quinta-feira, 29 de julho de 2021

O NOSSO VERÃO QUENTE DE 75- sobre as pequenas grandes revoluções internas e de consciência

 


Agosto de 75, num qualquer sábado ou domingo desse mês ou até mesmo durante as férias dos meus jovens pais. No meu país de origem vivia-se um dos mais conturbados momentos da História Portuguesa. E aí, minha do galerada do bem, estão a fim de conhecer um cadinho da história de Portugal do lado de lá da barricada? Do lado de lá do lá do lalarala que é do lado povo de brandos costumes que limpou o sebo ao rei Dom Carlos e ao príncipe Luis Felipe em1908, vulgus regícidio, para instaurar a República e anos mais tarde, no ano desta foto, no ano da graça dos senhores de barba, bigode, cabelo grande, patilhas e com muitos "pás" no falar quase se instalou uma guerra cívil entre a malta da esquerda e da malta da direita onde a corda puxada era um vai para lá, vai para cá de reforma agrária para já ou depois, de cooperativas populares e de corportaivismos internacionais. 

A minha mãe era uma comum funcionária pública dos Correios de Portugal. Eu gostava muito de andar vestida e calçada como ela. Sandalita branca, saia em forma de sino e uma blusita casual. Já o cabelo curto era a onda dela e da época. Moda unisexo com feminilidade. Ela gostava de calças e eu nem tanto, pois prendiam-me os movimentos e rodar até não poder mais a saia era uma das brincadeiras favoritas.

Desta época não me lembro do que a minha mãe falava, mas lembro-me de escutar dela, em criança, que as eleições eram uma farsa. Não valia a pena votar, pois 'eles" metiam lá quem 'eles' queriam. Soava um tanto a amargo, mas hoje dou-lhe toda a razão. Embora o mais revolucionário é nunca perdermos a doçura, nem a meninice consciente.A alegria que vem de dentro que não é o mesmo que oba oba é revolucionário. 

Aqui estamos em Sintra, nas emidiações do Castelo dos Mouros ou do palácio da Pena. Sabermos a história do Castelo dos Mouros é uma bela duma viagem para conhecermos outras dobras da História que aOficial não conta. A História da passagem dos Mouros por terras lusas, a perseguição e bamimento dos judeus e etc e tal. Tenho toda a certeza que os nossos ancestrais são mouros ( norte africanos), judeus ( por toda a parte da Europa desda a Rússia até cá a baixo), e muitos e tantos outros povos considerados bárbaros, vindos do norte da Europa. 

Não sei se o tempo é de certezas, mas uma tenho quase como certa: a terra é de todos e não é de ninguém, é de quem se trabalha, por dentro, para honrar quem veio antes e virá depois sem despotismos, nem disputas vãs. Muito menos a História contada por um só viés, por mais bem intencionados que possamos parecer. Abrirmo-nos para a escuta não será um ato de amorosidade? E escaranfuchar o tempo todo só num lado da história e numa só versão muitas vezes distorcida não será um discurso de ódio? Por exemplo, desconhecer que existem pessoas em Portugal que são da classe trabalhadora, muitas pagam impostos sem grandes beneficios, e muita desempregadas e nunca viveram do saque das colónias, como outras pessoas teriam vivido e ainda viverão desses mesmas explorações. Mas é sempre mais fácil limpar a água do capote e procurar um bode expiatório. Mas quando é para cima de quem trabalha... Tão a ver aquela menininha pequenina inocente? Hoje ela levanta a cabeça e diz: " Comigo não! Olarépipu!"

Gratinados por ter chegado até aqui. 

A Piu

Campinas SP 29/07/2021

Sem comentários:

Enviar um comentário