E aí pessoal, malta, galerada comé? 'Tamos aqui para as curvas? Olhem 'quiu' caminho não é a direito! Só p'ra avisar! 'Quem avisa teu amigo é!", já 'dezia' alguém, não só a minha avó ou o meu pai ou outra pessoa qualquer da 'nha intimidade ou não. Às vezes quem não é da nossa intimidade, mas até acha que é ou nós achamos que é por momentos, é que nos vem avisar 'quiu' caminho não é a direito. Ai poizé,barnabé!
Alguém de 'vocesses', de vós outros nasceu duma garrafinha, vulgus tubo de ensaio, ou duma couve? Ou até veio de Paris trazido por uma cegonha e logo 'vocesses' pensaram: " 'Porquéque' a cegonha não me deixou num apartamento chique num qualquer Boulevard da cidade das luzes e veio-me deixar aqui onde o vento faz a curva?"
Pois é, imaginem as cegonhas deixarem todas as criancinhas no Paris da França? O que seria de Tokyo? Da cidade do México, da grande São Paulo aqui 'memo' ao lado?!
Agora fora de brincadeira, não continuando a brincadeira mas falando de coisas sérias! Rir é curativo! Mas depende do riso! 'Vamu' lá combinar!
Ontem, dia 22 de Abril, foi dia do arteterapeuta. Esse dia eu comemorei assistindo a um sarau da associação de arteterapeutas, dando seguimento a uma aula com o querido, nobre, admirável escritor, ambientalista e conferencista brasileiro indígena Kaká Werá cujos pais são do povo tapuia. E diz ele assim, a uma dada altura da aula: " Quando os portugueses chegaram traziam várias crianças órfãs. Deixaram-nas nas aldeias indígenas do litoral. Passados cinco anos voltavam, quando estas já sabiam falar a língua para daí tirarem informações e assim avançarem com o projeto colonizador. A segunda leva foi de degredados. Depois vieram as outras levas."
Olha só! Essa das crianças órfãs eu desconhecia! Mas faz todo o sentido! Filhos ilegítimos fruto de adultérios e relações consideradas pecaminosas entre padres e freiras, padres e beatas, freiras e cavaleiras, tal qual a Mariana Alcoforado. Não consta oficialmente que essa alentejanita de famílias honradas e abastadas tenha engravidado do cavaleiro franciu. Mas, ser lermos o ' Memorial do Convento' do Saramago constatamos os inúmeros cadáveres de crianças jogadas nas profundezas do convento de Mafra, construído com o saque das colónias pela oligarquia do meu querido Portugal, que não deixado ser querido ( não a oligarquia, claro) mas precisa de abrir mais a pestana e reconciliar-se honestamente com os países ex- colonizados. Essa reconciliação passa por adotar outras narrativas, acolhendo e honrando a presença principalmente das pessoas africanas no seu território ao invés de picharem na parede: 'Pretos fora! Vai p'ra tua terra!" ou maltratarem e explorarem no dia a dia. É óbvio que não são todos os portugueses que pensam e agem assim. Mas o que é óbvio para uns nem sempre óbvio para outros. Logo o óbvio precisa de ser lembrado e dito. Principalmente aos brasileiros brancos de origem europeia, seja portuguesa, italiana, alemã e etc, que se acham colonizados e sinceramente, em muitos casos ainda não deu para entender o que conhecem da História do Brasil e da Europa, especificamente de Portugal, nestes últimos 500 anos. Mas acham muito chique e glamoroso irem para a Europa, nem que seja para um vilarejo conservador, tacanho na mentalidade e até precarizado. Por vezes dá a sensação que esse conhecimento é difuso, distorcido em prole duma narrativa oficial que foi sendo construída pelo menos nos dois últimos séculos em que no último ( século XX) foi pautado por duas ditaduras.
Voltarmos às raízes, ao ventre materno. Sabermo-nos vida é importante, logo sabermos que outras vidas são vidas e importam é aquele grande passo para que o encontro de culturas, civilizações sejam feitas em prole da vida e não da subjugação. Há uns quinze mil anos que diferentes sociedades, não só a ocidental, vive no patriarcado. O valor da mulher, do feminino na sua plenitude, o valor da gestação de uma vida igual a tantas outras vidas tem sido colocado para o canto do povoado, da cidade, da casa.
Hoje muitas mulheres de várias etnias e civilizações tomam a voz e a vez através da escrita, da realização de filmes, obras, estudos vários para re existirem e honrarem todas as mulheres que vieram antes delas e que iniciaram essa longa jornada de afirmação e emancipação ou que foram pura e simplesmente caladas e aniquiladas. E as filhas, netas, bisnetas, tataranetas dessas mulheres intuitivamente sabem com quem podem contar ou não. Muitas vezes um homem - vamos agora colocá-lo como descolado, moderno, bixo grilo, letrado ou mais ou menos letrado- pode até viver com uma mulher inteligente, sensível, trabalhadora, talentosa mas como a sua mente está ali tão formatada para ser o comedor de mulheres ( embora não admita que a sua companheira intima fale com um amigo de longa data, para eletudo é insinuação logo asfixia a espontaneidade) e bota o dedo na cara da mesma para a culpar das maleitas do mundo, não se dando conta que essa forma de estar na vida faz parte da maleita que o mesmo critica. Depois existem os sabichões que podem vasculhar a intimidade duma mulher, sem autorização, perseguem-na mas não entendem igualmente p...rra nenhuma acerca dessa mulher. Logo, em ambos os casos temos um perfil de homem fruto dessa lógica de colonizar o corpo, o espirito e alma da mulher. Estes dois exemplos são baseados em vivências minhas com dois homens distintos, por acaso ou não de nacionalidade brasileira. Porém, não posso negar que as mulheres brasileiras emigrantes em Portugal ou em outro país não levem uma vez ou outra ou muitas com homens equivocados com narrativas e práticas idênticas. E você, caro e querido leitor com um pirulito no meio das pernas! Quer ser visto e descrito assim?... Hmmmm espero que não! Um homem emancipado ou disposto a se emancipar é muito sensual e atraente. Vitória a esses, sem maratonas olímpicas!
Chuac! Chuac! Abreijos e até ao próximo texto!
A Piu
Campinas SP 23/04/2021
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