O percurso natural de vida dum português normal em território nacional num Portugal transcendentalmente fenomenal
Sonata em dó menor, ou melhor, partitura sem dó
Infância:
“Tas aqui tas a levá-las! Tu mamazas! Pensas o quê? Deixa o teu pai chegar a casa! Tu com ele não fazes farinha! Este miúdo, pá, dá cabo de mim! Tou aqui que nem posso! A cabeça em água! O dia inteiro nisto… Rubeeeeeeen Rafael!!!! O que é que eu te disse?! Olha que levas na boca! O raça do gaiato!!”
Adolescência:
“Esta juventude está perdida! Ali aos beijos no meio da rua! Uma “vargonha”! Anda uma mãe a criar um filho para isto!... tzzzz Ai se fosse meu filho! Ah e elas são pior que eles! Fazem o que querem e andam para aí todas à nua. É o que vêm na televisão. Mostram tudo e elas imitam! Tá tudo perdido! E é só exigir! Ele é o “tenes” de marca, a motoreta… Mas trabalhar tá quieto! E na escola passeiam os livros.”
Idade adulta:
“Olhe, isto é assim: se o senhor não está contente o melhor é pôr-se a andar, mas digo-lhe que não vai ter sorte nenhuma! Sai daqui e não é ninguém! Não se esqueça que lhe estou a dar uma oportunidade de ser alguém na vida. Eu tenho muita paciência para si. O senhor é disfuncional. E veja o lá o que diz e o que faz, porque os seus colegas contam-me. Por isso, é melhor agradecer por ainda cá estar como estagiário há 5 anos. Você sai daqui e não é nada.”
Velhice:
“Coitado, naquele tempo as pessoas não recebiam amor. Tempos duros. Por isso ele é razinza. (…) Glauco Armeneliisssss, deixa o teu irmão sossegado! Olha que eu te chego a roupa ao pêlo!! Não vês que o teu avô precisa de descanso? Olha que levas na boca! Tu a mim não me respondes!”
A piU
Pl, 12 de Julho de 2012
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