segunda-feira, 2 de agosto de 2021

FOI VOCÊ QUE PEDIU UMA BANANA?


" Eh pá! Vou deixar de ser banana!", " Levas com um banano nas trombas, que nunca mais te esqueces!", " Pensas que isto aqui é a República das bananas?!". Aqui temos, pelo menos três frases idiomáticas de território portuga que definem até um certo ponto todo um espírito do " nosso" ser, da " nossa" essência, além de subtextos outros que são de proteger a nossa penca atrás duma penca de bananas.  Já o "Diário do Banana" é aquela literatura anglo saxónica contemporânea para adolescentes. Dentro dessa literatura eu sou mais " O diário intimo do Adrian Mole aos 13 anos e meio de idade".

Antes de tudo e qualquer coisa devo partilhar aqui que adoro passear em bananais  e tenho um sentimento de alegria identica ao de me abeirar duma cachoeira. Falar de bananas dá pano para mangas, aliás para bananas que são muito amigas desse fruto igualmente tropical, a manga.

Deixar de ser banana é deixar de ser mole, aquele de boa que não coloca limites. Já o levar um banano nas trombas é  enfiar com o ante braço na cara dum outro ser vivente ao ponto de ficar marcado na memória deste. Pacifista, ãh? Já o chamar a atenção que ali não é a República das bananas é um termo eurocentrico pejorativo em relação aos países da América Latina, termo esse inventado pelos subalternos da coroa britânica, aqueles do país do Adrian Mole, que media a sua banana escondida na cueca  e fazia gráficos como medidor da sua virilidade. O Adrian Mole é personagem ficticio da minha idade que aos 13 anos oo seu país estava debaixo  dos mandos da Dama de Ferro,  a Margarida do Tacho. O pobrezinho além de ter essa idade, ter muito acne,  e uma necessidade de afirmação tinha o pai desempregado e alccolatra e mãe era uma doidivanas. Inglaterra nos idos anos 80 entre penteados de bananas, das rockbillies, e as cristas dos punks oriundos da classe operária desempregada. Essa é uma das Europas reais sem glamour.

Desde que me sei gente sempre me cruzei com um livro na estante de casa dos meus pais: "Cem anos de solidão", em que o Garcia Marquez relata as plantações de bananas como investimento latifundiário regado a mortes. 

Ai! Mas porque é eu queria escrever hoje e o texto já vai tão longo e ainda não fui directo ao assunto?  Primeiro porque não considero que eu viva na República das bananas e sim num território brasileiro que é fruto de encontros e desencontros vários e cada vez eu mergulho mais nas suas complexidades e dou razão ao outro que não foi o único a chegar a essa conclusão: " Eu só sei que nada sei".

Também queria prestar aqui homenagem ao querido José Afonso, compositor e músico da resistência portuguesa, que hoje faria 92 anos. ZECA SEMPRE NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO. E aproveito para homenagear em nota de rosapé, pois farei um texto, ao Capitão de Abril Otelo Saraiva de Carvalho que partiu no dia 25 de Julho de 2021, aos 84 anos. Capitão utópico, polémico, mas que devido a ele e aos seus companheiros  saimos do fascismo e deixaram de morrer pessoas numa guerra colonial, do ponto de vista de Portugal, e pela Indeperndencia, do ponto de vista dos países africanos. 

Za ver como conhecer as várias dobras da História de múltiplas complexidades tira-nos  do lugar das certezas e das boçalidades muitas vezes inconscientes? E no final, nunca saberemos de tudo, porque existem os factos e existem os pontos de vista. Só não vale é mentir, difamar e caluniar. Combinado?

Abreijos e até jazz! Agora vou comer uma baninha, mas madura cas verdes precisam de pegar mais sol.

A Piu

Campinas SP 02/08/2021

Crédito: Amanda Dummont

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