Dizem por aí,por portas e travessas ( Que não sou eu que digo, que eu não sou de intrigas! Mas dizem!) que fazer humor é das coisas mais difíceis. Pode ser... O nosso riso define uma boa parcela de quem nós somos ou como nos encontramos. Uma ex professora, antropóloga, dizia que começamos a conhecer um povo quando entendemos o seu humor. Faz sentido. Sendo que um povo é feito de multipolos humores, porque constituído de múltiplas sensibilidades. Também aprendi na arte da palhaçaria que esta não é a arte de fazer piada e sim da comicidade. Não somos piadistas, isso fica para o stand up commedy, para o teatro de revista e outras linhas de trabalho. Todas elas com a sua devida importância. A arte da palhaçaria, onde existem mil abordagens, como eu aprendi e a desenvolvo é arte de nos rirmos de nós mes@s, das nossas fraquezas, vulnerabilidades, sombras e do que nos oprime. Desvalorizarem-nos, diminuírem-nos, ridicularizarem a nossa dignidade que passa pelo assédio e outros abusos são formas de opressão. Com esse material podemos trabalhar a arte da palhaçaria, do riso, da comicidade.
Ridicularizar uma situação ou um fenómeno estrutural, no caso as relações abusivas, não é é ridicularizar o género homem, ou género mulher, trans. Enfim todos os seres humanos com as suas variadas orientações sexuais. Porque se o fizermos é igualmente abusivo. Então, esta série de textos não tem a ver com menosprezar os homens e os seus genitais, assim como a sua libido. E sim rir de algo que me incomoda, que nos incomoda a muita de nós, nas distinas orientações sexuais,com vista à emancipação, expansão de consciência. Enfim, todos esses termos que nos lembram que somos muito mais que o nosso umbigo e crenças limitantes para irmos deixando de importunar os outros e honrar os encontros.
Vamos então a esta incrível, inspiradora imagem. Este sujeito tem uma forma muito peculiar de usar o seu celular e também tablet. O cuecão já vem com o aparelho, que tem elástico próprio para a finalidade e com isso o sujeito fica com as mãos livres para o seu dia a dia. Há uns que acordam e deitam-se com este kit multifuncional. Filmam seus passo,a cima ou abaixo do genital, também serve de apoio ao genital, para este descansar, porque pensar com a cabeça debaixo cansa muito a si e aos outros seres viventes atingidos com essas pensadices. Em suma, o aparelho pode filmar a partir da perspectiva do genital e do umbigo. Aproveitando a deixa, o sujeito visita sites e contas alheias sem que ninguém perceba, pensa ele. Um dia leu uma daquelas frases de efeito: "Um sabichão acha que todos os outros são burros". Mas logo fez a leitura à sua maneira e inverteu os papeis: "Todos os burros sabem que eu sou muito é sabichão. E ser sabichão dá me poder. "
O sujeito vasculhava e vasculhava, mas o que o afetava nas suas vasculhações de privacidades alheias? O que ele entenderia? Ah! Porque afinal, para o sabichão, mesmo assim as mulheres eram mais burras, escrevera com uma identidade falsa um dia a uma mulher. Esta, em vez de mandá-lo a um lugar com todas as letras sugeriu que meditasse, ao que o sabichão respondeu que meditação era para donas de casa de classe média maltratadas... Olha só! E esta hein? Ouvi dizer que já existem sutiãs para homens para colocarem o seu aparelho tecnológico e passar a enxergar a partir do coração.
Mas há uma ressalva! O uso demasiado de aparelhos tecnológicos junto ao corpo causam efeitos colaterais desastrosos. Mesmo assim o ser humano foi criado antes da tecnologia artificial.
Por hoje é este o contributo para que uma bizarrearia se desfaça e se torne biza ria. Sim, porque mesmo antes das nossas bizas, as bizas das nossas bizas e outras mulheres já tinham que levar com sabichões. Agora, está visto, chegou o momento dum grande basta de tanta besteirada de gosto duvidoso e até amargo. Que o riso seja irreverente e doce como uma fruta madura. Amadurecemos, então.
A Piu
Campinas SP 13/04/2021
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