Acabei de conhecer este pintor português: Vitor Pomar. Não igualizinho ao seu pai, o famoso artista plástico Júlio Pomar? É verdade, eu não conhecia este senhor. Não se conhece tudo e todes, mas nunca é tarde para conhecermos. O Vitor é um senhor dos seus 72 anos que quando chegou ali aos 21 anos abriu caminho para a Holanda para não servir à guerra colonial, entre Portugal e os países africanos. Ele e muitos outros que tiveram a oportunidade e a coragem de desertar fizeram-no sem poder assim voltar ao país durante muitos anos, por esse mesmo motivo. Já o Júlio Pomar, seu pai,também viveu em Paris como a pintora Vieira da Silva em tempos obscuros no pequenito Portugal. Assim como a pintora Paula Rego que foi direitinho para a Inglaterra, pois o seu pai sabia que Portugal não era lugar para meninas e mulheres naquela época de muito mofo e água benta.
Júlio Pomar pintou até ao fim da vida, não ficava à espera de encomendas. Trabalhava e ponto, como recorda o seu filho que traz a prática da sua espiritualidade para o seu trabalho: budismo zen. Segundo este o pai, um anti fascista como ele mas com fortes probabilidades de ser ateu achava, segundo as palavras do filho, que budismo era coisa para tias que tomam chá. Ahahaha Muito bom. Adoro essas ilações vindas dum sujeito que admiro, como o Júlio Pomar, e agora compartilhadas pelo seu sucessor com a sua própria trajectória que se encontrou na arte da meditação silenciosa trazendo esta para o seu universo imagético, para o seu trabalho. Isso ainda adoro mais! Esvaziar para habitar de imagens que trazem mais clareza e leveza para o viver no individual e no coletivo. Seja como for, o trabalho que faz sentido para nós liberta!
Muito obrigada Pomares, por existirem! Para todos os efeitos um pomar é um lugar onde existem muitas macieiras/ pommes. E a macã é um dos frutos arquétipicos do conhecimento, da sabedoria. Vá.
A Piu
Campinas SP 26/08/2021
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