Por acaso até estou com aquele ar de esquerda festiva da Nova Era de Aquário. Aqui entre o mar, a Mara Atlântica e as cachoeiras vou comemorando na paz o prazer de estar viva e celebrando a vitória da democracia neste imenso Brasil.
Aproveitando o entusiasmo e o alívio vou compartilhar alguns adendos que trago neste peito que pulsa e que habita há 10 anos este território tupiniquim.
Festa e festejar é muito bom, mas ter consciência de que lugar festejamos e quais os privilégios ou ausência dos mesmos é fundamental. A esquerda festiva do oba oba que se esquece que uma atitude social que comprometa uma mulher ou um homem não branco é um desserviço, um mais do mesmo com vestes de somos todos descolados, livres, leves e soltos. Só que há uns que podem ficar mais expostos que outros.
Já a esquerda festiva do carnaval do beijo na boca em todo o mundo é, para mim claro, careta. Transmite algo aleatório, que o que está por detrás é uma enorme insegurança e necessidade de procurar fora para, consciente ou inconscientemente, reproduzir as mesmas desigualdades de gênero que já conhecemos em que o descartável faz parte do combo da lógica capitalista.
Finalmente faço questão de deixar este recado para desiquivocar e eu sentir-me mais bem acolhida em toda e qualquer circunstância. Está se difundindo por aí uma postagem enaltecendo o nordeste que primeiro expulsaram os holandeses e portugueses, agora expulsaram o Satanás. Lá vai resposta aqui da trabalhadora braçal das artes:
Sim, sim botar para correr invasores e exploradores é mais do que um dever de cidadania. Mas é preciso ter cuidado também com discursos de xenofobia, se não vira um ciclo vicioso. Eu como portuguesa a viver no Brasil e a observar a quantidade de bolsonaristas a invadirem Portugal e a quererem viver na Europa, espero que o pessoal da esquerda brasileira exercite esse discernimento.
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