terça-feira, 23 de julho de 2019

MAIZAMÔ OHFASHFAVÔ! GRATINADOS!


 " Dizer amor em tempos de ódio é um gesto anacrônico (...) Quantas vezes não recuamos do desejo de manifestar amor por não saber como sua expressão é recebida? Quantas vezes não controlamos dentro de nós mesmos por achar que o amor não faz sentido? Pensar assim é inevitável quando todos nós estamos confusos com o que chamamos de amor porque a delicada planta do amor não tendo espaço para crescer nesse mundo em que a cultura do ódio  avança tão rapidamente quanto o desmatamento da floresta Amazônica, quanto a indústria bélica, o consumismo, , os latifúndios, a economia dos ricos cada vez mais ricos, o autoritarismo. "  ( pág.96)


" A democracia flerta facilmente com o autoritarismo quando não se pensa no que ela é e se age por impulso e leviandade. Não sou uma pessoa democrática quando vou à rua protestar em nome dos meus fins privados, dos meus interesses pessoais; quando protesto em nome de interesses que em nada contribuem para a construção da esfera pública. Eu sou autoritária quando, sem pensar, imponho violentamente os meus desejos e pensamentos sem me preocupar com o que os outros estão vivendo e pensando; quando penso que o meu modo de ver o mundo está pronto e acabado; quando esqueço que a vida social é a vida da convivência e da proteção aos direitos de todos os que vivem no mesmo mundo que eu.  (...)

As verdades que muitos compram hoje em dia parecem baratas, mas a médio longo prazo o preço pode ficar muito caro. Juros sociais e políticos não cessam de ser cobrados historicamente. O autoritarismo finge não existir o tempo histórico prega em nome de interesses imediatos.  "( pág. 68)


Taburi, Marcia " Como conversar com um fascista- reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro" , Ed. Record Rio de Janeiro: 2016.



Ser artista pode e deve ser um comprometimento com o todo, com todos os seres sencientes. Podemos passar uma vida inteirinha a representar a Frozen, a Bela Adormecida. A questão é perguntar-nos se não passamos uma vida inteirinha congeladas e congelados na nossa dormência. Hoje tenho a honra de citar a pensadora Marcia Tiburi que é graduada em filosofia e artes e mestra e doutora em filosofia. Além de brasileira as suas origens não são oligárquicas. Vem lá de baixo. Isso não impede que outras pessoas de origens mais favorecidas possam não estar despertas para enxergar essa grande paisagem social, económica e politica. Dois exemplos desses brasileiros: Chico Buarque e Jorge Amado.

Por sermos palhaças, e antes de palhaças somos atrizes, não significa que estejamos alheadas de toda esta teia que é a vida com os seus meandros sinuosos. Pelo contrário!  Da minha parte não vim somente para entreter as massas enquanto engolem pipocas. O Chaplin também não veio. Agora muitos dirão:"  Olha esta que se compara com o Chaplin!" Nããã! Nada disso! Ele é uma inspiração para muitos de nós enquanto artista engajado. E quanto mais engajados menos alienados, logo mais politizados e menos partidários. Porque os partidos existem para servir os seus próprios interesses, tenham o nome de fascistas, comunistas e outros. Veja- se a China Maoista no Tibete. Veja-se os Yankis na América Latina nos anos 70 e 80,  já para não falar de outras partes do mundo. O que autoritário não é democrático. E o mundo grita pelo quê? Silêncio, Amor consciente sem clichés de : Ai é só Amor e ninguém larga a mão de ninguém!" E quando bixo pega, nestes tempos ainda individualistas de status e efémera glória, quem fica e o que fica? QUE O NOSSO RISO SEJA SOLTO, LIVRE, CONSTRUTIVO, LIBERTADOR, EMANCIPADO. QUE POSSAMOS RIR-NOS JUNTOS DAS NOSSAS RESILIÊNCIAS!

A Piu
Brasil, 23/07/2019

Aline Miguel- artista carioca



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