terça-feira, 16 de julho de 2019

SOMOS TOD@S SUJEIT@S HISTÓRIC@S

Antes de tudo para vivermos em democracia precisamos de saber o que realmente é democracia. Liberdade de expressão, respeito por visões de mundo diversos, capacidade de conjugar esses mesmos pontos de vista para um bem estar social que abranja idealmente toda a população, respeito e igualdade pelo papel da mulher enquanto sujeito social, entre outros sujeitos socais considerados minorias, e por aí vai. Não esquecendo que a autonomia da mulher passa não só pelo financeiro, que é bastante importante, como pela sua realização pessoal que está naturalmente associada à auto estima. Passar isso às gerações seguintes, assim como transmitir factos históricos, que não são opiniões, são factos. Ter havido uma ditadura ou um holocausto não é uma questão de opinião se houve ou não houve. Aconteceu. Ponto. Agora se a pessoa concorda com as atrocidades que se cometem nesses períodos ou nem sequer estar informada sobre os contornos de tais atrocidades... Isso cabe a cada um e cada uma parar e comprometer-se a trabalhar a sua consciência do que é aceitável ou inaceitável. Invadir o espaço de outro ser vivo, humilhá-lo, difamá-lo, mal tratá-lo e ao limite tirar-lhe a vida é aceitável, independentemente da bandeira que erguemos? E se em vez de levantarmos bandeiras furiosamente cuidarmos do nosso jardinzinho interior? Escolhermos cuidadosamente o que pensamos, sentimos e expressamos? Escolher como nos relacionamos com o ' outro ' que somos também nós? Que desafio!!! Principalmente quando passamos séculos e séculos a focar num olhar patriarcal que é de guerra, combate, invasão, estupro, roubo, anexação? Quem estuda nas escolas sobre a história das mulheres? O que elas criaram? Como elas têm contribuído para o mundo, além de serem mães condicionadas à lógica acima descrita?

Se tem havido muitos avanços no último século, principalmente depois do sufrágio universal em que as mulheres podem votar assim como novas formas de controle de natalidade, pelo uso de contraceptivos, muito ainda há avançar diante de alguns aparentes retrocessos que se tem observado não só no Brasil, como em várias partes do mundo ocidental dito desenvolvido. Num sistema neo liberal onde o vínculo empregaticio é quase, se não totalmente, desprezado. A precarização do trabalho é efetiva.


Perder a nossa autonomia financeira, mesmo que momentaneamente, porque as leis trabalhistas neo liberais só enxergam o trabalhador e a trabalhadora como força de trabalho descartavel em que a sua doença. invalidez, gravidez ( gravidez não é doença) , maternidade, velhice não são da sua responsabilidade é uma violência que podemos chamar de simbólica, porque não é física.

Há uns dias atrás assisti a uns episódios na netflix : guerras do Brasil. com. Como estrangeira para mim é importante não só saber a história do Brasil, mas como ela é contada. Muito interessante os dois primeiros episódios com a fala do Krenak e outros sobre a chegada de "nós" portugueses e o que se fez com os povos indígenas e africanos. Sinto muito e só desejo que esse projeto de genocídio tenha fim o mais rápido possível. Mas qual não é o meu espanto que do penúltimo episódio há um salto de décadas!.... Passa-se de 1930, com a chegada do ditador populista Getúlio Vargas, para 1969 superficialmente e  sem falar a fundo do Júlio Prestes e somente citá-lo também superficialmente. Da ditadura militar nada se fala e vai logo para os anos 1990 e 2000 sobre a guerra entre facções dentro e fora dos presídios entre si e com o Estado... Enfim, de algum modo está explicado todos este samba do criolo doido no Brasil em que parte da História é omitida, escondida, apagada. Quem não deve não teme nem treme. Então não se esconde ou pinta o rosto da História com talha dourada... Apareça, olhe nos olhos, assuma a sua humanidade! Isso nos mais pequenos detalhes da vida. Muitas vezes reproduzimos inaceitabilidades porque as mesmas foram naturalizadas. Termos a coragem de rirmos saudavelmente dos nossos vícios de comportamento é um caminho de cura individual e coletiva. E agora lá vai clichê, mas que é efetivo: " SÓ O AMOR CURA!"

E por falar nisso! Você conhece estas personalidades femininas brasileiras? Eu reconheci a psiquiatra Nise da Silveira e as atrizes Leila Diniz , aquela que veio abalar com as certezas e práticas libidinosas da época que se perpetuam até hoje, e a Cacilda Becker, aquela que um dia falou: "Não me peçam para oferecer a única coisa que tenho para vender!" Que é o quê? A sua arte cênica que é a sua profissão, o seu ofício. Pois é, ser atriz é uma profissão digna, que não precisa de passar pelo do teste do sofá nem do tapete. Requer muita dedicação e estudo. Assim como a arte da palhaçaria. Uma boa palhaça ou um bom palhaço sabe atuar em cena e isso trabalha-se. Ninguém nasce ensinado, como ninguém nasce a saber o que é democracia e liberdade de expressão sem ofender e invadir gratuitamente o(s) outro(s). Cabe a cada um e cada uma de nós dar continuidade a esse exercício ao invés de apontar dedos e enxergar os outros como rivais, inimigos. Ao final isso é uma grande infantilidade, porque somos todos espelhos uns dos outros. Se sorrirmos e rirmos para a vida, mesmo nos momentos mais precários logo desafiadores, será que esta retribui? ;)

Bom! Até ao próximo texto nesta página sobre palhaçaria feminina e relações abusivas!

Ana Piu
Br, 16/07/2019


Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/


Você conhece a história destas mulheres brasileiras? 



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