quarta-feira, 1 de agosto de 2012

É mesmo o país que temos?

Évora é bonita como sempre. Pena não ter rio ou mar. Quem sabe um lago artificial não ofendesse a mãe natureza?!... Encontro velhos amigos, mas que não são amigos velhos. Velhos amigos que teimam em manter o seu oficio. Mas onde estão os seus colegas de profissão que coabitam na mesma cidade? Revolucionar não será apreciar o trabalho do próximo? De partilhar, de reflectir? Évora é uma terra de lobbies políticos e de vãos protagonismos. Évora e o resto do país. Pena… Volvidos vinte anos volto. De passagem como sempre. Houve tempos que sonhei viver em Évora. Mas quando eu cheguei já deveria ser tarde, como o poeta Almada Negreiros diz, já estava tudo dividido entre os outros e seus descendentes.  Mas o que me faz voltar? O que me faz voltar de passagem? A esperança que alguma coisa mude ou simplesmente a esperança que o pouco que resta se mantenha vivo? Um povo sem manifestações artísticas continua a ter uma identidade? Um povo que não sonha estará condenado ao seu próprio suicídio? Uma morte anunciada, triste porque anunciada.
E perguntou-me: que público é esse que não está habituado ou desabituou-se de assistir a espectáculos? Que público é esse que simplesmente se habituou a um determinado tipo de espectáculos? Qual a sua exigência? Em que lugar coloca a arte e os seus fazedores? Tem direito a exigir?... hhhmmm. Talvez. Aaaaahhhh porque nós temos de dar o que o público quer ou que está à espera? E quanto à arte do palhaço… divirtam-me! A mim e às minhas crianças. Às minhas crianças principalmente que eu assisto de óculos escuros, dormitando. Não me comprometam nas vossas brincadeiras. Que brincadeira é essa? E que compromisso é esse entre o que o público quer e as inquietações dos artistas? Artistas? Que público é esse que considera artistas só os que aparecem na tv? Que artistas e público são esse que se lhes escapou reivindicarem a existência do ministério da cultura e a sua extinção? Entre a cultura do supermercado o subsidio dependência de meia dúzia de amiguinhos, uns com mais mérito que outros, existirá um espaço para os criadores? Que artistas são esses? Investem ou não na sua criação?
Passo por Évora. Por Palmela. Por Lisboa. Pelo Porto. Passo por Portugal e aceno. Digo: até já! Contem comigo para o que precisarem! Mas desta vez para se mudar o capítulo da história, com ganas. Com o tal rigor e generosidade elucidado por uma professora em terras brasileiras.
Talvez seja o partilhar de momentos, de pensar e fazer juntos mais relevante. Mais do que pretender ensinar querer aprender. Mais do que achar que dois dedinhos de conhecimento já chega, desejar saltar ao eixo para lá do imaginável. Começar a dar cor aos cansados luxos que tão falsamente dourados foram estalando.
Todavia, contudo, no entanto tiro o meu chapéu, a minha boina, o meu lenço a quem existe e resiste ao longo de anos, trabalhando e criando nas condições nem sempre favoráveis.
Bom, e aqui vai um abraço especial para os quixoteanos Pim taí! Estamos juntos!

A piU
24 DE Julho de 2012-07-25
"As aventuras e desventuras de Maria Bonita"
Évora/ Portugal, Julho de 2011

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