domingo, 7 de julho de 2019

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE UM ABRAÇO ECO LÓGICO

" What Else Mag Cultura Arte-Pop Art" Andy-Warhol

Naquele Agosto de 1991 a primeira cidade que paramos para ficar, após vários dias de comboio/ trem, foi Budapeste. Era incrível perceber a riqueza e o desenvolvimento de cada país através da qualidade e conforto das carruagens. Portugal era aquela zoeira. Por vezes parecia que estávamos na segunda grande guerra. Um monte de rapazotes fardados que cumpriam o serviço militar, mais um monte de gente com um monte de cacarecos que parecia que saíam às pressas da sua casa. Bom, em Espanha a coisa melhorou um pouco. Mas quando chegamos em França, ao norte glamouroso da Itália, que nada tem a ver com o sul, e a Áustria ali sim era a Europa que todos sonhavam; cheia de conforto, instâncias balneares de perder o fôlego. Se não passamos por Cannes andamos lá perto. Mas era o estilo, mas visto da janela da carruagem. O destino era Budapeste.


Eu já tinha bebido coca cola. Claro! Quem nunca! Bom, até 1974 em Portugal não entrava essa água barrenta do imperialismo norte americano. Penso que era proibido. Assim, como nesses países do Leste Europeu até 1989. Quando lá chegamos em 91!!!! Caramba, parecia que estávamos a entrar num filme do Tarantino ou do David Lynch. Nós que vínhamos da terra das bifanas, dos pregos, das sandes de molho e das sopas como comida rápida era só os burgueres e as fritas em estilo "amaricano"! Estavam entregues. O muro caiu, a Perestroika abriu as portas e lá vai " american way of life" para o Leste. Assim os "amaricanos" ganharam com estilo a guerra fria. Não foi só assim, mas o consumismo é onde pega as pessoas. Termos consciência do que consumimos é transformador. E não falo só de como nos alimentamos com comida! Podemos ser vegetarianos, veganos, macrobióticos e nos alimentarmos de pensamentos, sentimentos e ações negativas.

A grande maioria das pessoas ainda quer ter, consumir. É compreensível que a pessoa que nunca teve acesso a nada ou quase nada queira experimentar. Queira ter aqueles sapatos, aquele boné, aquela tecnologia topo de gama como vê nos clipes de música. Aquele carro branco com mulheres em cima dele de peito e nádegas fartas, como se fosse também um produto de consumo. Se formos observar bem, num contexto onde o consumo é exacerbado a mulher, assim como o homem, são aquisições momentâneas e descartáveis.

Então, o que o PT  - Partido dos Trabalhadores - no Brasil fez foi tirar muita gente do limiar da miséria. Estas não se tornaram ricas, "só" saíram de miséria. Criou Pontos de Cultura, democratizou uma série de coisas nomeadamente a educação. O PT também abraçou o discurso de país emergente, enquanto o resto do mundo  ocidental estava em mãos com a especulação imobiliária, taxa alta de desemprego, pessoas nos EUA morando nos carros por não terem como pagar as suas dívidas E o Brasil era emergente. Porquê? As multinacionais e os bancos estavam de olho num dos países mais ricos do mundo, com tecnologia avançada e uma série de recursos naturais. O PT também vendeu a floresta amazônica e também delegou aos ivan bélicos o trabalho que eles deveriam ter feito entre a população, nomeadamente nas periferias. Desmobilizou movimentos sociais. Não abriu mão da corrida ao poder nas últimas eleições. Porque não fez uma coligação? Ou mesmo sem coligação e deu foco em alguém que fizesse frente aquele Coiso?

Agora lá vai bufonada: a classe mérdia não suporta que a maioria da população saia da mérdia, porque querem ser os tais. Os que viajam para a Europa ou para Disney e Miami e comem tomate seco e uma boa posta de carne. E ainda alegam que a escola pública não é boa e eles andaram em escolas distintas, diferenciadas. Essa lógica é mesquinha, mas quando escutamos o que tem para dizer sobre a história do Brasil, as conjunturas sócio económicas e politicas nacionais e internacionais... A pessoa só se pergunta: por onde viajaram e que escolas são essas? Devem ser aulas transmitidas pela Globo.

Enfim, a mudança está na forma consciente do nosso consumo e qual o lixo que produzimos e damos foco. Se estamos sempre a compartilhar coisas negativas para provar que o mundo está errado, talvez não saímos do mesmo lugar. Começar por nós a cultivar mais leveza, cultura da paz, caminhos possíveis de ação como as coisas fixes legais que já se fazem: hortas comunitárias, bancos de tempo, ações culturais e artísticas. Enfim estarmos mais presentes no nosso presente e também contemplar mais, observar mais quem está na nossa frente e que nem nos demos conta por estarmos ininterruptamente na frente do telemóvel, do celular. Esse objeto da democracia capitalista que pode e dever ser usado a nosso favor e não contra nós. Nada como sermos gente de carne e osso, onde os olhos são o espelho da alma. E assim os equivocos, os mal entendidos e acontecimentos fakes virtuais se dissolvam num abraço com a vida.


A Piu
B'Olhão Geralzen Bêerre 06/07/2019



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