terça-feira, 24 de agosto de 2021

PLIÊ, DEMI PLIÊ, PIRRO ÉTICA - (con)fusões culturais


Poizé! Eu também já lá estive, duma forma 'negligee', 'en passant' pelo 'ballet'. Eta leleca! Tanto francesismo num só frase! Vou ver se consigo trocar isto por miudezas: Eu também passei pelo balé com a simplicidade e um certo desleixo pela formalidade e suas formatações. 
Vejam-se os pézinhso em terceira posição, mas sem aquele esticar de ponta que o balezu classicu demanda.. Mas é uma boa escola, como outra qualquer se não nos detivermos somente nela. Já os braços e a cabeça anunciam naquele ano de 1982 o movimento grunge e indie. Ihihih Muites perguntarão se fiz parte de algum desses movimentos, anos depois. Pergunta tão recorrente lá em 91, 92: " Que música É Sque curtes? És hippie ou vanguarda ( aquele pessoal que ouvia e ouve The Smith, Joy Division e lá está The Cure entre outres) ? Como na época eu não conhecia o termo hermético só respondia que gostava e goto de muita coisa: desde música experimental, alternativa, à clássica, popular, de vários países nomeadamente brasileira e portuguesa ( você caro ser tropical, conhece música popular portuguesa  de cariz libertário? Hmmm espero que sim porque os libertários portugueses conhecem a música popular brasileira de cariz semelhante e ficamos boquiabertos com a esquerda gourmet que parece que só vai para Portugal para detectar as nossas dívidas históricas e mancadas, que as temos mas essa esquerda gourmet tropical  que se beneficia (in)diretamente do colonialismo, nomeadamente com meritocracia, que lhes concede bolsas e lugares de prestigio na docência universitária em terras lusas. Toma  e vai buscar. Ah! E muitos de nós trabalhadores portugueses qualificados deixamos o "nosso país" sem perspectiva de emprego  nas nossas áreas. Não nos façam de burros, certo raggazos? Não, não nos estão a roubar postos de trabalho. Cada um de nós está onde precisa de estar, por mais desafiador que isso seja. ' Pero ahora, respeitito quius portugueses' não são todos uns malandrões exploradores e obtusos. Ai que esta bailarina grunge saiu-me cá uma. Por isso seguiu a arte da palhaçaria, da buffonaria e outras vertentes do teatro que servem para se revelar e não para se esconder e dissimular.

Mas agora vamos aí aos conterrâneos e às conterrâneas. Já vimos que esta foto data do ano em que a Elis Regina, a primeira mulher brasileira a receber mais do qualquer homem na área., partiu. Em terras lusas essa cantora é muito admirada por muites. Só para avisar da responsabilidade de quem ouve Elis Regina não reproduzir clichezadas acerca de Portugal que roçam o discurso de ódio, mas cordial para tirar dali algum proveito. É ÓBVIO QUE NÃO É TODA A GENTE QUE É ASSIM. Mas aqui entre nós, só para avisar: os brasileiros têm a fama de serem falsos e só quererem levar vantagem. Oooops... E agora? Chato isso, não?
 
Também é chato saber que uma coreografa portuguesa conceituada no meio da Nova Dança que emerge lá nos anos 80 e 90 há pouco tempo falou para um coreografo negro brasileiro que trabalha com a cultura de matrizes africana e afrodiaspóricas  que o projeto dela é pegar no movimento e corporalidades dessas mesmas matrizes, que não há que esquecer que têm um forte cunho de sagrado, espiritual e de resistência identitária, e trazer para a contemporaneidade, para a dança contemporânea (?!?!?!)

Aqui não se trata de lavar roupa suja, mas eu imagino de que coreografa/ bailarina se trata e de facto sempre admirei e respeitei o seu trabalho, mas esta agora demonstra muita coisa, embora até acredite que a dita artista não seja mal intencionada. Assim quero acreditar. Pelo que conheço da história mais recente do meu povo, suas narrativas e bolhas existem aqui duas eixos, talvez hajam mais: a Europa, no geral, e Portugal no particular, há muito de sacralizou-se, tornou-se descrente de quase tudo fruto das inúmeras opressões da igreja católica, do neo liberalismo e do positivismo que considera com cinismo e desdém que as outras culturas são supersticiosas e que o sobrenatural é algo fantasioso próprio duma mente primitiva, logo não contemporânea. Mentalidade colionalista em tempos pós coloniais....

Por outro lado, @s artistes pós modernes dessa mesma sociedade ocidental  estão pouco se importando para o conteúdo. O que conta é a forma, mesmo que nem vejam problema nenhum em se apropriarem de manifestações artísticas de forte cunho ritualístico de povos histórica e recentemente subjugados e aniquilados pela oligarquia do seu próprio povo e mentalidades pequenas dos indivíduos no geral. 

Como artista, se eu estivesse no lugar dessa coreografa como desejaria dialogar com esses artistas, afro descentes ou ameríndios? Primeiro, pedir autorização para conhecer o que eles desenvolvem. Segundo agradecer a generosidade. Terceiro, olhar para a minha ancestralidade e perceber como esta dialoga com a ancestralidade do 'outro'. Quarto, desenvolver algo que nos faça estarmos mais próximos na nossa escuta e olhar. Sem nunca perder de vista que a estética precisa de estar aliada intimamente à ética.

Assim seja. Assim é,

A Piu
Campinas SP 24/08/2021 

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