sobre natural nesta nossa passagem, mas pelo menos trabalhar a nossa humildade e aceitar que existem muitas cosmovisões que estamos preparades ou não para nos aproximarmos e adentramos por águas nossas nunca antes navegadas, mas por outros sim.

Iria escrever sobre de alguns homens desconhecidos ou não, nomeadamente progenitores, acharem que podem atormentar as mulheres, os seus filhos e mães dos seus filhos uma vida inteirinha, mas o meu coração levou-me para este lugar. Então agradeço a todos os ensimentos do Kaká Werá e também de algumas mulhreres da Nova Era, mas este é o meu olhar e posicionamento no momento. Porque afinal de contas "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela opinião formada sobre tudo".

A Piu
BarOm Gerhauxhaux, 03/12/2021
foto: Alentejo, Portugal 2005